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TAP permanece no ‘vermelho’ mas melhora margem e reduz peso da dívida em 40%

Sob forte pressão política e mediática, gestão da TAP procura melhorar a margem operacional com a subida das receitas e a redução de custos possibilitada pelos novos aviões. Mas os resultados permanecem negativos, com um prejuízo de 111 milhões desde janeiro.
19 Novembro 2019, 07h45

O prazo médio da dívida da TAP duplicou em quatro anos, passando de menos de 24 meses no momento da privatização, em 2015, para aproximadamente quatro anos no final do terceiro trimestre de 2019, destaca a companhia aérea nacional. Numa nota informativa ontem divulgada, a equipa de Antonoaldo Neves salienta que a TAP está a reduzir fortemente o nível de endividamento e diz que pretende alongar mais os prazos da dívida.

“Em 2019, a TAP já amortizou mais de 170 milhões de passivo financeiro. O peso da dívida, medido pelo rácio dívida líquida/EBITDAR, diminuiu mais de 40% desde 2015”, destaca a referida nota informativa.

A companhia aérea anunciou ontem um prejuízo de 111 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, sendo que, excluindo o impacto de variações cambiais, o resultado do terceiro trimestre foi positivo, com um lucro líquido consolidado de 61 milhões de euros.

Embora no acumulado do ano a TAP permaneça no vermelho, aquele valor representa uma inversão de tendência e anula uma pequena parte do prejuízo de 119,7 milhões de euros que registou no final do primeiro semestre e causou tensão na relação com o Governo. Segundo foi noticiado, na sequência destes prejuízos semestrais, o Executivo liderado por António Costa estará a ponderar encontrar um novo acionista privado, para substituir o grupo do empresário David Neeleman.

Nestas circunstâncias, sob forte pressão política e mediática, a estratégia da equipa liderada por Antonoaldo Neves para a recuperação da companhia aérea passa pela melhoria da margem operacional (EBIT em percentagem das receitas), de maneira a reduzir o nível de endividamento, alongar os prazos médios da dívida e diversificar as fontes de financiamento da empresa. A gestão da TAP acredita que o trabalho de turnaround que está a ser feito – com investimento em novos aviões e reforço da equipa, juntamente com o aumento das receitas e a redução de custos por passageiro/quilómetro (CASK) – vai colocar a companhia com níveis de rentabilidade acima da média do sector, mas pede paciência aos acionistas.

No terceiro trimestre de 2019, as receitas cresceram 6,1% em termos homólogos, para 1.052 milhões de euros, suportadas pela entrada em cena dos novos aviões (que têm custos por passageiro inferiores e consomem menos combustível que os anteriores modelos), pelo bom desempenho das novas rotas no mercado norte-americano e pela recuperação do Brasil. O número de passageiros transportados subiu 11,1% no terceiro trimestre face a 8,9% no segundo trimestre e zero por cento no primeiro trimestre de 2019.

Com isto, nos primeiros nove meses de 2019 a TAP registou um resultado operacional (EBIT) de 129 milhões de euros, valor que é 16,5% superior ao do período homólogo e que equivale a uma margem operacional de 12,2%. Recorde-se que, há um ano, esta margem era de 11,1%, pelo que a operação da TAP está a gerar mais cash flow que no passado, passando a estar, neste indicador, ao nível de companhias europeias como a Lufthansa (11,6%) e a Air France (11,7%).

S&P atribui notação ‘BB-‘ à dívida da TAP

A redução da alavancagem permite à TAP diversificar as suas fontes de financiamento junto de investidores institucionais (a companhia anunciou ontem uma emissão de 300 milhões de euros que visa alongar os prazos da dívida) e da banca internacional. Além disso, pela primeira vez, a dívida da TAP passou a ser avaliada por uma agência de rating, com a S&P a atribuir-lhe a notação ‘BB-‘.

Esta notação não é considerada “investment grade“ (está no nível “lixo”), mas fica acima dos ratings ‘B+’ de companhias como a Turkish Airlines, SAS, Azul e Virgin Australia, igualmente atribuídos pela S&P. A mesma agência de notação atribui ratings ‘BBB+’ à Ryanair, EasyJet e Southwest, com a Lufthansa e a IAG a receberem ‘BBB’.

“O ‘rating’ obtido é elemento chave para continuar o processo de extensão do prazo de maturidade da dívida, permitindo reforçar a solidez financeira da TAP. Este ‘rating’ reflete a tendência de recuperação dos resultados observada no segundo e terceiro trimestres de 2019”, defende a TAP.

Os responsáveis da companhia aérea nacional assinalam também que o acesso mais facilitado ao crédito permite também assegurar a cobertura do preço do combustível, que “minimiza a volatilidade nos resultados da TAP”.

“Já está contratada a cobertura para mais de 50% do consumo previsto de combustível para 2020, a um custo cerca de 4% menor que o preço médio em 2019, o que equivale a uma poupança estimada de 30 milhões de euros para 2020. As condições de cobertura de combustível da TAP para o próximo ano estão entre as três melhores posições na Europa”, garante a administração liderada por Antonoaldo Neves.

A administração liderada por Antonoaldo Neves assinala ainda o índice de satisfação do cliente (NPS), que melhorou 9,2 pontos, “devido a investimento na renovação da frota com aviões de última geração, à melhoria da pontualidade, à melhoria contínua no serviço de bordo e sobretudo pela qualidade do serviço prestado pelos trabalhadores”.

A companhia “vai contratar mais de 800 novos colaboradores no próximo ano, dos quais mais de 100 são pilotos e cerca de 600 serão assistentes de bordo, para fazer face ao crescimento da TAP”, garante a equipa de gestão da empresa, acrescentando que, “desde a privatização, o Grupo TAP já contratou mais de 3 mil colaboradores em Portugal”.

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