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Porto de Sines aposta no potencial do agronegócio com o Brasil

Após contactos diretos entre os dois Ministérios da Agricultura, está em cima da mesa a possibilidade de implantação em Sines de um terminal para exportação de frutas e carnes brasileiras para outros países europeus, para o norte de África e para o Médio Oriente. Nesse sentido, já foi assinado um protocolo entre a Comunidade Portuária de Sines e a Câmara de Comércio Brasil-Portugal Centro Oeste.
18 Janeiro 2021, 07h45

O porto de Sines está a apostar no potencial de desenvolvimento de atividades ligadas ao agronegócio com o Brasil, em particular nas utilização das suas extensas áreas logísticas para essa vertente de atividade.

Esta nova vertente de atuação do porto de Sines tem sido desenvolvida na sequência da recente visita a Portugal – e ao porto alentejano – da ministra brasileira da Agricultura, Tereza Cristina, entre 12 e 14 de outubro.

Nessa visita oficial, a ministra brasileira da Agricultura encontrou-se com a sua homóloga portuguesa, Maria do Céu Albuquerque, e com vários responsáveis da AICEP e da AICEP Global Parques, tendo sido discutia a possibilidade de implantação em Sines de um terminal para exportação de frutas e carnes brasileiras para outros países europeus, para o norte de África e para o Médio Oriente.

Questionado pelo Jornal Económico sobre quais os projetos potenciais para Portugal, Brasil e outros eventuais parceiros no setor agroalimantar que poderão basear-se nas áreas logísticas do porto de Sines, o Ministério da Agricultura respondeu que “as novas dinâmicas do mercado internacional, nas quais o Brasil assume uma importância cada vez maior, fazem que seja cada vez mais importante rever o circuito logístico da agroindústria na Europa”.

“A utilização de um porto de águas profundas no sul do continente, possibilita, por um lado, operações de transbordo para o norte de África, o Mediterrâneo e a própria Europa atlântica e, por outro lado, a instalação em Sines, em condições muito competitivas, de projetos de cariz industrial e/ou logístico que acrescentem valor na cadeia logística agroalimentar”, defende o ministério liderado por Maria do Céu Albuquerque.

Ainda de acordo com o Ministério da Agricultura, “Sines pode afirmar-se como um novo ‘hub’ europeu de agronegócio, tendo o Brasil como parceiro estratégico, em virtude do potencial oferecido pelo terminal ‘multipurpose’ [multiusos] para a movimentação de grãos (principalmente soja e milho), associado à disponibilidade de serviços de linha regular garantidos pelo terminal de contentores, ao que se junta a disponibilidade de áreas para instalação de projetos de agroindústria no porto e na ZILS [Zona Industrial e Logística de Sines]”.

Como primeiro desenvolvimento destes contactos bilaterais, a Comunidade Portuária e Logística de Sines celebrou, já na primeira semana deste ano, um protocolo com a Câmara de Comércio Brasil Portugal – Centro Oeste para promoção do agronegócio naquele porto nacional.

“A CPLS – Comunidade Portuária e Logística de Sines celebrou um protocolo de cooperação com a Câmara de Comércio Brasil Portugal – Centro Oeste (CCBP-CO) com o objetivo de estudar e promover uma solução logística eficaz e eficiente para a exportação de produtos agropecuários brasileiros pelos portos brasileiros, preferencialmente os localizados no Arco Norte, com destino à Europa e ao Norte de África, através do porto de Sines”, revela um comunicado da Comunidade Portuária de Sines.

O mesmo documento adianta que o protocolo em questão “prevê a constituição de um grupo de trabalho multidisciplinar com conhecimento profundo da cadeia de valor do mercado agropecuário brasileiro, incluindo a operação marítimo-portuária e a logística multimodal no Brasil e na Europa”.

Recorde-se que a CCBP-CO representa os interesses dos produtores do Centro Oeste do Brasil que, na sua totalidade, são responsáveis por cerca de 45% de toda a produção agrícola brasileira.

“Grande parte desta produção é destinada à Europa, utilizando os portos de Santos e Paranaguá ao invés dos portos do Arco Norte que, potencialmente, podem oferecer uma forte redução nos custos logísticos e ambientais, utilizando Sines como porta de entrada na Europa”, explica a CPLS.

Os responsáveis da Comunidade Portuária de Sines sublinham ainda que “este protocolo insere-se na estratégia da plataforma industrial, logística e portuária de Sines em promover novas áreas de negócio em Sines, como o agronegócio, através do potencial existente de deslocalizar os fluxos logísticos do norte da Europa para Portugal, graças à oferta conjunta e completa que Sines apresenta”.

Entre os objetivos da CPLS destacam-se “o reforço das relações comerciais com entidades congéneres, o aumento de produtividade por via da inovação tecnológica, a valorização dos seus ativos e meios humanos e a consolidação de Sines como o principal ‘hub’ atlântico da Península Ibérica, atraindo novos investimentos na área portuária e na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS)”.

 

 

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