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Portugal corre o maior risco na UE de uma crise prolongada, afirma o banco ING (com áudio)

A elevada exposição ao turismo e outros sectores vulneráveis, o que significa uma percentagem considerável da economia sem a possibilidade de teletrabalho, bem como fragilidades macro e falta de literacia digital colocam o país em risco de uma crise profunda que, juntamente com o resto do Sul da Europa, pode resultar num agravamento do fosso em relação ao Norte mais desenvolvido.
21 Abril 2021, 07h55

Portugal é o país da União Europeia (UE) que apresenta maiores riscos de uma crise económica prolongada e de aprofundar o fosso para as nações mais desenvolvidas do bloco europeu, defende o banco ING.

Num relatório do departamento de análise económica, o banco refere que a exposição da economia nacional ao turismo, os seus desequilíbrios macro e a composição e competências do mercado de trabalho a colocam em risco de aumentar a divergência real em relação aos países mais desenvolvidos.

Este resultado é transversal às restantes economias do Sul da Europa, o que pode funcionar como um agravamento das desigualdades entre Estados-membros da UE. Ainda assim, Portugal apresenta o maior grau de vulnerabilidade, segundo os cálculos do banco holandês.

Este indicador é calculado com base no impacto em termos de PIB da pandemia, em termos globais e por sector, no grau de digitalização da sociedade, no peso do turismo no PIB de cada país, percentagem de pequenas empresas no sector produtivo, taxa de poupança, percentagem de trabalhadores vulneráveis, taxa de desemprego e variações na liquidez, passivos e dívida de cada país, explica a nota.

Em particular, o ING destaca a probabilidade de uma onda de insolvências nestes países, dada a composição da economia, com grande peso de sectores vulneráveis à Covid-19 como o turismo, a preponderância de pequenas empresas com menor capacidade de sobreviver a perdas de receita e a menor saúde do sistema financeiro pré-pandemia nos países do Sul da Europa, quando comparando com os do Norte.

Assim, e mesmo considerando as respostas orçamentais a nível nacional, é provável que a recuperação europeia se dê a diferentes velocidades, com os países bálticos como a surpresa, ao conseguirem retomar o seu nível de PIB pré-pandemia ao mesmo tempo que as economias mais desenvolvidas do Norte da Europa. Pelo contrário, em países como Portugal, Espanha ou Grécia o nível produtivo está ainda consideravelmente abaixo do verificado antes da chegada da Covid-19.

Isto sucede também dada a literacia digital dos países mais avançados do espaço único europeu, onde a possibilidade de teletrabalho é mais generalizada na economia, pelo que a permanência de confinamentos tem um menor impacto na atividade económica.

Adicionalmente, a ausência de uma resposta orçamental mais determinada prejudica a UE como um todo, especialmente se comparada com os EUA, onde o Governo federal tem lançado rondas de apoios mais generosos e com consequências económicas mais fortes.

O estudo reconhece, no entanto, a importância dos fundos de recuperação, que podem servir como um motor de convergência real ao serem atribuídos com maior peso a economias menos desenvolvidas. Para o caso português, onde o turismo dificilmente recuperará a sua vitalidade ainda em 2021, é um efeito desejável.

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