O instituto polaco de monitorização das redes digitais NASK anunciou hoje ter descoberto tentativas de interferência na campanha presidencial da Polónia, com “mensagens coerentes com a linha de propaganda russa”.
O anúncio sobre as alegadas interferências foi feito três dias antes da primeira volta do escrutínio, marcada para domingo.
A campanha eleitoral na Polónia é marcada por um confronto duro entre o pró-europeu Rafal Trzaskowski e o populista Karol Nawrocki.
Trzaskowski, candidato da Coligação Cívica do primeiro-ministro Donald Tusk, lidera as sondagens com cerca de 32% das intenções de voto.
O historiador Nawrocki, promovido pela oposição nacionalista populista Lei e Justiça (PiS), tem o apoio de cerca de 26% dos potenciais eleitores, de acordo com as últimas sondagens, citadas pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O NASK declarou em comunicado que, em cooperação com os serviços especiais, descobriu “novas operações de informação destinadas a desestabilizar o processo eleitoral” na Polónia.
“A análise incidiu sobre a atividade de uma rede de várias centenas de contas falsas na rede X (antigo Twitter), que difundiam, de forma coordenada, mensagens coerentes com a linha de propaganda da Federação Russa”, disse o instituto.
As mesmas narrativas, com uma apresentação gráfica idêntica, foram também detetadas no serviço de mensagens Telegram, publicadas por “contas conhecidas pela participação em atividades de desinformação russas”.
De acordo com o NASK, o conteúdo das mensagens difundidas dizia respeito principalmente a temas que polarizam o debate público, relacionados com a segurança, a política externa, a migração ou a situação socioeconómica.
Desde o início do ano, o NASK disse ter detetado mais de 10.000 contas em inglês e polaco que “tentavam influenciar as eleições, informando sobre a ameaça potencial de ataques terroristas a 18 de maio”, dia das eleições.
As equipas de Trzaskowski e de Nawrocki anunciaram hoje a intenção de remeter para o Ministério Público casos de desinformação e ações dirigidas contra os respetivos candidatos, que podem ter sido financiadas a partir do estrangeiro.
Varsóvia denunciou em maio a intensificação dos ataques informáticos russos contra a Polónia.
Um dos ataques visou o sistema informático do partido da Coligação Cívica, de Donald Tusk.
As autoridades polacas, aliadas da vizinha Ucrânia, invadida pela Rússia desde fevereiro de 2022, têm vindo a alertar há meses para a possibilidade de Moscovo tentar interferir nas eleições presidenciais através de ciberataques e desinformação.
A Polónia tem acusado frequentemente a Rússia de levar a cabo ataques híbridos e de orquestrar sabotagens em território polaco.
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