Pedro Baltazar, fundador e presidente da Nova Expressão, é o entrevistado desta semana no programa “Primeira Pessoa”, que será transmitido esta sexta-feira, às 11h00, no JE TV, via site e redes sociais do Jornal Económico. O empresário considera que a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Cofina sobre a Media Capital é positiva para o setor dos media e antecipa que vamos assistir a uma “boa disputa” entre a TVI e a SIC, apesar de identificar uma lacuna nesta última, que é a ausência de rádios no seu portfólio. O líder da Nova Expressão vê ainda algum “aburguesamento” na tomada de decisões do grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão.
Como vê o mercado dos media em Portugal?
Já fui mais pessimista. Tive sempre a convicção que a atualização dos grupos de media devia ter sido feita de forma mais rápida e eficiente. Vivemos muitos anos com grandes grupos, com muitas pessoas, com facilidade em termos de crédito, e o que aconteceu, como noutros setores, impossibilitou esse desenvolvimento. Esta OPA da Cofina sobre a TVI tem, na minha opinião, só pontos positivos já que vai consolidar uma operação dos FTAs (televisão em sinal aberto) em Portugal, que tem de manter uma dimensão razoável. Ao atrair investimento por parte do mercado, traz também os recursos necessários à sua modernização. Vai haver com certeza um grande investimento na TVI e, portanto, vamos assistir a uma boa disputa entre a SIC e a TVI, mas há aqui uma última oportunidade para apostar no digital.
Que boas surpresas observa neste mercado?
Tem havido algumas boas surpresas ao nível deste mercado: o outdoor recuperou os níveis de investimento, o que está relacionado, na minha opinião, com o facto de termos tido um boom de turistas em Portugal. E só há duas formas de entrar em contacto com esses consumidores: via outdoor ou digital. Grandes operadores e importantes empresas de moda têm vindo a fazer um grande investimento de outdoor. A rádio também tem sido uma boa surpresa já que conseguiu adaptar-se completamente ao entorno digital. Nos clássicos grupos de imprensa, não se faz digital sem conteúdos. O que tem que existir, sobretudo para quem tem muito peso no papel.Ou seja, vão ter que encontrar o equilíbrio com o digital que é a grande receita desses grupos. Em relação ao cabo, tem que haver mais aposta no digital, com gestores mais modernos, e nós, agências de meios, cá estaremos para compensar esse esforço.
Como encarou a resistência referente à OPA à Media Capital?
Creio que o antigo movimento Altice teria para o mercado outro tipo de questões mais discutíveis, daí a resposta negativa das autoridades de regulação. O que há com esta OPA é um grupo que quer atuar em termos de FTAs, que tem uma operação de cabo relativamente limitada, que vai ter rádios. Creio que a SIC vai ter que responder. A SIC deveria ter rádio e assim estar noutros conteúdos. Durante alguns anos, o grupo Impresa aburguesou um bocado a tomada de decisões e creio que a Impresa deveria ter dado passos mais rápidos, mas agora vamos ter uns momentos mais animados na disputa pela liderança. Para as agências de meios, estes movimentos de mercado são sempre desafiantes.
Há novas formas de consumir conteúdos. Como é que as agências de meios se adaptam a essas novas tendências?
Nos jornais digitais, posso dizer que a publicidade continua a atingir esses consumidores. Nas operações de streaming existe uma quase renúncia à publicidade e esse é um problema. É preciso não esquecer que a publicidade é parte integrante na construção das marcas, não pode haver um estigma em torno da publicidade. Essa posição das plataformas está a impedir o consumo de alguma publicidade. Ora, o digital permite-nos um maior foco na forma como se direciona a publicidade para o consumidor. Não sei como vamos resolver isto do streaming, mas estou com alguma curiosidade. Pessoalmente, sou um bocadinho teimoso. Nunca vi nenhuma série nessas plataformas.
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