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Personalidades JE: Rui Nabeiro – O Rei do Café

“O Comendador” – como é tratado Rui Nabeiro pelos seus conterrâneos de Campo Maior -, construiu um império no negócio do café. No seu percurso empresarial foram decisivas as vendas concretizadas na zona raiana de Espanha nos anos 50 e 60.
  • Foto cedia
11 Outubro 2020, 17h00

O Jornal Económico escolheu 30 personalidades dos últimos 25 anos que marcaram, pela positiva e pela negativa, a atual sociedade portuguesa: políticos, empresários, gestores, economistas e personalidades da sociedade civil. A metodologia usada para compilar as Personalidades JE está explicada no final do texto.

Chamam-lhe “O Comendador” em Campo Maior, mas insiste em que o tratem por “senhor Rui”. Tem 89 anos e a 4ª classe e é o “Rei do café”. Militou no PS e sempre se considerou um homem de esquerda. Muito se tem escrito sobre Rui Nabeiro, em biografias oficiais, entrevistas e histórias de vida. Quem conheceu bem o seu percurso dizia: “só se percebe a vida de Rui Nabeiro se se entender como era o mundo na zona raiana na época em que ele nasceu”.

A questão do desenvolvimento da região raiana não é apenas incontornável para entender a vida e obra de Rui Nabeiro; é pertinente para vários milhões de portugueses e espanhóis. Foi, aliás, o centro dos trabalhos realizados na 31ª Cimeira Luso-Espanhola, realizada ontem – a 10 de outubro de 2020 –, na Guarda, onde os Governos de Portugal e Espanha, respetivamente liderados por António Costa e Pedro Sánchez, chegaram a acordo sobre a ECDT – Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço para os próximos anos.

Esta estratégia visa o futuro de mais de cinco milhões de pessoas que – tal como Rui Nabeiro – vivem ao longo daquela que é considerada uma das maiores fronteiras da Europa. Entre os benefícios agora previstos para os habitantes da raia contam-se o estatuto do trabalhador transfronteiriço, um cartão de saúde que permite o acesso a tratamentos dos dois lados da fronteira, ou a cooperação entre serviços públicos como o 112, numa estratégia que abrange 1.551 freguesias portuguesas, ou 62% do território português, onde vivem mais de 1,6 milhões de portugueses. No lado espanhol estão 1.231 municípios e 3,3 milhões de espanhóis que vivem em Badajoz, Cáceres, Huelva, Ourense, Pontevedra, Salamanca e Zamora, ou seja, em 17% da superfície espanhola.

É neste universo territorial que se centrou, na década de 30 do século passado, o arranque da atividade empresarial de Rui Nabeiro. Voltando à questão inicial: como era então a vida raiana na época em que “O Comendador” – o “Senhor Rui” – nasceu?

Mundo duro da zona raiana nos anos 30

Vamos por partes. Primeiro é preciso entender o mundo duro de quem nasceu na zona raiana, em Portugal nos anos 30, quando a economia mundial sofreu os constrangimentos da Grande Depressão norte-americana iniciada em 1929 e, de certa forma, de quem também tenha vivido os racionamentos e a tensão política e social decorrente da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945 – em que Portugal não participou ao abrigo de um estatuto de neutralidade. As pessoas nascidas nessa década de 30 terão acompanhado, enquanto jovens adultos – como aconteceu com Rui Nabeiro -, o posterior desenvolvimento do Programa de Recuperação Europeia que decorreu do aprofundamento da doutrina económica do presidente Harry Truman, sucessor de Franklin Roosevelt.

Portugal entre as décadas de 30 e 50 do anterior século foi um país que viveu particularmente centrado no mundo português, designando as ex-colónias como territórios Ultramarinos – uma conjuntura que fez com que o país tivesse vivido quase à margem do principal plano que os EUA prepararam para apoiar a reconstrução dos seus Aliados europeus, económica e socialmente devastados no pós-guerra, beneficiários da conhecida iniciativa de revitalização económica que recebera o nome do Secretário de Estado dos EUA, George Marshall.

Depois de abril de 1948, o Plano Marshall passou a substituir, durante uma fase inicial de quatro anos (até 1952), o anterior plano que tinha sido batizado com o nome do secretário de Estado do Tesouro dos EUA, Henry Morgenthau, destinado a controlar o crescimento da Alemanha – depois de ter retalhado o país em várias zonas, uma internacional, outra a norte, outra a sul, e as restantes anexadas pela URSS, pela Polónia e pela França, com o objetivo político fixado pelos EUA de inviabilizar a reconstituição do Estado Nazi na Alemanha.

Assim, os EUA avançaram com uma ajuda, em 1948, de 14 mil milhões de dólares, o que corresponderá em 2020 a cerca de mais de 120 mil milhões de dólares, entregues aos países europeus que integraram a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.

Os EUA pretendiam desenvolver Estados europeus democráticos, com dinâmicas economias de mercado (em sentido inverso à economia planificada da ex-URSS), com indústrias modernas, sem barreiras comerciais, captando investidores internacionais e promovendo a criação de sindicatos fortes (à semelhança dos Labor e Trade Unions norte-americanos promovidos pela US Labor Law de 1935, o designado National Labor Relations Act), para fazer prosperar a Europa e travar o crescimento do bloco de países comunistas, que seguiam as orientações soviéticas.

Entre o Estado Novo de Salazar e a Espanha de Franco

É neste enquadramento europeu que em Portugal surgiu e se desenvolveu a economia Corporativa do Estado Novo de Salazar, duplamente condicionado pelas tensões do Nacional Socialismo alemão e pelas tensões ibéricas criadas pela Falange de José António Primo de Rivera (representante do fascismo espanhol) até à Guerra Civil de Espanha (entre 1936 e 1939), que se saldou na vitória dos Nacionalistas espanhóis, consolidando Francisco Franco como Generalíssimo e Caudilho de Espanha.

É também neste enquadramento que toda a região fronteiriça portuguesa tentou desenvolver atividades económicas que assegurassem o sustento de famílias praticamente acantonadas num interior distante de Lisboa e do Porto, onde não existia o atual conceito de economia transfronteiriça, e que em as atividades que abrangiam os dois lados da linha da fronteira eram essencialmente catalogadas como contrabando.

Ou seja: foi neste tempo de racionamento de manteiga, açucar, arroz e bacalhau que nasceu Manuel Rui Azinhais Nabeiro (Campo Maior – 28 de março de 1931), o maior empresário português de café na zona raiana, hoje tratado pelos conterrâneos como “O Comendador”, ou melhor, por “Senhor Rui”. A experiência de vida de Rui Nabeiro é vasta e a sua capacidade de iniciativa empresarial ficou comprovada desde tenra idade – aos 12 anos, quando começou a trabalhar –, mas, sobretudo, a partir de 1961, data em que fundou a empresa Delta Cafés, que dispensa apresentação para o comum dos portugueses.

Delta, marca com maior índice reputacional

Note-se que a Delta Cafés nunca parou de crescer até aos dias de hoje, sendo a marca com maior índice reputacional no mercado português, segundo o estudo “Global RepScore Pulse”, da responsabilidade da consultora OnStrategy, em parceria com a Corporate Excellence Foundation, granjeando o estatuto de líder na excelência, atendendo a que a Delta teve a classificação de 86,70 pontos num máximo de 100, colocando-se, assim, à frente da Google e da Olá.

Recuamos novamente aos anos 40 do século passado – quando Rui Nabeiro fez 12 anos, a altura em que começou a trabalhar, ajudando a família. À mãe, Rui Nabeiro deu apoio na pequena mercearia da sua família, chamada “Alimentação e Salsicharia Srª Maria Azinhais”. Ao pai, Manuel Nabeiro, e os tios, Joaquim dos Santos Nabeiro (também conhecido como Joaquim d’Olaia) e Vitorino Silveira, auxiliou no processo da torra do café, transportando com um carrinho de mão, de cada vez, quatro sacos de 20 quilos de café verde, entre a estação dos caminhos de ferro e a torrefação.

Na altura, sentiam-se em Campo Maior os tempos particularmente difíceis vividos no pós-guerra civil espanhola, agravados pelas restrições da Segunda Guerra Mundial. Na sua biografia “O Homem: Uma Obra, a de Rui Nabeiro” publicada em 2002, desabafou: “Quase não tive infância. Não fiz outra coisa senão trabalhar”

Quando o pai morreu, Rui Nabeiro tinha dezassete anos. Apesar de ser ainda muito jovem foi chamado a assumir a orientação da torrefação familiar um ano depois do pai ter falecido. Como o mercado local era excessivamente pequeno na zona de Campo Maior, procurou dinamizar as vendas de café em Espanha, primeiro com a marca Cubana e depois com a Torrefação Camelo – inspirada na marca de tabaco Camel –, uma sociedade que fez com os seus tios, onde foi gerente.

O mercado espanhol foi imprescindível para manter a atividade no sector do café, porque os clientes espanhóis chegaram a representar a quase totalidade das vendas que então conseguiam concretizar. O percurso de Rui Nabeiro mudou em 1961, quando criou, com a sua mulher e os seus filhos, a firma Manuel Rui Azinhais Nabeiro, Lda, que lançou a Delta Cafés, montada com apoio de uma torrefação de café e de um armazém destinado a fornecer mercearias.

Primeira contratação: três militares reformados

Foi o verdadeiro início do seu império. No arranque da Delta Cafés contratou três militares reformados, que pouco ou nada percebiam de café, e instalou-se num armazém com 50 metros quadrados, utilizando duas máquinas de torra.

O mais complicado foi vender café, pelo preço do produto – porque os portugueses procuravam produtos ainda mais baratos, o que levou Rui Nabeiro a comercializar cevadas – e porque a concorrência fazia marcações cerradas a quem entrava no mercado, sendo as marcas mais “ferozes”, a Sical, a Nicola e a Chave d’Ouro. Afinada a oferta adequada ao comprador português, o negócio da Delta Cafés não parou de crescer nos anos 70.

A rede de distribuição da Delta rapidamente ganha cobertura nacional e em 1963 abre o primeiro entreposto em Lisboa, seguindo-se outro no Porto em 1964. O crescimento da empresa prosseguiu, abrindo mais 22 instalações locais, de Mirandela a Faro, sem esquecer os Açores e a Madeira.

A sua influência local também cresceu em proporção direta com a evolução do seu negócio, sendo nomeado três vezes presidente da Câmara Municipal de Campo Maior, em 1962, em 1972 e em 1977.

Na primeira vez incompatibilizou-se rapidamente com a equipa autárquica. E na segunda vez deixou o cargo na sequência de um confronto com o então Governador Civil de Portalegre, embora ainda tenha realizado trabalho autárquico e recebido na Câmara Municipal figuras do regime, entre as quais, Baltasar Rebelo de Sousa, pai de Marcelo Rebelo de Sousa, que então era ministro das Corporações de Marcello Caetano. Mas na terceira vez, eleito pelo Partido Socialista, em 1977, acabou por ser reeleito duas vezes, pelo que só deixou o cargo em 1986.

Da Novadelta à Nabeirogest

Entretanto, em 1982, criou a Novadelta e, em 1984, investiu numa nova torrefação, que foi então a maior a nível ibérico. Quatro anos depois constituiu a holding Nabeirogest que ainda hoje controla os investimentos realizados na agricultura e na vitivinícola, na distribuição alimentar, no sector das bebidas, no retalho automóvel, no comércio imobiliário e na hotelaria.

Em diversas entrevistas que deu, Rui Nabeiro nunca escondeu o orgulho em ter conseguido manter um grupo 100% familiar, reconhecendo, com o passar dos anos, que teve de delegar responsabilidades de gestão aos filhos e aos netos, que, assim, dão continuidade aos vários negócios que criou.

Em 1995, Mário Soares atribuiu-lhe o grau de comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial Classe Industrial, e em 2006 Jorge Sampaio distinguiu-o como comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

2007 foi o ano em que inaugurou o Centro Educativo Alice Nabeiro, respondendo assim às necessidades extra-escolares sentidas pelas crianças de Campo Maior. Patrocinada pela Delta, a Universidade de Évora criou em 2009 a Cátedra Rui Nabeiro, consagrada à investigação, o ensino e divulgação científica da biodiversidade.

Filho de Manuel dos Santos Nabeiro e de Maria de Jesus Azinhais é casado com Alice do Carmo Gonçalves Nabeiro – que conheceu na escola –, e é pai de Helena Maria Gonçalves Nabeiro Tenório e de João Manuel Gonçalves Nabeiro.

Desde 1961, Rui Nabeiro é presidente do Grupo Nabeiro e da Delta Cafés. Foi nomeado presidente honorário do Sporting Clube Campomaiorense, que contou com a Delta Cafés como patrocinador, presidido pelo seu filho João Nabeiro.

Passagem de testemunho

No Grupo Nabeiro, Rui Nabeiro é o presidente. Como administradores tem a mulher, Alice Nabeiro, os dois filhos, João Manuel e Helena (casada com o cavaleiro tauromáquico Joaquim Bastinhas – já falecido –, pai de Marcos Nabeiro Tenório, que começou a montar a cavalo aos 5 anos e começou a tourear aos 11 anos, estreando-se na praça de Elvas aos 14 anos), e três dos quatro netos, Ivan, Rui Miguel e Rita.

Marcos, o neto mais novo de Rui Nabeiro, não seguiu os negócios da família, dedicando a vida ao toureio, com atuações em Portugal, Espanha e na América do Sul. Em 2015 Marcos casou-se com Dália Madruga, antiga apresentadora de televisão, em Elvas. Dália trata da comunicação e marketing do Centro de Ciência do Café desde 2013.

O neto mais velho, Rui Miguel é responsável pela área de inovação da Delta Cafés. Promotor da criação da “Delta Q” em resposta à Nespresso, foi igualmente quem apostou na plataforma eletrónica Alibaba para colocar o seu café nos mercados asiáticos. Ivan, filho mais velho de Helena, especializou-se na área financeira e na Responsabilidade Social. E Rita centrou a sua atenção na vitivinicultura, gerindo a Adega Mayor desde 2012.

METODOLOGIA

O Jornal Económico (JE) selecionou as 25 personalidades mais relevantes para Portugal nos últimos 25 anos, referentes ao período balizado entre 1995 e 2020, destacando as que exerceram maior influência no desenvolvimento da sociedade civil, da economia nacional, no crescimento internacional dos nossos grupos empresariais, na forma como evoluíram a diáspora lusa e as comunidades de língua oficial portuguesa, no processo de captação de investidores estrangeiros e, em suma, na maneira como o país se afirmou no mundo. Esta lista foi publicada a 4 de setembro de 2020, antes do primeiro fim de semana do nono mês do ano. Retomando a iniciativa a partir do último fim de semana de setembro, mas agora alargada a 30 personalidades, o JE publicará, todos os sábados e domingos, textos sobre as 30 personalidades selecionadas, por ordem decrescente. Aos 25 nomes inicialmente publicados, o JE acrescenta agora os nomes de António Ramalho Eanes, António Guterres, Pedro Queiroz Pereira, Vasco de Mello e Rui Nabeiro.

Cumpre explicar ao leitor que a metodologia seguida foi orientada por critérios jornalísticos, sem privilegiar as personalidades eminentemente políticas, que tendem a ter um destaque mediático maior do que o que é dado aos empresários, aos economistas, aos gestores e aos juristas, mas também sem ignorar os políticos que foram determinantes na sociedade durante o último quarto de século. Também não foram ignoradas as personalidades que, tendo falecido pouco antes de 1995, não deixaram de ter impacto económico, social, cultural, científico e político até 2020, como é o caso de José Azeredo Perdigão e da obra que construiu durante toda a sua longa vida – a Fundação Calouste Gulbenkian.

O ranking é iniciado pelos líderes históricos de cinco grupos empresariais portugueses, com Alexandre Soares dos Santos em primeiro lugar, distinguido como grande empregador na área da distribuição alimentar, e por ter fomentado a internacionalização do seu grupo em geografias como a Polónia – com a marca “Biedronka” (Joaninha) – e a Colômbia. Assegurou igualmente a passagem de testemunho ao seu filho Pedro Soares dos Santos. O Grupo Jerónimo Martins tem vindo a incentivar a utilização de recursos marinhos, pelo aumento da produção portuguesa de aquacultura no mar da Madeira – apesar de vários economistas terem destacado a importância da plataforma marítima portuguesa como fonte de riqueza, poucos empresários têm apoiado projetos nesta área, sendo o grupo liderado por Soares dos Santos um dos casos que não descurou o potencial do mar português.

Segue-se em 2º lugar Américo Amorim, que além do seu império da cortiça – o único sector em que Portugal conquistou a liderança mundial –, se destacou no mundo da energia e nos petróleos, assegurando a continuidade do controlo familiar dos seus negócios através das suas filhas. Belmiro de Azevedo aparece em terceiro lugar, consolidando a atividade da sua Sonae, bem como a participação no competitivo mundo das telecomunicações e o desenvolvimento do seu grupo de distribuição alimentar, com testemunho passado à sua filha, Cláudia Azevedo.

Em quatro lugar está António Champalimaud e a obra que o “capitão da indústria” deixou, na consolidação bancária, enquanto acionista do Grupo Santander – um dos maiores da Europa –, mas também ao nível da investigação desenvolvida na área da saúde, na Fundação Champalimaud. Em quinto lugar surge Francisco Pinto Balsemão que centrou a sua vida empresarial na construção de um grupo de comunicação com plataformas integradas e posições sólidas na liderança da imprensa e da televisão durante o último quarto de século.

Os políticos aparecem entre as individualidades seguintes, liderados por Mário Soares (que surge em 6º lugar). António Ramalho Eanes está em 7º lugar, António Guterres em 8º, seguindo-se Marcelo Rebelo de Sousa (9º), António Costa (10º), José Eduardo dos Santos (11º) – pelo peso que os elementos da sua família tiveram na economia portuguesa, sobretudo a sua filha Isabel dos Santos, e pelos investimentos concretizados em Portugal pelo conjunto de políticos e empresários angolanos próximos ao ex-presidente de Angola, atualmente questionados, na sua maioria, pela justiça angolana – e Aníbal Cavaco Silva (12º). Jorge Sampaio surge em 13º, seguido por Mário Centeno (14º), José de Azeredo Perdigão (15º), António Luciano de Sousa Franco (16º), Pedro Passos Coelho (17º), Álvaro Cunhal (18º), Ernesto Melo Antunes (19º), Luís Mira Amaral (20º), Pedro Queiroz Pereira (21º), Vasco de Mello (22º), Ricardo Salgado (23º), José Socrates (24º), Ernâni Rodrigues Lopes (25º), Francisco Murteira Nabo (26º), Rui Nabeiro (27º), Leonor Beleza (28º), António Arnaut (29º) e Joana de Barros Baptista (30º).

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