O primeiro-ministro, António Costa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostraram sintonia quanto ao recado que o Governo tem vindo a dar sobre o plano de recuperação: é preciso “responsabilidade”, disseram ambos esta segunda-feira no Palácio de São Bento, depois de um encontro de trabalho no qual discutiram as prioridades da Presidência portuguesa que arranca em janeiro e que terá como guia “o desenvolvimento social”.
“Compete-nos agora investir estes fundos de forma correcta e responsável para garantir que a nossa cooperação excelente vai continuar durante a Presidência portuguesa em 2021”, disse esta segunda-feira em declarações aos jornalistas a responsável do executivo comunitário, no primeiro dia daquela que é a primeira viagem oficial a Portugal desde que tomou posse.
António Costa, que tem insistido que os fundos que chegarão de Bruxelas não são apenas uma “oportunidade”, como requerem “responsabilidade”, aproveitou o mote para reforçar que “o trabalho que temos vindo a desenvolver em cada um dos Estados para desenvolver o seu Plano de Recuperação e Resiliência é uma enorme responsabilidade para corresponder àquilo que foi o esforço da União Europeia de organizar de uma forma absolutamente inédita a capacidade de resposta da Europa”.
Rasgando elogios à liderança de Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro sublinhou que a “a forma como a União Europeia sob o impulso da Comissão tem enfrentado esta crise é um exemplo de como a união faz a força e reforça a capacidade de todos de podermos estar à altura desta crise” e acreditar “que todos os europeus estão reconhecidos à Comissão e à liderança de von der Leyen pela forma como temos sido capazes de responder a esta crise”.
A presidente da Comissão Europeia mostrou-se confiante sobre a capacidade de Portugal enfrentar a crise. “Portugal para mim não é apenas um exemplo de como encontrar uma forma de sair desta crise, com boas ideias, trabalho duro e disciplina. Portugal é também um modelo. É um modelo sobre como definir o rumo. Muito antes da Europa abraçar o digital nesta nova década, Portugal veio mudar, por exemplo, o seu mix de energia, passando a ter energia mais limpa, mais sustentável e uma produção mais sustentável. Portugal, e em especial Lisboa, são marcos no digital. Não é uma coincidência. Há medidas do Plano de Recuperação e Resiliência feitas à medida de Portugal”, afirmou.
Ursula von der Leyen vincou que “tem havido um grande investimento por parte da União Europeia que pode ajudar a Portugal ainda mais em matérias de rumo bom e todos podem ajudar a garantir que as empresas e os postos de trabalho importantes que Portugal precisa para se continuar a desenvolver vão subsistir a esta crise”.
Reconhecendo as negociações difíceis com o Parlamento Europeu, ambos apelaram a celeridade no processo, com Ursula von der Leyen a vincar que o objetivo é um acordo.
Revelou ainda que no encontro de trabalho de cerca de 45 minutos que manteve com o primeiro-ministro ficou claro qual será a prioridade da Presidência portuguesa. “Sei que olhar para postos de trabalho, olhar para a perspetiva humana, António sei que a perspetiva social é essencial para ti, acabámos de falar disto, e falámos do Plano da Presidência portuguesa. Também são elementos que me são muito queridos. Também falamos da economia de mercado social fazer parte da nossa entidade”, disse.
António Costa explicou que a próxima Presidência portuguesa elegeu como prioridade o desenvolvimento social da União Europeia, que considera ser “uma condição fundamental para reforçar a nossa capacidade na área da saúde, de apoio aos mais idosos, no apoios aos nossos jovens, mas também de criar as condições, reforçar as qualificações para todas as pessoas estarem melhor preparadas para a transição climática e digital”, assim como reforçar a proteção social.
“Esta crise coloca uma pressão de emergência em todos nós e foi por isso que foi possível à Comissão apresentar uma proposta tão ousada como a que apresentou e o Conselho ter conseguido aprovar um acordo que muitos consideravam impossível. Há agora que concluir este processo e rapidamente conseguir pôr no terreno a execução deste plano que é fundamental para reforçar a resiliência da Europa e acelerar a transição digital e climática”, vincou.
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