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Perdas do Novo Banco aumentam 49% até setembro para 853 milhões de euros

Banco liderado por António Ramalho aumenta perdas em 49% nos primeiros nove meses do ano em termos homólogos. Imparidades e provisões registadas nos primeiros nove meses do ano somam 833 milhões de euros. Banco ‘mau’ reduziu prejuízos e banco ‘bom’ registou quebra no lucro.
  • Cristina Bernardo
13 Novembro 2020, 17h49

As perdas consolidadas do Novo Banco atingiram os 853,1milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que representa um aumento de 49,1% em termos homólogos. No primeiro semestre deste ano, o banco liderado por António Ramalho tinha apresentado perdas de 555,3 milhões de euros.

Face a igual período do ano anterior, o Grupo Novo Banco reforçou as provisões em 38% para 833,3 milhões de euros e explica que “o elevado nível de provisionamento nos primeiros nove meses de 2020 reflete os impactos provocados pela pandemia Covid-19, provisões para os ativos não produtivos e a reclassificação do negócio em Espanha para operações descontinuadas”.

Para acautelar o impacto negativo da Covid-19 no crédito, o Novo Banco reforçou as imparidades em 187,2 milhões de euros.

Em termos operacionais, o produto bancário comercial — as receitas com a margem financeira e com comissões — mantiveram-se em linha, tendo contraído ligeiramente 0,8%, para 597,6 milhões de euros, essencialmente devido à quebra de 25% das receitas com comissões, que não foram compensadas pela subida de 5,3% da margem financeira.

O produto bancário subiu 58,1% para 506,8 milhões de euros, evidenciando as perdas nos resultados com operações financeiras, penalizadas pela volatilidade dos mercados, e noutros resultados de exploração, que ainda assim foram menores do que em igual período do ano passado.

Os custos operacionais contraíram 12,6%, para 318,1 milhões, tendo o banco procedido à redução de 7,2% dos gastos gerais e administrativos e de 1,9% dos custos com pessoal. Entre 30 de setembro de 2019 e 30 de setembro deste ano, saíram 299 colaboradores, incluindo já a redução da atividade em Espanha, tendo o Novo Banco chegado ao final do terceiro trimestre com 4.688 trabalhadores. Também o número de balcões foi reduzido em doze meses, de 395 para 376.

A carteira de crédito a clientes (líquida) cresceu ligeiramente 2,2%, para 24.113 milhões de euros. O crédito a empresas expandiu 4,3%, ao contrário do crédito a particulares, que contraiu ligeiramente 0,6%.

Neste particular, o Novo Banco explica que concedeu moratórias a mais de 40.400 clientes, no valor de 7,1 mil milhões de euros, o que representa 27% da careira de crédito. As moratórias abrangem 33% da carteira de crédito a empresas, 21% da carteira de crédito à habitação e 16% da carteira de crédito a particulares.

O Novo Banco reduziu o peso do malparado em 504 milhões de euros, tendo um stock de non performing loans de 2,8 mil milhões de euros, a que se junta ainda o crédito vencido a mais de 90 dias, reduzido em 132 milhões, para 872 milhões de euros.

O Grupo Novo Banco chegou a 30 de setembro com um rácio de NPL de 9,7%.

Os recursos dos clientes subiram 274 milhões de euros, para 32.031 milhões de euros, essencialmente devido ao ligeiro crescimento de 1,4% dos depósitos, que totalizaram 26.324 milhões de euros.

O rácio de transformação fixou-se em 91,3%, isto menos oitos pontos base do que a 31 de dezembro do ano passado.

Em termos de rácio de capital, o Novo Banco apresentou um rácio CET1 de 12%, abaixo dos 13,5% registados em dezembro de 2019. O rácio de solvabilidade também decresceu de 15,1% para 13,9%, em igual período.

No Novo Banco recorrente, que é o banco bom, os resultados foram positivos, tendo sido atingido um lucro de 98,2 milhões de euros, cerca de um terço abaixo do que tinha sido alcançado em setembro de 2019.

O produto bancário comercial aumentou para 568,2 milhões de euros, impulsionado pela aumento da margem financeira, que mais do que compensou a compressão das receitas com comissões.

O Novo Banco re correu aumentou a ativo em 2,8%, para 41,9 mil milhões de euros, devido ao aumento de 4% da carteira de crédito, para 23.762 milhões de euros.

O banco ‘bom’ liderado por António Ramalho teve 819 milhões de euros em NPL, que foram reduzidas em 47 milhões de euros, e registou imparidades de  819 milhões de euros. O rácio de NPL atingiu os 3,1%, tendo melhorado em 0,4 pontos percentuais face a setembro de 2019.

Já o banco legacy, que é o banco ‘mau’, registou um prejuízo de 835,2 milhões de euros, ou seja, menos 17,2% do que há um ano, havendo aqui uma melhoria.

A combinação da avaliação externa independente aos fundos de reestruturação registadas no primeiro semestre de 2020 (-260,6 milhões de euros), uma provisão para reestruturação de 26,9 milhões e a constituição de imparidades e provisões de 455 milhões em virtude da descontinuação do negócio em Espanha e do agravamento do nível de incrumprimento de alguns clientes representam 89% dos prejuízos do legacy.

O ativo do legacy decresceu mais de mil milhões de euros face ao final do ano de 2019 e soma agora pouco mais de 3,4 mil milhões de euros, tendo sido reduzida a carteira de crédito líquida em 16,3%, a carteira de imóveis em 19,7% e de outros ativos em mais de 30%.

(atualizada às 18h46 com mais informação)

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