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Politécnicos querem alargar contratação a termo a pessoal técnico

Maria José Fernandes, presidente do CCISP, diz ao JE que a Lei admite já a contratação a termo de docentes e investigadores destinados à execução de projetos e que os politécnicos gostariam de ver o seu âmbito alargado ao pessoal técnico. Os politécnicos têm estado em contacto com responsáveis políticos e acalentam a expectativa de que as suas propostas possam ser integradas no Orçamento do Estado para 2025.
28 Novembro 2024, 07h30

Maria José Fernandes, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Políticos (CCISP), que representa os estabelecimentos públicos de ensino superior politécnico, diz ao Jornal Económico que a instituição trabalhou um conjunto de medidas que melhorariam a “vida” das IES e tem a expectativa que o Orçamento do Estado para 2025 traga ganhos de causa às Instituições de Ensino Superior (IES). A também presidente do IPCA (Instituto Politécnico do Cávado e do Ave) explica ao Jornal Económico as propostas e os seus benefícios.      

O CCISP apresentou algum documento em sede da especialidade?

O CCISP tem estado em contacto com os vários responsáveis políticos, tendo apresentado algumas propostas que julgamos ser de capital importância para o ensino superior e que vão ao encontro da vontade dos vários atores em efetivar a autonomia das Instituições de Ensino Superior. 

Quais as linhas gerais das vossas medidas?

As linhas gerais seguem de perto a necessidade de se enveredar por uma maior autonomia das IES, que, apesar de o enquadramento jurídico atual, onde se inclui a CRP, fazer referência às autonomias das IES, nomeadamente a financeira, na prática, existem muitos constrangimentos legais que limitam em muito a atuação das IES. Nessa ótica, propõe-se um conjunto de medidas que visem libertar as IES destes constrangimentos, como a autoliquidação do IVA em sede de projetos PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), ou a utilização facultativa da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública – no caso da aquisição de veículos, como já sucede com os outros bens e serviços e à semelhança do mecanismo já em prática para as autarquias. 

Alguma medida mais?

Sim. Para além disso, achamos muito útil que as IES possam, no futuro, ser autorizadas a contratar pessoal técnico para a execução de programas, projetos e prestações de serviço no âmbito das missões e atribuições das instituições de ensino superior públicas, desde que os seus encargos onerem exclusivamente receitas transferidas da FCT, I.P., receitas próprias ou receitas de fundos europeus relativos a esses programas, projetos e prestações de serviço, devendo estas contratações ficar de fora dos limites que impedem o crescimento da massa salarial além dos limites fixados. Atualmente, a Lei admite a contratação a termo de docentes e investigadores; era uma questão de alargar, igualmente, ao pessoal técnico necessário para a execução destes projetos.

Que comentário lhe merecem os 408,1 milhões de euros de dotações do OE2025 para os Politécnicos?

Na linha do que o CCISP defende, importa aproximar o investimento público português daquele que é realizado pelos nossos parceiros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico), em termos percentuais do PIB (Produto Interno Bruto), com o objetivo de reforçar o financiamento do ensino superior. Nesta ordem de ideias, a verba referida revela-se insuficiente, especialmente porque uma grande parte será destinada a custear o aumento da inflação, as valorizações remuneratórias e os aumentos salariais propostos pelo Governo.

Atualmente, a afetação das dotações pelas IES é feita pela aplicação da fórmula de financiamento, o que saudamos. No entanto, discordamos, não da fórmula em si, mas de alguns dos parâmetros utilizados. Refiro-me, em particular, à utilização de diferentes ponderadores consoante o subsistema em que o curso é ministrado, o que resulta na atribuição de um financiamento mais reduzido aos Politécnicos. Esta abordagem não nos parece ajustada, tendo em conta a realidade atual do sistema.

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