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Paulo Portas: “Europa perdeu pódio da inovação e tem sério problema de competitividade”

No âmbito da conferência AED Days 2025, o antigo governante considera que os europeus perderam o pódio da inovação mas “podemos voltar lá com um reforço do investimento e uma relação mais saudável entre capital e ciência”.
3 Junho 2025, 11h48

A Europa perdeu o pódio da inovação e tem também dois sérios problemas para resolver: demografia e produtividade. A convicção foi expressa por Paulo Portas, antigo ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, no evento AED Days 2025, que decorre em Oeiras entre hoje e a próxima quinta-feira.

A 12.ª edição do AED Days decorre sob o tema “The Aeronautics, Space and Defence Industries in the New Global Geopolitics” e reúne o ecossistema português dos setores da Aeronáutica, Espaço e Defesa, juntamente com os principais atores internacionais destas indústrias. O evento constitui uma plataforma para debater os desafios atuais e futuros destes setores e fomentar novas oportunidades de colaboração.

Numa intervenção sobre os desafios da geopolítica e da geoeconomia em 2025, este antigo governante começou por referir quem em poucos anos, a Europa tem vindo a sofrer grandes pressões a partir da pandemia e da guerra na Ucrânia, sem esquecer a eleição “de um protecionista e isolacionista para a presidência dos EUA”. “Crise global é global mas não é simétrica”, recordou.

Paulo Portas considera que os europeus perderam o pódio da inovação mas “se tivermos essa vontade podemos voltar lá, com um reforço do investimento e uma relação mais saudável entre capital e ciência”.

O governante considera que é importante que se tenha em consideração três tendências: a resiliência da economia norte-americana onde a estagflação acabou por não se verificar; um crescimento muito abaixo das expectativas por parte da China e o facto da Europa ter um sério e severo problema de competitividade. E deixou um aviso: “Os europeus não devem esperar que os EUA façam alguma coisa pela Europa”.

Com o mundo envolvido numa guerra tarifária, Portas destacou que a Europa não deve estar interessada no conflito tarifário com EUA e que, no que toca a crescimento económico, “há mais mundo para além dos EUA e China: “Temos a Índia, Brasil, Turquia, Vietname, Indonésia, Bangladesh e outros países que são responsáveis por um terço do crescimento económico mundial até ao final da década”.

Ainda sobre o tema do conflito tarifário, Paulo Portas considera que os EUA “são incapazes de manter uma guerra tarifária com 77 países” e que “a discussão em torno do papel do dólar foi o suficiente para que houvesse um recuo por parte da administração Trump”.

“A Europa tem um problema demográfico, um problema de produtividade e só quatro países estão acima dos 3% no investimento em pesquisa e desenvolvimento: Coreia do Sul, EUA, Japão e China estão acima da média europeia que é de 2,2%. Se quisermos estar no centro da inovação tecnológica, conseguimos”, concluiu.

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