A petrolífera francesa Total anunciou esta sexta-feira que reduziu as operações e o número de trabalhadores envolvidos no projeto de gás natural em Moçambique devido aos ataques terroristas perto das instalações, o último a apenas cinco quilómetros.
“A Total reduziu temporariamente a sua força de trabalho no local em resposta ao ambiental atual”, afirmou a petrolífera em resposta à agência de informação financeira Bloomberg, não revelando, ainda assim, o número de trabalhadores que foram mandados para casa nem por quanto tempo.
“A situação está em constante avaliação”, referiu apenas a petrolífera que lidera o projeto de exploração de gás natural no norte de Moçambique, uma empreitada de 20 mil milhões de dólares e que constitui o maior investimento privado na África subsaariana.
A violência no norte de Moçambique tem-se vindo a intensificar nas últimas semanas, com o último ataque a ocorrer na semana passada e a uns meros cinco quilómetros do local onde decorrem as obras para a instalação de uma central de gás natural liquefeito, num projeto liderado pela Total, que os insurgentes já afirmaram que pode ser o próximo alvo.
Para além do problema da violência, a petrolífera destacou também que a pandemia de Covid-19 contribuiu para a decisão de reduzir a força de trabalho no local.
Moçambique tem tentado controlar a insurgência armada na província de Cabo Delgado, que começou em outubro de 2017 e já terá matado mais de 2.500 pessoas, motivando mais de meio milhão de moçambicanos a abandonarem as suas casas em fuga à violência.
O projeto da Total, a que se junta o da italiana Eni e da norte-americana Exxon Mobil, tem o potencial de transformar a economia do país quando começarem a ser exportadas as enormes quantidades de reservas de gás natural situadas no norte do país, nomeadamente ao largo da costa, e que colocarão o país no topo da lista dos maiores exportadores mundiais.
O segundo ataque próximo aos megaprojetos de gás em dezembro ocorreu na passada terça-feira, após um primeiro no dia 7 de dezembro na aldeia de Mute, situada menos de 25 quilómetros da área onde está a ser construída a zona industrial de processamento de gás natural da Área 1 da bacia do Rovuma.
Os novos ataques da última terça-feira desenrolaram-se um dia depois de o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pedir às Forças de Defesa e Segurança “máxima prontidão” face ao “silêncio do inimigo”, depois de operações com “bons resultados” por parte das forças governamentais em Macomia, outro distrito de Cabo Delgado que tem sido alvo frequente das incursões dos rebeldes.
Das operações em Macomia, segundo dados oficiais, pelo menos 37 insurgentes foram abatidos e 27 armas foram apreendidas, em operações conduzidas pelo 7.º batalhão das Forças de Defesa e Segurança destacado para a região.
A violência armada em Cabo Delgado começou há três anos e tem provocado uma crise humanitária que já levou a mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos, que se têm concentrado sobretudo na capital provincial, Pemba.
Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019. Em janeiro, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral reunir-se-á para debater a situação de segurança na região.
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