Dos valores e princípios

Estamos sem dúvida num momento de enorme desafio, que só pode ser vencido com o melhor de cada um a vir ao de cima, para o bem de todos. Desafio requer Esperança. Esperança requer foco no bem comum a médio prazo e integridade em tudo o que fazemos, sempre.

Das lideranças 

Escolher este tipo de Liderança é sem dúvida o primeiro passo para a solução. Um gabinete de crise requer os melhores. Assim como o desafio é pandémico, as melhores soluções também vão ser encontradas em rede, em cooperação, pelas próprias equipas que melhor sabem o seu ofício. Mas para operarem, as equipas e as empresas precisam de informação, meios e mandato, dentro de regras.

Das prioridades

Não se generalizam prioridades, estabelecem-se regras relevantes, úteis e eficazes, ou seja, que de facto levem a soluções. Exige-se disciplina nos valores e princípios e liberta-se o restante, para que o melhor de cada um contribua para a solução. Cada empresa e equipa irá encontrar o seu caminho. Vamos precisar de todos. O país vê-se numa situação que não há bens e equipamentos básicos, alguém tem de avançar e prover. É essencial não cair na tentação de querer decidir tudo por todos. É essencial que neste momento alguns reconheçam que as soluções do passado não são úteis neste momento e se abstenham. Não estamos numa luta de classes. Não estamos numa luta clubista. Estamos numa luta pela vida. Pela vida das pessoas, pela vida das empresas, pela vida da nossa sociedade.

Do Estado

Na última crise, todos estavam endividados excessivamente, Estado, famílias e empresas. O modelo de desenvolvimento económico-social pelo qual optámos não resultou em bem-estar para todos e não nos preparou para o futuro. Não investimos. Perdemos músculo nas últimas décadas. No entanto, independentemente da luta política, se há consenso que todos partilhamos é que foram as empresas, sobretudo as exportadoras, que mais rápido se adaptaram e começaram a contribuir. Penso que é nelas que temos de apostar melhor.

A preocupação deve ser a de dar todos os meios possíveis para que as empresas possam reter emprego, adaptar, ressurgir e assim proteger os seus colaboradores e as suas famílias. Ora, o establishment é de recolher impostos e despendê-los. Não vai funcionar, por mais orçamentos retificativos que venham por aí. Mais vale o Estado ter um deficit elevado um ano e as empresas ressurgirem em meses, do que o Estado “gerir” a sua contabilidade como tem feito e as empresas não conseguirem respirar com tantas regras e compromissos fiscais. Será um desperdício. Será o foco errado.

Do pacote de medidas

Os primeiros sinais são que a direção pode estar certa, mas não são suficientes. A CGD acertou melhor. Há regras que devem ser abolidas pois não fazem sentido, como o Pagamento Especial por Conta, há regras que devem ser suspensas, porque fazem sentido mas devem aliviar temporariamente, como as contribuições para a Segurança Social e há regras que devem ser alteradas urgentemente para incentivar uma forte poupança e investimento dentro da empresa, como por exemplo a isenção de IRC dos lucros investidos.

A questão não deve ser colocada ao nível de atrasar o pagamento ao Estado. É mais sustentável deixar o caixa das empresas disponível de uma forma permanente e previsível do que deixar uma espada de Dâmocles a ser usada pelo Estado logo que entenda, pois todos os empresários responsáveis vão ter de contabilizar esse custo e trabalhar para o pagar, em vez de dar prioridade ao emprego sustentável.

A questão macro, virtuosa ou viciosa

Claro que fica o desafio do equilíbrio orçamental do Estado por solucionar, mas se a economia estiver em recuperação será de solução rápida e o Estado, no curto prazo, tem acesso a mecanismos europeus e internacionais substanciais. Se a economia estiver parada e a pensar no prejuízo, então estaremos num ciclo ainda mais negativo. Quem tem medo, compra um cão, diz o nosso Povo com toda a sabedoria. Agora é tempo de liderança. Sim, a de quem tem fibra e não deixa ninguém para trás!