As yields das obrigações de diversos países no mundo têm aumentado consideravelmente ao longo das últimas semanas, tendo atingido nos Estados Unidos o nível mais alto ao longo de toda a pandemia – o juro das obrigações a 10 anos atingiu 1,85%. Tem sido possível observar analistas a indicar a elevada inflação como o principal motivo desta valorização, referindo que uma diminuição da taxa de juro real levaria investidores a exigir um valor mais elevado como retorno dos investimentos realizados. No entanto, apesar da lógica que existe por detrás desse argumento, a inflação não é o aparente motivo que justifica o afastamento de investidores do mercado obrigacionista.
A taxa de breakeven – diferença entre o rendimento das obrigações do Tesouro e as obrigações protegidas pela inflação – mantém-se estável, mostrando que os mercados não estão a discriminar os ativos indexados à subida generalizada dos preços. Os rendimentos obrigacionistas representam sempre uma previsão de futuras taxas de curto prazo. Como consequência disso, a razão deste aumento do rendimento real é multifatorial onde o capítulo das expectativas é absolutamente central na definição deste acontecimento. Em particular, destacaria as seguintes razões:
Apesar de tudo, os juros reais continuam consideravelmente baixos
Na realidade, o rendimento real das obrigações norte-americanas a 10 anos continua a ser negativo. O mesmo se passa com a Alemanha. No entanto, estes rendimentos não são tão negativos como eram há umas semanas e continuam em níveis historicamente baixos. E isto também revela o que o mercado pensa relativamente a diversas variáveis económicas:
Como tal, o aumento dos rendimentos das obrigações até pode ser visto como um sinal de saúde ou expectativa de crescimento económico. As expectativas de inflação teriam de se alterar consideravelmente (o que não é impossível de acontecer) para que os mercados começassem a ver isso como um problema – assim, parece pouco provável que as yields das obrigações aumentem precipitadamente.
Frederico Aragão Morais
Senior Market Analyst na Qaestum Capital
Este conteúdo patrocinado foi produzido em colaboração com a Qaestum Capital.
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