O ano de 2021 destaca-se pela recuperação de vários sectores de atividade, com um crescimento real da economia estimado pelo INE em 4,83%.

O desemprego, atingiu os 6,3% no fim de 2021, um nível inferior ao do período pré pandemia, um sinal da confiança das empresas no desempenho da economia nos próximos anos.

O mercado imobiliário registou uma forte recuperação, destacando-se o setor da habitação onde, de acordo com dados do INE, foram vendidas mais de 165.000 habitações, um expressivo crescimento de quase 7% relativamente a 2019.

O valor mediano de venda de habitação reportado pelo INE atingiu os 1.355 €/m2, um crescimento de 14% relativamente a 2020 e de 21,9% relativamente a 2019.

As taxas de juro historicamente baixas e a forte liquidez terão dado um contributo relevante para esta evolução, com o montante de crédito à habitação a atingir, de acordo com o Banco de Portugal, os 15,3 mil milhões de euros, um crescimento de 34% relativamente a 2020 e 43,7% relativamente a 2019.

O ano terminou também com pressões inflacionistas, que começaram a ser encaradas como um fenómeno de cariz estrutural, com vários Bancos Centrais a sinalizarem a subida das taxas de juro.

Em Fevereiro de 2022 a Rússia invade a Ucrânia gerando-se um conflito que terá efeitos numa economia global já a braços com inflação e escassez de commodities críticas.

O impacto no sector imobiliário é de difícil previsão e será muito variável em função do tipo de ativo e do segmento.

Todo o setor tem sofrido o impacto do crescimento dos custos de construção, que o atual contexto poderá agravar, com provável impacto em projetos direcionados para segmentos onde o preço não permite acomodar crescimentos significativos dos custos.

No caso da habitação, a verificar-se uma subida das taxas de juro, a prestação mensal registará um aumento, o que nos segmentos dependentes do crédito poderá limitar o preço máximo sustentável.
A recente medida adotada pelo Banco de Portugal de redução do prazo dos empréstimos, poderá ter impactos adicionais na capacidade de pagamento.

O imobiliário comercial tem sido historicamente um hedge em períodos inflacionistas, pelo que alguns participantes do mercado acreditam que o interesse dos investidores se deverá manter, apontando a indexação das rendas à inflação como uma medida que protege os investidores nestes períodos.

Numa fase inicial da pandemia os setores da logística e Indústria eram apontados como os que assumiriam maior relevância. Passados dois anos confirma-se essa perspetiva, sendo hoje ainda mais evidente a importância deste setor, que, em termos globais, tem sido o que maiores retornos têm gerado. A posição geoestratégica de Portugal é uma vantagem competitiva que poderá vir a traduzir-se num interesse crescente neste sector.

De notar ainda que mesmo num contexto global adverso continuamos a observar um interesse relevante dos investidores em setores muito diversificados do mercado Português, com a segurança do País a manter-se como um dos indutores de procura proveniente do mercado externo como são exemplos os setores da habitação ou os shared services no setor dos escritórios.