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Pedro Calado: “O Funchal é uma cidade sem investimento que não consegue atrair nem criar postos de trabalho”

O candidato do PSD/CDS-PP acusa o atual executivo camarário de “atabalhoamento de decisões que só vem prejudicar a população”, e rejeita que o Governo Regional, do qual foi vice-presidente, tenha “obstaculizado e prejudicado o desenvolvimento no concelho do Funchal”, reforçando que o Governo Regional “foi a entidade que mais ajudou a cidade do Funchal a crescer”.
17 Setembro 2021, 07h45

O candidato do PSD/CDS-PP à câmara do Funchal e antigo vice-presidente do executivo madeirense, Pedro Calado, em entrevista ao Económico Madeira, considera que basta olhar para as duas gestões para se perceber a diferença entre si e Miguel Gouveia, atual presidente da Câmara do Funchal e candidato pela Coligação Confiança.

Pedro Calado considera que o Funchal é atualmente, na liderança de Miguel Gouveia, “uma cidade sem investimento, que não consegue atrair nem criar postos de trabalho” ao contrário do passado de “desenvolvimento económico, redução de carga fiscal, e de melhoria de condições de vida da população” quando a autarquia era dirigida por Miguel Albuquerque e onde Pedro Calado era membro do executivo municipal.

O candidato do PSD/CDS-PP rejeita as acusações de que o Governo Regional “obstaculizou e prejudicou” o desenvolvimento no concelho do Funchal, ao afirmar que o Governo Regional, do qual foi vice-presidente, “foi a entidade que mais ajudou a cidade do Funchal a crescer”.

O que o distingue de Miguel Gouveia?

Penso que há muitas características que nos distinguem. Não gosto de falar bem, nem gosto de falar mal. Gosto que as pessoas avaliem por aquilo que é o nosso passado. Não me ficaria bem estar a julgar ou a criticar positivamente ou negativamente os outros ou até a mim próprio. Basta olhar para trás, para os últimos anos, quatro, cinco, oito anos, ver o que cada um fez pelos sítios por onde passou.

Do meu lado as pessoas sabem o que eu fiz na Câmara do Funchal enquanto lá estive durante oito anos, e sabem o que fiz nos últimos quatro anos de governação, quando tive com as responsabilidades governativas. Há um passado de crescimento, um passado de desenvolvimento económico, um passado de redução de carga fiscal, e de melhoria de condições de vida da população.

Do atual presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Gouveia, aquilo que nós vemos, nos últimos oito anos, em que o PS esteve na governação do Funchal, aquilo que vemos e que resultou, dessa gestão camarária, é que tivemos uma cidade mais envelhecida, empobrecida, uma cidade com grandes problemas, sobretudo de manutenção das suas infraestruturas. Nunca assistimos a tantos problemas na rede de água e de saneamento de águas. Todos os dias há ruturas de água no concelho do Funchal.

É uma cidade sem investimento, que não consegue atrair nem criar postos de trabalho. O licenciamento de imóveis demora uma eternidade, o Plano Diretor Municipal (PDM) precisa de ser revisto com urgência, porque há zonas que foram muito prejudicadas com esta última revisão. Em certas zonas das zonas altas para construir reservatórios de água é uma burocracia transcendental que as pessoas não conseguem construir nem dinamizar os seus pequenos terrenos.

Julgo que a cidade do Funchal nunca esteve tão mal. E basta as pessoas olharem para o passado para perceberam que não se pode gerir uma cidade da forma como está a ser gerida. Neste momento perto das eleições toca a esburacar a cidade toda do Funchal. Toca a repavimentar e a tapar buracos como se o mundo acabasse a 26 de setembro. Tomam-se decisões em cima do joelho. A construção da ciclovia é um dos bons exemplos. Em plena zona hoteleira, faz-se congestionamento total do trânsito, prejudicando os hoteleiros, os taxistas, o comércio que lá está, em detrimento de uma mini ciclovia que não tem mais do que 500 metros, e nesses 500 metros até têm docas de autocarros, em que os autocarros entram dentro da ciclovia para tomar os passageiros. E é uma ciclovia inexistente, porque não tem 500 metros de extensão, e nesses 500 metros raramente se veem bicicletas a circular. É uma falta de oportunidade, e uma falta de conhecimento prático e de realismo de gestão municipal que está aos olhos de toda a gente. Quando as aulas começarem o caos vai ser dramático e caótico. E aí sim estou para ver como a Câmara Municipal do Funchal vai agir com as filas de trânsito monumentais que têm estado a existir. Se houver um problema de incêndios, um problema de socorro urgente, o trânsito não consegue fluir daquela Estrada Monumental para o centro do Funchal.

E aquilo que se vê nesta gestão camarária é um atabalhoamento de decisões que só vem prejudicar a população. Penso que essa vai ser a nossa grande diferença, e a grande diferença que estamos a falar das duas gestões e daquilo  que se pretende para a gestão camarária penso que é bem notória a diferença entre os dois candidatos.

Em entrevista ao Económico Madeira, Miguel Gouveia dizia que Pedro Calado era o responsável pelo bloqueio ao Funchal ….

Eu sai da gestão camarária em 2013. Já estamos em 2021. Essa acusação revela bem por um lado o nervosismo, e a incompetência da gestão camarária que existe neste momento. Como é possível em 2021 ainda estar a falar de coisas que se passaram em 2012 e 2013. Em oito anos que eles lá estiveram não conseguiram melhorar nada, não conseguiram fazer nada. Só vejo essa afirmação como afirmação de nervosismo, e de grande incompetência das suas equipas. Eu tenho muito orgulho na equipa que estamos a apresentar, porque são pessoas competentes, como seriedade, com profissionalismo, com lealdade, que demonstram muita experiência camarária, coisa que não acontece com a equipa que Miguel Gouveia está a apresentar.

Ele que fala tão bem das equipas que praticamente todas as pessoas que o acompanharam foram todas postas no olho da rua, à exceção de uma ou outra pessoa que o vai acompanhar porque são amigos pessoais deles que lá vão estar.

É uma pessoa que nós temos visto, e assistido nos últimos meses, é uma pessoa que trabalha sozinha, aparece sempre sozinho, e não tem confiança nas suas equipas.

Comigo as coisas não funcionam assim. Eu trabalho muito em equipa, trabalho com as pessoas, trabalho para as pessoas. Aquilo que eu pretendo é uma gestão a toda a área de governação mas que seja complementar. Temos que nos ajudar todos uns aos outros.

Miguel Gouveia dizia que este bloqueio era através do Governo Regional, e dos vereadores do PSD …

Nós sempre ajudamos. Por exemplo a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) do Funchal. A ETAR do Funchal foi resolvida através do Governo Regional. Eles tiveram anos para tomar decisões sobre onde queriam construir a ETAR do Funchal. Penso que as pessoas se lembram que uma das soluções que eles apresentaram para  fazer a ETAR do Funchal, era em cima do campo do Liceu. Eles queriam rebentar com o campo do Liceu, uma escola centenária, por onde passaram imensas gerações, queriam destruir o campo do Liceu, para fazer ali a ETAR. É evidente que o Governo Regional não podia compactuar com este tipo de decisões. Foi quando incentivamos a criação da ETAR, na zona onde agora vai ser agora desenvolvida, que é a zona do Lazareto, que foi o próprio Governo Regional que resolveu os problemas dos terrenos. É uma prova em como nós não boicotamos serviço nenhum. Se olhar bem para os investimentos no concelho do Funchal, a grande maioria dos investimentos, desde infraestruturas escolares, rodoviárias, de acessibilidades, de muros de contenção, de segurança das populações, de infraestruturas, foi o Governo Regional que fez.

Nós não precisávamos de contratos-programa para que a Câmara fizesse as obras que tinha que fazer, e que não fez, com o dinheiro do Governo Regional. O Governo Regional fez esses investimentos no concelho do Funchal. Se eles não fizeram foi por incompetência deles.

Agora não podem é dizer que o Governo Regional obstaculizou e prejudicou o desenvolvimento no concelho do Funchal. Não. O Governo foi a entidade que mais ajudou a cidade do Funchal a crescer. Aquilo que dependeu da Câmara do Funchal foi sempre um mar de problemas e de dificuldades.

Um bom exemplo é que nós, Governo Regional, estivemos três anos á espera que o concelho do Funchal se decidisse sobre a gestão dos Horários do Funchal, dos transportes públicos.

Os trabalhadores dos Horários do Funchal iam perdendo os ordenados e os vencimentos,  porque os senhores da Câmara não decidiam sobre a gestão municipal dos Horários do Funchal.

Até que conseguimos resolver o problema em 2018 e pusemos os Horários do Funchal com um programa de investimento, com aquisição de novos autocarros. E depois passa-se essa mensagem que parece que o Governo é que prejudicou. Não. O Governo é que ajudou e muito o próprio concelho do Funchal. E só o concelho do Funchal não fez mais porque não quis.

Outra das afirmações que Miguel Gouveia fez era de que aqueles que deixaram a Câmara do Funchal quase em pré-falência querem agora voltar ….

Eu não sei o que é o estado de pré-falência. Quando nós saímos do concelho do Funchal o Funchal tinha sim, o tão famoso número que a oposição critica, nós tínhamos 100 milhões de euros de passivo. Esses 100 milhões de euros representam um ano de orçamento da Câmara Municipal. Eu sempre disse, e já dizia na altura que bastaria dois anos sem a Câmara fazer nada e conseguia-se pagar as dívidas da Câmara Municipal do Funchal. E a prova é que esta gestão, este executivo, de dois mandatos do PS, praticamente não fizeram nada. Reduziram sim muito a dívida da Câmara. É verdade. Beneficiaram do Programa de Ajustamento Económico Local (PAEL) que foi feito por nós, fomos nós na nossa vereação em 2012 e 2013 que fizemos essa gestão do PAEL. Em que a Câmara  do Funchal foi a que mais beneficiou de todos os municípios a nível nacional. Aquilo que estes senhores fizeram na Câmara foi dar cumprimento ao programa de ajustamento económico local que nos assinamos e que fizemos no nosso tempo. A grande diferença é que eles estiveram oito anos sem fazer qualquer investimento no concelho do Funchal.

E mais vale ter uma câmara com dívidas, mas que há investimento para a população. E quando falamos aqui em investimento, é ter as estradas boas, é ter passeios e muros de suporte, termos uma habitação social correta para a população, ajudarmos os comerciantes a manter a carga fiscal municipal que existe neste momento, apoiar os transportes públicos, dar benefícios à população. Não haver a rutura de água e de esgotos que existe neste momento. Todos os dias nós assistimos, sobretudo na zona balnear, na zona hoteleira, na zona onde temos mais turistas. O CNF apresentou uma queixa contra terceiros porque as águas do mar estão constantemente contaminadas. E isso vem donde? Isso vem da mistura da rede de esgotos com a rede de águas pluviais. E isso é por falta de manutenção que a Câmara Municipal tem tido.

E isto é que a população tem de perceber que de nada serve reduzir uma dívida de uma Câmara se não há investimento na melhoria das condições da população. Eu prefiro ter uma Câmara com mais dívidas, como nós tínhamos na nossa altura. Havia dívidas, mas era uma dívida controlada, e uma dívida passível de ser paga, e foi cumprida, mas havia muito investimento no concelho do Funchal.

Nós trazíamos promotores imobiliários, incentivamos o aparecimento de postos de trabalho, fazíamos a melhoria das estradas, desenvolvemos habitação social em bairros sociais e na zonas altas do Funchal, tornamos a acessibilidade possível e os transportes públicos, redes de água, esgotos, eletricidade às populações das zonas altas. Quem é que fez esse desenvolvimento todo? Foram os governos do PSD.

Estes senhores em oito anos pararam o investimento na cidade do Funchal. E isto não é aquilo que a população precisa. A população precisa é que os seus impostos sejam derramados em investimento municipal, na melhoria das condições de vida. E é isso que nós pretendemos fazer.

Como se gere esta questão da dívida?

Eu estive oito anos no Funchal, e quando entrei na Câmara do Funchal, em 2005, já a Câmara do Funchal tinha dívidas. As dívidas não apareceram em 2005 nem em 2009. A Câmara já tinha dívidas. O que nós fizemos foi pagar essas dívidas mas mantendo o nível de investimento e reduzindo a carga fiscal. E aquilo que nós fizemos no Governo Regional nos últimos quatro anos foi fazer exatamente o mesmo.

No Governo Regional nós reduzimos 23% a dívida bruta mas mantivemos o nível de investimento público. Ninguém sentiu em períodos de pandemia a redução em termos de investimento público.

Nós mantivemos o nível de investimento público em toda a região, durante todos os anos. E aquilo que se pretende na Câmara é exatamente fazer o mesmo.

É investimento público, dar condições de vida à população, as pessoas sentirem que o dinheiro dos seus impostos estão a melhorar as suas condições de vida, apoiar socialmente quem precisa, e fazer a redução da sua dívida.

Naturalmente ninguém quer, nem ninguém vai trabalhar, para fazer um crescimento da sua dívida sem investimento público. Estes senhores são tão inconsistentes no seu diálogo político que este senhor presidente, agora para fazer obras, contraiu um empréstimo de 10 milhões de euros na banca. Ele está também a aumentar a dívida da Câmara. Porque? Porque é impossível fazer investimento público, e reduzir a dívida, sem contrair empréstimos. No fundo ele está a fazer exatamente aquilo que se fez sempre. Só que o discurso político deles é um discurso que é contraditório aquilo que deve ser feito e aquilo que pode caraterizar positivamente um discurso político coerente e consistente. Não é aquilo que estes senhores têm feito.

Edição do Económico Madeira de 10 de setembro

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