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Política de imigração tem de ser “tão firme quanto moderada”, diz Leitão Amaro

Numa intervenção por videoconferência na iniciativa “Imigração: O desafio da proximidade” que hoje decorre em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, António Leitão Amaro resumiu: “Precisamos de uma política tão firme quanto moderada”.
10 Março 2025, 12h47

O ministro da Presidência defendeu esta segunda-feira que, para evitar extremos, a política de imigração tem de ser “tão firme quanto moderada” e lamentou a “coligação negativa” do PS e do Chega que não permitiu criar uma polícia de fronteiras.

“Acreditamos que, se conseguirmos implementar uma política de imigração regulada e humanista podemos evitar que Portugal caia, como outros países caíram, nos extremos em que a raiva ao que é diferente cresce, a política fica partida e o debate público fica cheio de ressentimento”, disse o governante.

Numa intervenção por videoconferência na iniciativa “Imigração: O desafio da proximidade” que hoje decorre em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, António Leitão Amaro resumiu: “Precisamos de uma política tão firme quanto moderada”.

Antes, o ministro da Presidência enumerou as políticas levadas a cabo pelo atual Governo, destacando quatro aspetos: regulação dos canais de entrada, reabilitação da resposta do Estado, reforço da fiscalização e melhoria da integração dos que acolhemos.

“Tínhamos a proposta de criar uma polícia de fronteiras na PSP, mas infelizmente o partido à nossa esquerda, o PS, e o partido à nossa direita, o Chega, impediram a criação dessa autoridade” disse António Leitão Amaro, acusando os partidos liderados por Pedro Nuno Santos e André Ventura de terem feito uma “coligação negativa”.

Considerando que “há poucos temas que despertam tantas paixões e tantas divisões como o tema da imigração”, o governante apontou que “Portugal é dos países da Europa e do Mundo que maior choque, impacto e diferença sentiu com a imigração”, traçando uma diferença entre o período antes de 2018/2019 e a atualidade.

“Portugal tinha, até 2019, uma história de imigração relativamente inalterada com a entrada de pessoas de países de língua oficial portuguesa, uma cultura muito próxima, e, a espaços, a entrada de imigrantes do Leste da Europa. A partir de 2019 a realidade transformou-se muito com uma mudança de geografias de origem muito grande. Isto em si, independentemente de qualquer juízo, é um desafio”, considerou.

E continuou atirando mais um reparo ao partido que antecedeu o executivo de Luís Montenegro no poder: “Esse desafio é muito maior (…) porque o Estado, desmantelou a sua grande agência de imigração, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), de forma muito rápida e impreparada e não organizou os seus serviços públicos e as estruturas sociais de forma a fazer um acolhimento com humanismo”.

António Leitão Amaro reconheceu que estas mudanças podem causar “pressão e até sentimentos de intranquilidade na população residente”, referindo que o Governo tem de evitar os extremos, quer o de pensar que a situação se autorregula e não há nada a fazer, quer o discurso de ódio da rejeição e da negação.

O governante lembrou que “as pessoas que vêm de fora são pessoas a fugir de situações desesperantes, fomes, guerras, perseguições políticas, ou migrantes que procuram melhorar a sua vida social e economicamente”, sem esquecer que “Portugal precisa, mesmo na perspetiva económica e utilitária, da imigração”.

Sem esquecer o papel das autarquias e das associações de imigrantes, o ministro da Presidência destacou o desafio que as escolas têm, escolas que há 7 anos tinham 55.000 alunos estrangeiros e agora contam com 170.000, disse.

“A escola é um dos melhores instrumentos de boa integração para quem vem de fora”, considerou.

O ministro da Presidência anunciou que o Governo está a preparar, em parceria com empresas, medidas para agilizar a integração de migrantes.

Em causa está o pacote de medidas ao qual chamou “obtenção acelerada de vistos”, programa iniciado com negociações com as confederações patronais, disse o ministro para quem a migração económica no país “deve ser migração laboral” e “deve vir com responsabilidade dos empregadores”.

Considerando que quem chega, tem de garantir “o respeito dos direitos humanos e dos valores constitucionais”, bem como ter “um compromisso de integração na sociedade portuguesa”, leitão Amaro disse que “os valores devem ser respeitados por todos”.

A conferência organizada pela Rádio Renascença em parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia ficou marcada, quando decorria o primeiro painel da manhã “Imigração: fonte de riquezas para Portugal?”, por uma pequena altercação quando uma pessoa que assistia interpelou a mesa de forma algo exaltada e foi escoltado à saída por polícias à paisana.

O momento foi gravado por um grupo de pessoas, alegadamente, ligado ao grupo ultranacionalista Reconquista.

A agência Lusa tentou perceber se o grupo foi identificado, mas fonte da PSP remeteu esclarecimentos para mais tarde.

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