Paulo Macedo sobre compra do Novobanco: “estamos a analisar essa hipótese”
A CGD está analisar hipóteses que hajam no mercado, disse hoje o CEO da Caixa Geral de Depósitos, acrescentando que “interessam operações quem possam ter sinergias com a CGD, que possam acrescentar valor, que o total seja maior que o somatório das partes e que possa contribuir para a sua relevância”, disse o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos quando questionado se está a analisar a compra do Novobanco.
O banqueiro sublinhou que a compra do Novobanco faz sentido para a CGD se contribuir para a sua relevância pois “se os outros bancos se começam a concentrar a Caixa perderá a sua posição de liderança no mercado”.
“Estamos a analisar essa hipótese, mas o Novobanco escolhe o seu caminho, se faz ou não Oferta Pública Inicial (IPO). Temos uma ideia das condições que seriam necessárias para haver algum interesse mais decisivo [de entrar nessa operação]”, disse o banqueiro que lembrou ironicamente que “onze entidades já se pronunciaram sobre isto”.
“O Presidente do Santander está preocupado que o Novobanco vá parar à CGD, já eu estou mais preocupado que 45% de quota de mercado da banca fique em mãos espanholas”, ironizou Paulo Macedo.
“O acionista já se pronunciou sobre isso e foi claro”, disse o CEO da CGD sobre o facto de Joaquim Miranda Sarmento ter dito que a gestão da Caixa tinha total autonomia se quiser avançar para o Novobanco. Tendo o banco o aval do acionista Estado, a Caixa está a analisar o Novobanco, confirmou hoje Paulo Macedo a notícia avançada em primeira-mão pelo Jornal Económico.
Paulo Macedo sem se quer alongar muito, apesar da pressão das perguntas, disse que para quem estudar a operação, a Oferta Pública Inicial do Novobanco “não é impeditivo de nada”. Isto é, a CGD poderá avançar para a compra do Novobanco apesar do IPO de 30% anunciado pelo CEO Mark Bourke.
“Não me parece que a Lone Star avance com o Novobanco para a bolsa se não tiver um destino final para um último comprador”, disse o CEO da Caixa.
Já sobre o valor dos 5 mil milhões de euros que chegou a ser dado ao Novobanco, Paulo Macedo não se quis pronunciar. Mas disse que “se fossem aplicados os múltiplos que têm sido noticiados nos jornais à CGD teria um valor entre 9 mil milhões de euros e 16 mil milhões”, falando do P/BV (price to bookvalue) de 0,9 e da multiplicação pelo Price-Earning Ratio.
O banco liderado por Paulo Macedo está muito capitalizado o que é visto como uma oportunidade para avançar para aquisições. O rácio de capital CET1 ascendeu a 20,3% (fully loaded) e o rácio total é de 20,5%.
“Este ano a Caixa vai pagar 850 milhões de euros ao Estado, por conta dos resultados de 2024, mas o que a gerou de valor para o acionista foi 2.500 milhões de euros”, sublinhou o CEO. “A preocupação é a melhor alocação do capital” sublinhou.
Sobre as declarações do Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que disse falou em riscos sistémicos de eventual compra do Novobanco pela Caixa Geral de Depósitos, o CEO disse que “não comentava as declarações do Governador”, mas “interpretá-las também não”.
Sobre as mudanças de administração e aprovação no contexto de fit & proper por parte do Banco Central Europeu (BCE), Paulo Macedo disse que “estivemos em contatos com autoridades e há diferentes estágios e ainda não está aprovado”.
Na porta de saída do banco estão Paula Geada (CFO), José João Guilherme (por motivos de reforma), Nuno Martins e ainda Manuela Ferreira, enquanto João Tudela Martins, Francisco Cary e Madalena Talone vão continuar para o novo mandato, segundo avançou o jornal Eco.
Na lista para aprovação de avaliação de idoneidade e adequação à função, estão a antiga presidente do Banco Português de Fomento, Ana Carvalho, Luís Pereira Coutinho, ex-banco CTT, e Bárbara Costa Pinto (filha de João Costa Pinto) e que vem do BPI.
Paulo Macedo foi ainda questionado sobre que destino vai dar à participação de 19% da Águas de Portugal, dizendo que faz parte dos objetivos do Grupo CGD não ter participações que não sejam de banca.
(atualizada)
