As sociedades ocidentais confrontam-se, hoje, com a emergência de forças que ameaçam os fundamentos dos sistemas políticos e económicos em que continuamos a acreditar e comprometem as causas que defendemos: causas como a liberdade, a democracia e a economia de mercado.

Estas forças, mais ou menos radicais, de esquerda ou de direita, alimentam-se da frustração das aspirações dos cidadãos, da desconfiança com que encaram as instituições e, em última análise, do medo com que olham o futuro.

Olhando para o passado, verificamos que, nos últimos vinte anos, a taxa de crescimento económico média anual em Portugal foi de 0,3%. Só em quatro desses vinte anos conseguimos crescer mais do que a média da União Europeia.

O antídoto para as ameaças políticas que enfrentamos está, em grande parte, no sucesso das políticas económicas que forem aplicadas para contrariar estas previsões e promover o crescimento.

Tenho defendido, a este respeito, que as políticas públicas deverão estar focadas nas pessoas, na competitividade e na sustentabilidade. Estes três grandes eixos deverão ser encarados de forma articulada, conciliando-se e reforçando-se mutuamente.

Se a economia deve estar ao serviço das pessoas, também é verdade que o atual sentimento de insatisfação face às expectativas que alimentamos só pode ser suprido através de mais crescimento económico, assente em maior competitividade.

Por outro lado, são as pessoas, com o seu talento, o principal fator de diferenciação e de sucesso de qualquer empresa ou de qualquer nação. Por isso, a principal preocupação dos empresários e gestores portugueses é a captação e retenção de talentos.

Também o desígnio da sustentabilidade terá de ser conciliado com as aspirações das pessoas. A crescente adesão dos cidadãos às grandes causas do ambiente é crucial para a necessária alteração de comportamentos dos consumidores.

Pela mesma razão, as políticas com vista à sustentabilidade ambiental terão de ter em conta o impacto na competitividade das empresas, quer no plano interno, quer face à concorrência noutros mercados.

Só desta forma será ultrapassada a dicotomia entre ambiente e economia, com empresas ao mesmo tempo mais competitivas e ambientalmente mais responsáveis.

Será, então, necessário olhar para pessoas, competitividade e sustentabilidade, não de forma isolada, mas como os ângulos de um triângulo que é preciso articular, com vista ao desenvolvimento sustentável do ponto de vista social, económico e ambiental.