Ambição, foco total no trabalho e rigor. Estas são algumas das características apontadas a Pedro Proença por alguns daqueles que o conhecem bem e que têm acompanhado o presidente eleito da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) ao longo dos anos.
Pedro Proença vai presidir à FPF no quadriénio 2024-2028, transitando da liderança da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), tal como o antecessor Fernando Gomes, ao bater Nuno Lobo nas eleições que tiveram lugar na passada sexta-feira.
Pedro Proença recolheu 62 votos entre os 84 delegados que votaram na Assembleia Geral eleitoral do organismo que rege o futebol nacional, contra 21 de Nuno Lobo, que presidiu nos últimos 13 anos à Associação de Futebol de Lisboa, tendo havido também um voto em branco, segundo o presidente da Assembleia Geral da FPF, José Luís Arnaut.
O antigo árbitro, de 54 anos, formado em gestão, deverá renunciar ao cargo de presidente da LPFP, para o qual foi eleito pela primeira vez em 2014 e cumpria o terceiro mandato até 2027, até segunda-feira, véspera da cerimónia de posse dos novos órgãos sociais da FPF.
Diz quem o conhece que é viciado no trabalho e que tanto pode estar reunido muito cedo como pode combinar reuniões para uma hora adiantada do dia, muitas vezes em prejuízo da sua vida pessoal. O antigo árbitro coloca sempre uma tónica de grande rigor em todas as tarefas a que se propõe e quem lhe está próximo não tem dúvidas: a FPF não será a última etapa na vida de dirigente desportivo no caminho de Pedro Proença.
Nomeado presidente da Associação de Ligas Europeias em novembro de 2023, Pedro Proença tem vindo a conquistar a admiração de muitos dirigentes europeus que encaram o recém-eleito presidente da FPF como um sério candidato a render Aleksander Čeferin na liderança da UEFA ou mesmo Gianni Infantino no comando da UEFA. “Pedro Proença deverá ficar na Federação até 2030 e depois dar o salto para a UEFA ou mesmo para a FIFA”, confessam ao JE algumas personalidades próximas do dirigente.
Gerar receitas e geri-las bem
Este foi um dos grandes trunfos da presidência de Fernando Gomes e vai manter-se como repto para a próxima direção liderada por Pedro Proença, dirigente que conseguiu que a Liga Portugal atingisse lucros em todos os exercícios desde 2015. No eixo financeiro, e da solidez das contas da FPF, fontes contactadas pelo JE consideram que vai ser difícil melhorar muito mais o que foi feito durante os últimos anos mas é de esperar um foco muito grande no que diz respeito à governance e transparência. Desportivamente, é de esperar algo muito semelhante ao que foi atingido em 2016 com a conquista do Europeu e há aqui há duas datas fundamentais: os Mundiais de 2026 e de 2030, que conta com a co-organização de Portugal.
Para 2026, há quem aponte que o primeiro grande desafio chama-se Cristiano Ronaldo. A seguir à Liga das Nações, vai-se colocar a questão associada à gestão do craque português: da forma como se gere o jogador mas também as expectativas passando pela forma como se vão conciliar os recordes que CR7 quer bater com a performance coletiva a equipa. Associada à prestação desportiva, estará sempre a questão financeira: a marca Cristiano Ronaldo continuará a garantir patrocinadores, contratos mais avultados e valores elevados nos prémios dos jogos amigáveis.
Na FPF, Pedro Proença vai gerir um orçamento de 120,4 milhões de euros, o maior de sempre na história da organização. Em junho do ano passado, a Assembleia Geral deste organismo aprovou este orçamento por unanimidade, com Fernando Gomes a anunciar a previsão de um lucro de 7,1 milhões de euros, mais 5,6 milhões do que aquele que foi atingido na época 2023/24. Em relação aos rendimentos, a maior fatia que a FPF vai garantir está relacionado com as atividades desportivas (48 milhões de euros), com os direitos televisivos, patrocínios e verbas comerciais a atingirem 53 milhões de euros, mais 10,5 milhões do que o montante conseguido na época anterior. De resto, Fernando Gomes e a sua equipa transformaram a FPF num caso sério no que diz respeito ao ciclo de bons resultados financeiros com exercícios sempre com resultados positivos, assim como com a criação da Cidade do Futebol, em Oeiras e a implementação do Canal 11.
Árbitro com feito inédito em 2012
Proença estava desde 2015 na liderança da Liga Portugal, o mesmo ano em que se retirou de uma bem sucedida carreira como árbitro que tinha iniciado em 1998. Nos 17 anos em que se notabilizou na arbitragem em Portugal, doze dos quais fê-lo sob a insígnia da FIFA e em 2012 atingiu um feito inédito: foi o primeiro árbitro a dirigir a final da Liga dos Campeões e do Europeu de futebol, terminando esse ano com a distinção de “Melhor Árbitro do Mundo” com a conquista do Prémio IFFHS.
Liga Portugal: Nove anos consecutivos sempre com lucros
Quando foi eleito presidente da Liga Portugal em 2015, o antigo árbitro prometeu a recuperação da sustentabilidade económica e financeira desta entidade que alberga todos os clubes profissionais de futebol. Em setembro deste ano, a direção da Liga Portugal aprovou o relatório e contas da última época em que consta o segundo maior lucro de sempre da história da instituição: 2,6 milhões de euros, mais do dobro do que estava orçamentado. São nove anos consecutivos de resultados positivos com um recorde em 2015/16, época que terminou com um lucro de três milhões de euros. Pedro Proença acabaria por ser reeleito em junho de 2019 e reconfirmado de forma unânime em junho de 2023. Poucos meses depois, assumiria o cargo de presidente das Ligas Europeias e uma posição frontalmente contra a SuperLiga europeia.
Pedro Proença deixa a Liga Portugal a três anos de entrar em vigor a centralização dos direitos televisivos em Portugal (prevista para 2028/29) e deixa como legado a aprovação do novo modelo de governação da Associação das Ligas Europeias e a inauguração a 13 de dezembro da Arena Liga Portugal, a nova casa do organismo que custou 18 milhões de euros.
O que poucos sabem é que Pedro Proença formou-se em administração de empresas e chegou a ter uma carreira bem sucedida como empresário e administrador de insolvências. Devido à presidência da Liga Portugal, este responsável assumiu ainda um cargo de direção no Conselho Geral da Confederação Empresarial de Portugal.
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