O secretário-geral da associação que representa as petrolíferas em Portugal, a EPCOL, não acredita que vá haver nova escalada dos preços dos combustíveis, mas defende que o alívio imediato na fatura só terá impacto através da componente fiscal.
“O preço da energia é muito importante, quer para empresas, quer para particulares. Nesse sentido, consideramos que quaisquer medidas de alívio de aumentos que possam ser considerados excessivos são bem-vindos por todo o setor e, particularmente, pelos consumidores, que pagam a fatura”, disse o secretário-geral da EPCOL – Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes, António Comprido, à Lusa, quando instado a comentar as declarações de hoje do ministro das Finanças.
À entrada para a reunião do Eurogrupo, em Bruxelas, Joaquim Miranda Sarmento disse esperar uma redução no preço dos combustíveis que hoje registou o maior aumento dos últimos três anos, garantindo ainda assim monitorização “nas próximas semanas” para o Governo decidir se avança com apoios como alívio fiscal.
O representante da EPCOL não tem dúvidas de que os consumidores iriam aplaudir se o Governo decidisse “mexer na única dimensão que pode para aliviar os preços que é a carga fiscal”, que pesa 50% da fatura segundo a associação. No entanto, lembrou que o executivo pode enfrentar dificuldades junto de Bruxelas.
“A Comissão Europeia tem vindo a insistir bastante em terminar com os apoios que foram dados na altura da alta de preços [2022]. Mas isso é um problema político que o Governo terá que resolver”, apontou, defendendo que do lado das petrolíferas não há espaço para reduzir as margens de lucro.
“Temos uma política que é muito típica do mercado português, que [assenta em] descontos. Praticamente todos que abastecem combustível têm um desconto por uma via qualquer e as empresas também jogam com essas margens para ter possibilidade de oferecer esses descontos. Portanto, não me parece que, adicionalmente, haja grande espaço para fazer reduções adicionais nos preços ou para absorver os aumentos do preço das matérias-primas”, assegurou.
A Comissão Europeia tem vindo a exigir a Portugal que retire os apoios adotados devido à crise energética de 2022, nomeadamente no que toca ao Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos [ISP]. Porém, hoje Mirando Sarmento adiantou que se for necessário avançar com esta nova ajuda, o executivo atuará “também junto da Comissão Europeia explicando novamente a excecionalidade de uma situação destas”
No que toca à recente subida significativa dos preços dos combustíveis, que levou hoje ao aumento, em média, de três cêntimos da gasolina e de cinco cêntimos e meio no gasóleo, António Comprido acredita que não haverá motivos para “continuar nem há razões para admitir que vai haver uma escalada de preços”.
“Olhando para a evolução dos preços, e tirando algumas oscilações que são naturais, houve uma descida progressiva desde abril do ano passado até ao final de 2024. É natural que a seguir a um período que até foi bastante longo de descidas, haja uma recuperação”, sustentou.
A correção dos preços do petróleo é explicada pelo maior consumo de energia no inverno, principalmente do gasóleo devido ao clima frio, às novas sanções impostas à Rússia, bem como à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ter adiado a reposição dos valores normais de produção.
“Todos esses fatores serão os responsáveis por este aumento que foi mais significativo nesta semana”, referiu o responsável da EPCOL, acrescentando que o futuro da evolução da cotação do petróleo irá também depender da evolução destes pontos, sendo, por isso, difícil de prever. “Não sabemos se efetivamente daqui a uma semana ou duas, ou amanhã já, os preços vão começar a descer”, sublinhou o responsável.
“Agora poderemos assistir a um período que poderá ser mais ou menos longo de subidas, mas não com aumentos de cinco cêntimos como aconteceu no gasóleo e de três cêntimos na gasolina, ao longo de várias semanas seguidas. Não nos parece que haja razões objetivas para isso. Mas posso estar enganado”, disse, reforçando que a evolução das cotações nos mercados internacionais é difícil de prever.
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