No final deste mês Portugal vai a votos, numas eleições de extrema importância para todos, e cujo debate se centra entre a escolha em Rui Rio (com o bloco dos partidos de centro e direita) e aquele que governou Portugal nos últimos seis anos, António Costa (os da denominada esquerda ou geringonça).
Nesta aventura estimulante da minha Tribuna Social no Jornal Económico, que dura há perto de quatro anos, ou 200 semanas, as minhas análises da atualidade política, económica e social obedecem sempre a um exercício exigente, pois na escrita estamos, e muito bem, permanentemente “presos” no futuro ao que pensamos no presente.
Tem sido uma experiência única, libertadora e estimulante, o de escrever semana após semana, sobre os problemas e oportunidades reais, de um Portugal onde os acontecimentos se sucedem a um ritmo vertiginoso. A pergunta que faço todas as semanas, é aquela a que sempre volto, quando escrevo: “E agora, Portugal?”.
Um Portugal que, com a ascendência da esquerda nos últimos anos, nos levou novamente a uma encruzilhada difícil, num país cada vez mais desigual, mas que agora, em época eleitoral, o PS parece de novo encontrar motivos para fazer comemorações, sendo que tudo o que corre mal é culpa da pandemia. E assim, lá vai, envergonhadamente, colocando na estrada a “máquina” eleitoral da esquerda, tentando distorcer a realidade.
Um Portugal que, nos últimos anos, nos rankings internacionais sobre competitividade económica, se tornou o segundo país que mais se afundou comparativamente com as 60 principais economias do mundo, onde o poder de compra caiu em 2020 para 76,4% da média europeia, e onde as variáveis menos positivas da corrupção, da carga fiscal e da economia paralela mais terão contribuído para a queda abrupta de Portugal. Isto merece uma profunda reflexão.
Um Portugal com o risco da pobreza a aumentar para 18,4%, e que detém o título do terceiro país da União Europeia que regista o número mais elevado de pessoas em regime de trabalho temporário, onde cerca de um quarto dos trabalhadores portugueses (22%) são precários, quando a média da Europa não excede os 14%. Um país onde cerca de dois terços (64,5%) dos trabalhadores temporários são jovens e cerca de 82% dos trabalhadores temporários se encontravam nesta situação involuntariamente.
Um Portugal em que a percentagem de portugueses que recebem o salário mínimo nacional aumenta exponencialmente e este aproxima-se perigosamente do salário médio, com um crescimento nos últimos anos de 15%, correspondendo a um em cada quatro dos que trabalham (25,6%) que vivem com 600 euros mensais (deduzidos já os descontos da Segurança Social). Falamos, pois, de 1.245.000 trabalhadores portugueses que vivem nesta situação, mais de 300 mil do que quando a esquerda começou a governar – em 2015, eram 973 mil que viviam com o salário mínimo.
Um Portugal endividado, que já emitiu dívida pública em moeda chinesa, tamanha é a dificuldade de colocar tantos milhares de milhões no mercado internacional.
É com este diagnóstico trágico e amargurante que vamos ao primeiro embate eleitoral de 2022. A verdade é que somos um povo com esperança e resiliência, e vamos continuar a lutar pela nossa economia e pelo Portugal empresarial que faz bem, que luta, que empreende e que não se conforma, mas que precisa que a classe política os acompanhe nessa imperiosa missão e desígnio nacional. No final do mês veremos… mas é preciso mudança!