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Petróleo russo. Nunca houve tantos navios-fantasma a navegar nos mares do mundo

Houve um disparo na atividade clandestina de petroleiros em 2022 no Atlântico Sul. O mar de Alboran no Mediterrâneo também é muito usado. Transferências clandestinas já foram detetadas ao largo da Madeira e Açores.
Essam-Al-Sudani/Reuters
17 Fevereiro 2023, 18h15

São petroleiros que navegam sem destino e sem carga, navegando no escuro: desligando sistemas de navegação para não serem detetados.

Nunca houve tantos navios-fantasma a navegar nos mares do mundo: um recorde de 311 navios, número que compara com a média de 14 navios, segundo os dados da “Bloomberg”.

Já em direção à Rússia seguem apenas 33 navios vazios, o valor mais baixo em registo e abaixo dos 103 em média no início deste ano.

À medida que as novas sanções à Rússia entraram em vigor, mais navios desapareceram do radar e passaram a navegar às escuras desde 5 de fevereiro, quando entrou o embargo aos produtos petrolíferos russos, como gasóleo ou gasolina.

Mais de 400 mil barris diários de gasóleo russo entravam na União Europeia diariamente. Agora, arranjam-se outras formas de o combustível entrar na UE e nos EUA.

O custo dos navios de transporte de combustíveis disparou mais de 400% desde o embargo de 5 de fevereiro.

Estes navios recorre a diferentes práticas: transferência de carga em alto mar, manipulação de sistemas de navegação para permanecerem invisíveis e permanecerem em áreas onde podem contrabandear petróleo/combustíveis, segundo a consultora marítima Windward citada pela “Bloomberg”. Se os locais mais conhecidos começarem a atrair muita atenção, vão ter de procurar novos, destaca um estudo da consultora. Isto são táticas já usadas para exportar petróleo do Irão ou Venezuela, mas agora a escala é maior.

Um dos novos centros para traficar petróleo/combustível é no mar de Alboran, ao largo de Ceuta, o enclave espanhol no norte de Marrocos.

Desde que a invasão na Ucrânia começou que a região tem sido muito procurada para transferências de carga entre navios no mar. Esta zona é conhecida por ser um centro de tráfico de droga, de acordo com a consultora.

A China e a Índia têm sido grandes compradores de petróleo russo, que têm usado para refinar em combustíveis e depois vender à UE e EUA.

A Marinha Portuguesa também já detetou transferências de petróleo ao largo de águas territoriais portuguesas na Madeira e Açores.

Desde o início da guerra que houve um disparo de 150% de navios, a maioria petroleiros, da Rússia, no norte de África. Atividades clandestinas por petroleiros dos Camarões dispararam mais de 4.000% no Atlântico sul ao longo de 2022.

Antes da nova fase de sanções que houve um aumento de 50% na atividade clandestina destes navios no Mar Negro. 25 transferências entre navios neste mar desde agosto destinou-se a navios com bandeira do Vietname; regra geral, a atividade clandestina no Mar Negro é realizada por navios de países como Malta, Libéria ou Panamá, as chamadas bandeiras de conveniência.

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