O líder do PS indignou-se hoje com o Chega, que acusou de ser “um bando de delinquentes” que não respeita ninguém e levou “má educação e grosseria” ao parlamento, considerando que é preciso “dizer basta”.
Pedro Nuno Santos fez hoje duras críticas ao partido de André Ventura na sequência do incidente com a deputada do PS Ana Sofia Antunes no plenário na quinta-feira, quando a deputada do Chega Diva Ribeiro acusou a socialista Ana Sofia Antunes, que é cega, de só conseguir “intervir em assuntos que, infelizmente, envolvem deficiência”, tendo depois sido relatados insultos dirigidos à bancada do PS como a palavra “aberração”.
“Eu já o disse uma vez e digo novamente. Nós temos um bando de delinquentes no parlamento que não respeitam ninguém, não respeitam os colegas de trabalho, não respeitam o parlamento, não respeitam os jornalistas, não respeitam quem lhes paga o salário que são os portugueses”, acusou.
Para o líder do PS, o Chega levou ao parlamento “má educação, má criação, grosseria”, referindo que, se “em qualquer emprego, quem passa os dias a insultar os seus colegas de trabalho o mais provável é ter um processo por despedimento ou mesmo um despedimento”.
“Temos por uma vez por todas de dizer basta ao Chega e quem votou no Chega e tem uma grande adesão à ideia do cumprimento da lei, das regras, da ordem, que fique a saber que os deputados que elegeu não têm o menor respeito nem pela ordem, nem pelas regras nem pela lei”, defendeu.
“A indignação com um conjunto de deputados que não tem o menor respeito pela Assembleia da República e pelos portugueses que todos os dias lhe pagam os salários”, disse.
O líder do PS escusou-se a fazer qualquer reflexão adicional sobre o posicionamento do presidente da Assembleia da República, afirmando que a líder da bancada socialista, Alexandra Leitão, já o tinha feito na conferência de imprensa desta manhã.
“Eu queria manifestar esta indignação contra pessoas que não respeitam nada nem ninguém”, reiterou.
Pedro Nuno Santos afirmou que “os apartes regimentais existem e fazem parte do debate parlamentar”, mas têm que ser feitos “com educação e respeito”, frisando que desde 1975 “há todo um histórico sobre a forma dos deputados do PS se comportarem na Assembleia da República”.
“Aquilo que nós estamos a assistir é novo e o pior que nós fazemos é estar a equiparar, a fazer de conta que é mais ou menos o mesmo que acontece com as outras bancadas. Não é. Temos que dizer basta a quem se comporta desta maneira”, defendeu.
Alexandra Leitão anunciou que o PS vai propor alterações ao código de conduta dos deputados para incluir novas sanções e pretende que o presidente da Assembleia da República peça desculpa à deputada Ana Sofia Antunes, em nome do parlamento.
Alexandra Leitão disse que após as declarações da deputada do Chega foram ouvidos apartes, com o microfone desligado, nos quais se pôde ouvir expressões como “aberração, isto não é uma esquina, pareces morta, és uma drogada”, dirigidas à bancada socialista.
Sobre o projeto que o PS irá apresentar, a líder parlamentar apontou vários exemplos noutros parlamentos como inibição de usar a palavra e até sanções pecuniárias.
“No Parlamento Europeu pode incluir a censura, pode incluir a retirada da palavra durante um determinado período de tempo, pode incluir a interrupção da suspensão dos trabalhos, pode incluir a suspensão temporária de participação com a correspondente perda monetária, pode incluir muita coisa e estamos a estudar todas estas soluções”, disse.
Segundo Alexandra Leitão, era bom que se pudesse continuar a viver com as regras que existem atualmente, responsabilizado o Chega por tal já não ser possível.
A deputada do PS envolvida no incidente acusou hoje o Chega de ter desrespeitado e ofendido a si e a todas as pessoas com deficiência, considerando que este “livre-trânsito disfarçado de suposta liberdade de expressão” não pode continuar no parlamento.
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