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Perdas de água é preocupação na Madeira, Governo já tem em execução plano de contenção

Para atenuar as perdas de água vão ser substituídas e ampliadas cerca de 104 kms de redes de distribuição de água, implementadas 192 zonas de medição de controlo (ZMC), e ainda beneficiados e recuperados 78 reservatórios.
29 Agosto 2018, 07h45

As perdas de água na Madeira merecem preocupação por parte da comunidade académica, ambientalista, e também do executivo regional. O Governo Regional está a implementar um plano para conter esse desperdício que se situa nos 68% nos municípios aderentes ao sistema multimunicipal de gestão da água da Água e Resíduos da Madeira (ARM) em que se inclui a Ribeira Brava, Câmara de Lobos, Machico, Santana e Porto Santo. A meta é que a Região Autónoma chega aos 40% de perdas de água até 2021.

O executivo já tem obras em execução para dar resposta às perdas de água. Outras estão em fase de arranque, com previsão de início e execução até ao final deste ano e por um período de dois anos, adianta a secretaria regional do ambiente e recursos naturais, dirigida por Susana Prada, ao Económico Madeira.

Com o intuito de inverter as perdas de água a ARM tem em curso um conjunto de obras para a renovação e ampliação das redes de distribuição de água potável dos seus municípios aderentes: Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Machico, Santana e Porto Santo.

Nas intervenções do executivo para “a melhoria do abastecimento de água potável”, clarifica a Secretaria dirigida por Susana Prada, estão incluídas “a substituição e ampliação” de cerca de 104 quilómetros de redes de distribuição de água, que devido “à sua antiguidade e elevado estado de deterioração” apresentam perdas de água significativas.

“Para a monitorização das perdas, vão ser implementadas 192 zonas de medição e controlo (ZMC), integradas no sistema de Telegestão da ARM, o que permitirá assim um controlo remoto e monitorização, permitindo uma pronta intervenção em caso de rotura na rede”, refere.

Neste plano está ainda incluída a beneficiação e recuperação de 78 reservatórios, que serão dotados de instrumentação, bem como de um sistema de comunicação para integração e visualização nesse sistema, com o intuito de controlar à distância os níveis e volumes de entrada e saída.

O Porto Santo está também incluído nestes planos do executivo que prevê brevemente iniciar uma intervenção significativas nas redes de abastecimento com vista “à melhoria do nível” da sua eficiência operacional.

Este tipo de investimento, diz a Secretaria Regional, são fortemente incentivados e cofinanciados com fundos europeus através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), Ciclo Urbano da Água.

Apesar do esforço do Governo, com vista ao combate às perdas de água, este assunto levanta também preocupação em Miguel Sequeira, docente da Universidade da Madeira.

Miguel Sequeira alerta que a água é um “recurso finito” adiantando que “quanto mais água retirarmos da floresta mais vamos alterar a estrutura” da floresta.

“Quanto maior for essa retirada mais vamos conduzir a floresta a um ambiente mais seco”, reforça o docente ao Económico Madeira.

Conjugando todos esses factores Miguel Sequeira explica a necessidade de se fazer uma poupança deste recurso, e salienta que entre as fontes de água se encontra a floresta.

“Temos de fazer uma utilização racional da água. Usamos cada vez mais água. A sua retirada deixa marcas”, adianta.

A esta preocupação junta-se ainda as alterações climáticas, que de acordo com Miguel Sequeira, “podem agravar” o problema.

Com o intuito de dar resposta a estas preocupações levantadas por Miguel Sequeira o Governo Regional inclui nos seus planos acções de sensibilização para a população que visam alerta para a importância de se fazer um uso eficiente da água.

Nesse âmbito decorre, até ao final do verão, a campanha com o mote ‘Não deite o futuro por água abaixo. Poupe água’.

As perdas de água, causam também preocupação a nível da comunidade ambientalista. No entender de Joaquim Guerlixa, dirigente da Associação Zero, na Madeira, esta é uma questão que se coloca a nível nacional e regional.

A resolução deste assunto, realça Joaquim Guerlixa, passa por um trabalho de melhoria a nível das “atitudes e comportamentos” através de uma sociedade que valorize os recursos naturais. Nessa linha de pensamento o executivo diz ser um imperativo fazer “um uso eficiente” da água sublinhando que se trata de um bem cada vez mais escasso.

Joaquim Guerlixa destaca o trabalho pró-activo feito pelo Governo Regional na manutenção das levadas mas acrescenta que a Região Autónoma tem capacidade para poder fazer melhor nesta área.

Essa melhor gestão é vista como uma das formas de se “sentir uma menor” perdas de água, diz o ambiente que ressalva ainda a importância das Estações de Tratamento de Água e Resíduos (ETAR) nesta área.

“A reutilização da água é importante”, realça.

Para o dirigente da Associação Zero é necessário também fazer um “trabalho exaustivo” de identificação das áreas com “maiores perdas de água”, de maneira a se poder “fazer intervenção” nesses locais, acrescentando a importância de cooperação entre as autarquias e o executivo regional.

Esse espírito de cooperação é também um apelo lançado pelo executivo que refere a importância dos outros municípios da Região Autónoma “acompanharem as ações do Governo Regional” investindo na recuperação das suas redes.

“As perdas de água nas redes de distribuição, para além das perdas económicas e ambientais, podem influenciar negativamente a qualidade da água entregue à população”, sublinha o executivo.

Outra solução sugerida pelo dirigente da Associação Zero passa pela recuperação das águas da chuva. “A água é um recurso cada vez mais importante”, alerta.

Nesse âmbito a Secretaria Regional alerta que nos últimos anos se tem assistido a “uma redução da precipitação”, decorrente das alterações climáticas, o que conduz “à diminuição da água disponível na natureza, que associada ao aumento da procura de água” provoca um desequilíbrio hídrico.

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