PME portuguesas lideram crescimento na Europa no comércio online

Portugal é país europeu onde o comércio online nas PME mais cresceu durante este ano, ultrapassando países como a Áustria e França, com uma expansão de 39% em relação a 2021.

Os dados são do Mastercard Economics Institute e revelam que o aumento da participação das PME no mercado digital “reflete uma tendência que abrange a maioria dos países europeus, apesar das variações por setor”.

A Mastercard destaca a importância das PME (pequenas e médias empresas) portuguesas no tecido económico nacional, nomeadamente  em setores-chave como viagens, retalho (especificamente lojas de desporto, mobiliário e eletrónica de consumo). Bem como destaca o comportamento destes sectores em relação à inflação e às taxas de juro.

Entre os dados do relatório  do Mastercard Economics Institute, o destaque vai para a revelação que na Europa, apesar de em 2023 os gastos nas PME terem crescido mais lentamente do que nas grandes empresas – devido ao aumento da inflação e das taxas de juros mais altas que pressionaram os consumidores e os tornaram mais sensíveis aos preços – em 2024, os gastos nas PME estão a superar as grandes empresas em setores-chave.

O estudo revela que em Portugal a quota de gastos nas PME por indústria cresceu sobretudo no sector das agências de viagens (3.95 p.p.), no retalho, especificamente nas lojas de desporto (4.35 p.p.), mobiliário (2.02) e eletrónica de consumo (1.87), além dos serviços (3.21 p.p.).

Por outro lado, a hotelaria registou um decréscimo e a restauração e as lojas de vestuário apresentaram crescimentos muito pouco expressivos (0,35 p.p. e 0,48 p.p.9. Apesar disso a restauração representa, em 2024, 79,4% dos gastos no respectivo setor e as lojas de vestuário já representam mais de um terço desse mercado (35,4%).

Contrariamente, os gastos com PME no sector do retalho na área da mercearia registam um crescimento pouco expressivo (0,7%), bastante abaixo da média europeia (2,48%).

A Mastercard diz que se verifica um aumento da quota das PME nos gastos online em setores como T&E (Viagens e Entretenimento) e Retalho na maioria dos países europeus, apesar da magnitude diferir entre eles.

O aumento dos gastos com Viagens e Entretenimento online é maior em Itália, Dinamarca, Eslováquia e República Checa, enquanto em Portugal, Suécia e Roménia o maior aumento dos gastos verifica-se no retalho online.

As PME representavam 82% do volume de negócios do sector hoteleiro e 86% da força de trabalho do sector hoteleiro na União Europeia em 2022, de acordo com os dados do Eurostat, citados pelo estudo da Mastercard.

Ainda ao nível da UE, em 2023, os gastos nas pequenas e médias empresas cresceram mais lentamente do que nas grandes empresas. O aumento da inflação e as taxas de juro mais elevadas em 2023 pressionaram os consumidores, que se tornaram mais sensíveis aos preços.

Em 2024, os gastos nas pequenas e médias empresas estão agora a superar o desempenho das grandes empresas nos principais setores na UE.

Com a inflação a abrandar significativamente e as taxas de juro a começarem a descer, a pressão financeira sobre as PME e os consumidores está a diminuir.

Os gastos aceleraram especialmente nas pequenas e médias empresas do sector retalhista (retalho alimentar), à medida que a inflação nos alimentos e bebidas não alcoólicas abrandou de um pico de 19,2% em Março de 2023 para 1,6% em Julho de 2024 . Esta desaceleração da inflação torna ainda mais impressionante que a quota das pequenas e médias empresas nos gastos dos consumidores tenha aumentado durante este período e provavelmente reflecte o comportamento subtil de negociação na categoria alimentar, constata a Mastercard.

A maioria dos países da UE mostra que as PME se tornarão mais competitivas no retalho em 2024 — especificamente nos setores do retalho alimentar, da eletrónica de consumo e de agências de viagens no setor das viagens e do entretenimento (T&E). Além disso, os gastos nas pequenas empresas de vestuário estão a superar os gastos nas grandes empresas em países como a Áustria, a República Checa, a França, a Alemanha, a Itália, os Países Baixos e Portugal. Uma possível causa é que as pequenas empresas estão a tornar-se mais competitivas, aumentando a sua presença online e adaptando as suas ofertas para ter em conta a sensibilidade dos consumidores aos preços e a preferência por experiências, segundo o estudo.