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Pequenos acionistas pedem à CMVM suspensão da OPA da Sodim à Semapa

“Surpreendentemente a Navigator adiou recentemente a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2021 para 28 de maio, sem qualquer justificação ao mercado. A Semapa seguiu idêntico procedimento e transferiu a apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2021 para 30 de maio”, apontou, em comunicado, a Maxyield.
19 Maio 2021, 17h08

A Maxyield – Clube dos Pequenos Acionistas solicitou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a suspensão da oferta pública de aquisição (OPA) da Sodim à Semapa, até que esta empresa e a Navigator divulguem resultados.

“Surpreendentemente a Navigator adiou recentemente a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2021 para 28 de maio, sem qualquer justificação ao mercado. A Semapa seguiu idêntico procedimento e transferiu a apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2021 para 30 de maio”, apontou, em comunicado, a Maxyield.

Para os pequenos acionistas, as duas empresas querem “esconder do mercado os resultados” antes da conclusão da OPA, prevista para 26 de maio.

Assim, a Maxyield solicitou, na terça-feira, ao regulador do mercado “a suspensão da OPA da Sodim à Semapa por prazo compatível com o cumprimento da divulgação da informação prometida ao mercado pela Navigator e Semapa, bem como a respetiva avaliação pelos acionistas e investidores”.

Conforme sublinhou o Clube dos Pequenos Acionistas, o comportamento bolsista da Navigator, detida em 70% pela Semapa, “incorpora boas perspetivas”, apresentando um crescimento de 29% desde janeiro.

No entanto, e tendo em conta que “historicamente a ação da Semapa acompanha a evolução da ação da Navigator”, esta valorização revela a “fragilidade do preço da oferta da Sodim na OPA e a falácia do prémio anunciado”.

A isto soma-se o comportamento da Semapa no mercado bolsista, “cuja cotação, após o pagamento dos dividendos, se encontra tendencialmente acima do preço da oferta na OPA”.

A Maxyield estimou ainda em 300 milhões de euros o valor que a Sodim “se apropriaria dos restantes acionistas” pela compra do capital.

“A informação devida ao mercado e a tranparência de processos encontram-se comprometidos e, com isso, a credibilidade nacional e internacional do mercado de capitais português na vertente acionista. A CMVM, no âmbito da sua atividade reguladora e de supervisão, tem a obrigação de velar pela transparência e credibilidade do mercado, exigindo o cumprimento dos calendários atempadamente transmitidos e a divulgação das informações devidas”, lê-se no documento, assinado pelo presidente da Maxyield, Carlos Tomás Rodrigues.

Em 14 de maio, os pequenos acionistas já tinham defendido que o valor atribuído à Semapa pela Sodim beneficia do contexto negativo do mercado e afeta a credibilidade da oferta.

Segundo a Maxyield, o valor oferecido “continua a afetar a credibilidade da oferta” e as relações com o mercado, tendo em conta que o valor “pelo capital que não dispõe na Semapa é muito inferior ao justo valor da Navigator, da Cecil e da ETSA, as suas subsidiárias nos negócios da pasta e do papel, do cimento e do ambiente”.

Este clube notou ainda que ao montante da oferta será deduzido o valor líquido do dividendo, pelo que o preço será fixado em 11,66 euros.

A associação representa 30 pequenos investidores.

Em fevereiro, a Semapa anunciou que a ‘holding’ da família Queiroz Pereira, Sodim, lançou uma OPA “geral e voluntária” sobre as ações que não detém na empresa.

A Sodim detém (através da sua subsidiária Cimo – Gestão de Participações) 71,906% do capital social da Semapa, correspondentes a 73,167% dos direitos de voto.

No dia 05 de março, o Conselho de Administração da Semapa considerou que a oferta lançada pela Sodim “é oportuna” e apresenta condições “adequadas”, não se antevendo alterações da situação dos trabalhadores, ‘stakeholders’ ou finanças da empresa.

Já em abril, a Sodim anunciou que aumentou em 6,8% a contrapartida oferecida aos acionistas da Semapa, passando de 11,40 euros para 12,17 euros.

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