Os portos do Continente registaram uma quebra de 11,9% nas cargas movimentadas no primeiro semestre deste ano em comparação com o período homólogo do ano passado, tendo sido responsáveis por cerca de 40 milhões de toneladas nos primeiros seis meses do ano.
“Os portos do Continente recuam -11,9% no primeiro semestre de 2020 face a igual período de 2019, movimentando um total de 39,4 milhões de toneladas de carga. Relativamente ao mês de junho isoladamente, confirma-se um ligeiro abrandamento da diminuição da atividade, quando comparado ao mês anterior, recuperando 2,8 pontos percentuais”, destaca um comunicado da AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
Segundo o órgão regulador dos transportes, “a grande maioria dos portos apresenta comportamentos negativos, à exceção dos portos da Figueira da Foz e de Faro”.
“Sines e Lisboa são os portos onde se registam as quebras mais expressivas” no período em análise, destaca a AMT.
Em termos de mercadorias, “o carvão é a carga que protagoniza a redução mais significativa ao perder 1,9 milhões de toneladas nos primeiros seis meses do ano”.
O porto de Sines mantém a liderança do movimento global portuário no Continente, “embora perdendo a maioria absoluta, com 49,2% do total de carga”.
A AMT explica a quebra com “a conjugação de comportamentos negativos verificados na maioria dos portos, com exceção para Figueira da Foz e Faro, sendo mais expressiva em Sines e Lisboa, ao registarem, respetivamente, quebras de 2,8 milhões de toneladas e 1,4 milhões de toneladas”.
“O carvão – o único mercado cuja variação é, sem dúvida, independente da pandemia da Covid-19 – é a carga que protagoniza a redução mais significativa, de 1,9 milhões de toneladas, que corresponde a uma quebra de 86,4%, explicada pelo facto de Sines ter desembarcado apenas cerca de 75 mil toneladas (-96,2%). Estes valores resultam da suspensão quase total da atividade das centrais termoelétricas de Sines e de Pego (com quebras de produção respetivas de 99,1% e de 76,3% no período em análise), alimentadas com este combustível fóssil, na sequência da forte penalização económica associada às elevadas emissões de CO2”, esclarece o comunicado da AMT.
Por seu turno, os mercados do petróleo bruto e dos produtos petrolíferos, registaram quebras, de 426,26 mil toneladas (-7,4%) e de 1,34 milhões de toneladas (-14,6%), respetivamente.
“Quebras que resultam inequivocamente da crise pandémica, uma vez que esta levou a uma forte retração do consumo de combustíveis, a nível nacional e internacional, e, consequentemente, a uma interrupção e redução da sua produção por falta de capacidade de armazenamento”, justifica a AMT.
No que respeita à carga contentorizada, também registou quebras no primeiro semestre de 2020, “com uma redução de 852,3 mil toneladas (-5,4%), explicada quase exclusivamente pelo comportamento do porto de Lisboa, que vê o seu volume reduzido em 1,04 milhões de toneladas (-44,3%), comportamento esse que não pode ser dissociado do clima de perturbação laboral existente, decorrente dos persistentes pré-avisos de greve dos trabalhadores portuários”.
“Este recuo resulta também da conjunção do comportamento do segmento de tráfego com o ‘hinterland’ e do tráfego de ‘transhipment’, que em volume de contentores registam variações respetivas de +7,3% e de -6,1%, sendo que este último afeta principalmente o porto de Sines, por estar fortemente integrado nas cadeias logísticas globais, resultado inequívoco da contração da economia mundial por efeito da pandemia da Covid-19”, adianta o órgão regulador.
De acordo com a AMT, neste segmento dos contentores, o porto de Leixões registou “o volume mais elevado de sempre, com um total de 3,58 milhões de toneladas de carga contentorizada, ou seja, +3,4%”, enquanto o porto de Setúbal cresceu 6,6%.
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