Quando José Sócrates exerceu o cargo de ministro adjunto do primeiro-ministro António Guterres, entre 1997 e 1999, Pedro Silva Pereira foi assessor jurídico no gabinete de Sócrates. Quando o mesmo Sócrates ascendeu ao cargo de ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, no segundo Governo liderado por Guterres, entre 1999 e 2002, Silva Pereira assumiu as funções de secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza.
E assim sucessivamente, como duas linhas entrelaçadas, ambos deputados à Assembleia da República entre 2002 e 2005, na bancada parlamentar do PS, e entretanto Sócrates conquista a liderança do partido em 2004 e torna-se primeiro-ministro no ano seguinte, coadjuvado por Silva Pereira no cargo de ministro da Presidência, entre 2005 e 2011. As linhas separam-se apenas em 2014: Silva Pereira é eleito eurodeputado em maio, ao passo que Sócrates é detido no âmbito da “Operação Marquês” em novembro.
No entanto, os meandros da “Operação Marquês”, mediante a qual Sócrates está acusado de 31 crimes – corrupção passiva de titular de cargo político (3), branqueamento de capitais (16), falsificação de
documento (9) e fraude fiscal qualificada (3) -, não deixaram de envolver Silva Pereira. A sua mulher, Ana Bessa, “foi interrogada pelo Ministério Público. Em causa está uma avença mensal que durante um ano recebeu de uma empresa de Carlos Santos Silva”, noticiou o jornal “Sol”, a 29 de abril de 2017.
“Os investigadores suspeitam que essa foi uma das formas utilizadas por José Sócrates para fazer circular o dinheiro com origem em contrapartidas ilícitas que terá recebido enquanto esteve à frente do Governo. (…) Ouvida no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em fevereiro passado, Ana Bessa prestou declarações no âmbito da ‘Operação Marquês’. Foi confrontada com contratos de prestação de serviços à XLM-Sociedade de Estudos e Projetos, empresa do universo de Carlos Santos Silva, suspeito de ser o testa-de-ferro de Sócrates, sendo também, segundo o ‘Sol’ apurou, interrogada sobre despesas que o ex-primeiro-ministro suportou com o seu filho, Gonçalo Pereira, enquanto este estudou em Paris”, revelou o mesmo jornal.
Essa ligação tóxica entre Silva Pereira e Sócrates não obstou a que o PS voltasse a incluir Silva Pereira na lista de candidatos ao Parlamento Europeu nas eleições deste ano, na terceira posição. Ora, Silva Pereira manteve uma presença discreta ao longo da campanha eleitoral, mas após a reeleição surgiu como candidato à vice-presidência do Parlamento Europeu. E hoje foi confirmada a sua eleição como segundo vice-presidente.
O segundo mais votado
Silva Pereira foi o segundo candidato mais votado, de um total de 17, tendo obtido 556 dos 702 votos expressos, bem acima da maioria absoluta necessária (331). “Estou naturalmente muito satisfeito com a votação, dificilmente podia ter sido melhor”, afirmou o eurodeputado socialista, acrescentando que a eleição “valoriza a voz de Portugal na Europa” e é “um importante reconhecimento internacional do trabalho” que tem desempenhado.
De acordo com a biografia disponibilizada na sua página oficial, Silva Pereira nasceu em Lisboa, em 1962. É Mestre em Direito (Ciências Jurídico-Políticas) pela Faculdade de Direito de Lisboa, da Universidade de Lisboa (desde 1993), tendo-se também licenciado em Direito (Ciências Jurídico-Políticas), naquela mesma Faculdade, em 1985.
Jurista e docente universitário, é assistente da Faculdade de Direito de Lisboa (Grupo de Ciências Jurídico-Políticas), onde exerce funções docentes desde 1984 (agora suspensas). Foi também professor auxiliar da Universidade Autónoma de Lisboa, no curso de Direito e docente da Universidade Lusíada em cursos de pós-graduação. Exerceu ainda as funções de editor executivo de Informação da TVI (1992-1996) e de consultor jurídico no Ministério do Ambiente em diversos organismos, serviços e gabinetes governamentais, entre outras atividades profissionais.
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