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Paulo Pedroso: Aposta do Banco Mundial em África é “grande oportunidade” para empresas portuguesas

“A componente de apoio ao investimento privado é desconhecida de muitas empresas portuguesas”, disse o administrador do Banco Mundial em representação de Portugal.
29 Setembro 2018, 09h41

O administrador do Banco Mundial em representação de Portugal, Paulo Pedroso, disse este sábado à Lusa que o recente aumento de capital do banco e o mandato para apostar em África representam “uma grande oportunidade” para as empresas portuguesas.

“Em termos de apoio ao investimento, há uma reorientação no sentido de aumentar o apoio ao setor privado em África, o que, dada a orientação tradicional das empresas portuguesas, em particular para a África lusófona, implica uma maior atenção do banco para todos estes projetos de investimento, para os quais há uma grande disponibilidade para apoiar”, disse Paulo Pedroso em entrevista à Lusa.

“O recente aumento de capital, em abril, veio acompanhado de um pacote de recomendações estratégicas, que diz que é objetivo do Grupo Banco Mundial, em todas as componentes, dirigir-se para contextos de risco, o que se transmite para as empresas potencialmente interessadas é haver uma instituição com todo o leque de instrumentos de riscos que podem ser mobilizados e orientada especificamente para investir em contextos difíceis, o que é uma grande oportunidade para as empresas portuguesas que queiram investir na África lusófona”, vincou o administrador executivo suplente do Banco Mundial.

Questionado sobre a utilização que as empresas portuguesas fazem dos mecanismos de financiamento ao seu dispor quando decidem investir noutro país, Paulo Pedroso reconheceu que os instrumentos disponibilizados pelo grupo financeiro do Banco Mundial (GBM) não são ainda muito utilizados pelas empresas.

“Quando vão aos concursos financiados pelo GBM, vão pelo conhecimento que têm do mercado, ou seja, estão em Angola e sabem do concurso por Angola, não é uma abordagem estratégica do banco, é sim do mercado onde o banco aparece como financiador”, explicou o antigo governante português.

“A componente de apoio ao investimento privado é desconhecida de muitas empresas portuguesas, mesmo de alguma dimensão”, acrescentou, concluindo que isto se traduz num valor de ajuda abaixo do potencial.

“Isto reflete-se na nossa quota de empresas portuguesas na contratação do Banco Mundial, que foi de 0,3% a nível mundial, quando a nossa quota em termos de tamanho da economia portuguesa é de 0,9%”, aponta, vincando que “há aqui muito espaço para procurar aumentar a nossa participação na contratação, complementando o conhecimento de mercados com uma abordagem mais estratégica da intervenção do GBM”.

O IFC é uma das cinco instituições do Grupo Banco Mundial para ajuda ao desenvolvimento: o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento dedica-se a ajuda os países de rendimento médio, e a Associação Internacional de Desenvolvimento está mais focada nos países de menor desenvolvimento, sendo que ambas estão vocacionadas para apoiar os Estados.

Depois, há duas instituições de estímulo ao setor privado: a MIGA, centrada nas garantias ao investimento, e a Sociedade Financeira Internacional, focada no apoio aos investimentos privados.

Por último, para além do Banco Mundial propriamente dito, há ainda o Tribunal Internacional para os Conflitos de Investimentos.

No último ano fiscal, de julho de 2016 a junho de 2017, o IFC emprestou quase 20 mil milhões de dólares a nível mundial, com a carteira de investimentos em África a ter subido de 10% para 30% do total mundial.

Em abril, o GBM viu o seu capital social aumentado e o seu mandado reforçado na componente de investimentos em países mais arriscados, o que significa que há mais disponibilidade financeira e política para investir nos países africanos, num montante que pode ir de 7 a 10 mil milhões este ano.

O IFC tem um portefólio ativo nos países lusófonos no valor de 241,9 milhões de dólares, cobrindo infraestruturas, mercados financeiros e serviços de manufatura, agornegócios e serviços, sendo que o maior envolvimento é em Moçambique, onde o IFC tem projetos no valor de 184 milhões de dólares, seguido de Angola, com 48,07 milhões.

Segundo os números fornecidos à Lusa pelo IFC, no ano fiscal terminado em junho, o IFC investiu 68,1 milhões nestes países, tendo ajudado a mobilizar 2,8 mil milhões de dólares, “essencialmente para o projeto do Corredor de Nacala”, em Moçambique.

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