Dez anos depois de a PetroChina ter começado a ser cotada na Bolsa de Xangai, a petrolífera estatal chinesa perdeu cerca de 688 mil milhões de euros de valorização, o que os analistas da Bloomberg afirmam ser a maior queda de sempre no mercado bolsista mundial. E as coisas podem ainda piorar, uma vez que as ações da empresa na bolsa chinesa deverão descer ainda mais 16% nos próximos doze meses, de acordo com as previsões dos analistas financeiros da agência noticiosa.
A descida no valor das ações não é totalmente da responsabilidade dos seus administradores. A PetroChina foi abalada por algumas das maiores alterações políticas da última década naquele país, incluindo a vontade de o Governo tentar sufocar as medidas especulativas que levaram a petrolífera a ser a primeira empresa mundial a ultrapassar a valorização de um bilião de dólares (cerca de 860 mil milhões de euros), em 2007.
Junte-se a descida de 44% no preço do petróleo registada nos dez últimos anos e o plano ambicioso de Xi Jinping para promover a venda de veículos elétricos (que fez da China o maior mercado mundial para este tipo de veículos) e é fácil compreender a apreensão dos analistas no que respeita a futuro da PetroChina.
Em contraciclo estão as ações da empresa na bolsa de Hong Kong, onde a PetroChina se estreou em abril de 2000. As chamadas “ações H” registam um retorno positivo de cerca de 735% desde aquela data – os analistas da Bloomberg esperam um aumento no valor de até 31 durante o próximo ano, mas representam apenas menos de 12% do total de ações da empresa.
Um porta-voz da empresa declinou-se a comentar as previsões da Bloomberg e o estado da empresa, no mesmo dia em que se ficaram a conhecer os resultados do último trimestre, que se cifram em receitas líquidas de 606,8 milhões de euros, bem abaixo dos 979,4 milhões previstos pela JPMorgan Chase & Co.
Ainda que as políticas governamentais que regulam o mercado bolsista se tornassem mais permissivas, um cenário que será difícil de acontecer, os maiores investidores encontram-se, atualmente, ligados aos setores da tecnologia e dos bens de consumo, ao invés de nos “velhos” setores económicos, como o petróleo, para mais – reitere-se – numa altura em que o presidente chinês voltou a afirmar o seu compromisso para com o crescimento sustentável da economia, apontando para 2030 como o ano do fim das emissões dos automóveis no seu país.
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