As insolvências devem aumentar em termos globais 6%, em 2025 e 3% em 2026, depois de em 2024 terem subido 10%, indica o Relatório Global de Insolvências, da Allianz Trade. Em Portugal a subida deve ser de 4%, em 2025 e em 2026 devem estabilizar.
“Para Portugal, a previsão de insolvências para 2025 e 2026 acompanha a tendência observada em Espanha,
com um aumento mais moderado em 2025 (+4%) e uma estabilização em 2026 (0%). Em 2024, o número das insolvências cresceu em grande parte dos distritos, destacando-se o Porto, com um aumento de 14%”, refere o relatório da Allianz.
“No entanto, esta tendência não é homogénea entre os setores. Entre os seis setores com mais casos de insolvências em 2024, registaram-se aumentos nos serviços (+7%), têxteis (+24%) e agroalimentar (+4%), enquanto a construção (-9%), o retalho (-1%) e os transportes (-3%) apresentam uma diminuição. No total, prevê-se cerca de 2.400 insolvências em 2025, um valor ainda ligeiramente abaixo dos níveis pré-pandemia”, refere o relatório.
O relatório salienta que em 2024 registou-se outro “aumento rápido e amplo” nas insolvências empresariais, o que significa que a maioria das economias avançadas começou 2025 com insolvências empresariais “já bem acima” dos
números pré-pandémicos.
As insolvências globais aumentaram +10%, em 2024, (de +7% em 2023), terminando 12% acima do nível médio de 2016-2019.
“A América do Norte e a Ásia impulsionaram a recuperação global, enquanto a Europa Ocidental continuou a ser um contributo chave, apesar de uma aceleração mais lenta. Nesta região, dois terços dos setores registaram um aumento das insolvências em 2024, destacando-se os transportes, construção e serviços business-to-business (B2B), levando quase metade dos setores a superar os níveis pré-pandémicos, especialmente nas economias mais avançadas. É importante destacar que 474 grandes empresas faliram globalmente no ano passado, tornando ainda mais importante para as empresas monitorizar de perto o risco dos efeitos dominó sobre os fornecedores e subcontratados”, disse a lead analyst na área da pesquisa de insolvências da Allianz Trade, Maxime Lemerle.
A Allianz Trade espera aumentos nas insolvências empresariais, ao nível global, em 2025 e 2026, o que se a confirmar seria o quinto ano consecutivo em que tal aconteceria.
“Esperamos que as insolvências empresariais globais aumentem em 6% em 2025 e 3% em 2026. Esse ajuste para cima resulta do risco de atraso na flexibilização das taxas de juro, do aumento da incerteza e da fraca procura. As taxas de juro relativamente altas podem prejudicar setores e empresas altamente alavancados, bem como aqueles que têm desafios específicos para financiar – como a transição verde, a competição de inteligência artificial (AI)
ou atritos na cadeia de abastecimento. Ao mesmo tempo, a incerteza prolongada pode deixar as empresas no modo de “esperar para ver”, levando à redução da atividade em detrimento de empresas já frágeis. Enquanto isso, há também outros fatores de risco, como a persistente falta de impulso económico e a liberação pós-Covid do backlog de insolvências. O ambiente de negócios raramente foi tão complexo e volátil, e as empresas devem permanecer alertas para evitar o risco de não pagamento”, disse o CEO da Allianz Trade, Aylin Somersan Coqui.
Estas subidas nas insolvências empresariais globais teriam também “impacto significativo” nos empregos, alerta a Allianz Trade.
“Em 2025, esta situação colocará 2,3 milhões de empregos diretamente em risco a nível global (+120 mil em comparação a 2024), antes de um aumento menor em 2026 (+30 mil). A Europa Ocidental (1,1 milhões) lideraria essa contagem global, à frente da América do Norte (450 mil), embora isso represente uma alta de 10 anos para ambas as regiões. A Ásia seguiria (320 mil) com um número anual aproximadamente estável desde 2022”, refere o relatório.
O relatório diz que os principais setores em risco seriam a construção, o retalho e os serviços, que adianta que o risco de as taxas de juro “permanecerem elevadas e de uma potencial guerra comercial podem aumentar ainda mais” as insolvências globais.
“A expansão do crédito pode ajudar a reduzir as insolvências corporativas, fornecendo às empresas liquidez para gerir obrigações de dívida, sustentar as operações e investir no crescimento. O acesso ao crédito permite que as empresas refinanciem passivos, cubram défices de receita e evitem falências, especialmente durante crises económicas”, acrescenta o relatório.
A Allianz Trade tem a expetativa que as taxas de juro “caiam tanto” na Europa quanto nos Estados Unidos enquanto que, os riscos inflacionários, especialmente nos Estados Unidos, “podem ameaçar” cortes nas taxas.
“Se os custos de empréstimos aumentarem e tornarem o crédito menos acessível, isso pode levar a uma desaceleração no crescimento do crédito, apertando as condições financeiras e aumentando os riscos de morosidade para empresas altamente alavancadas”, defende a Allianz Trade.
O relatório diz ainda que uma redução de 1% no crédito pode resultar num “aumento nas insolvências nos próximos três meses em cerca de 3% nos Estados Unidos, 0,4% na Alemanha, 1% no Reino Unido e 2% em França”, e defende que o principal risco deve residir numa possível guerra comercial.
“As nossas perspetivas para as insolvências podem deteriorar-se caso a economia europeia tenha um desempenho mais fraco do que o esperado, com uma maior falta de impulso, ou se houver uma resiliência mais fraca na Ásia Pacífico e maiores flutuações da China, bem como se a perspetiva para os Estados Unidos se deteriorarem ainda mais. A geopolítica pode ser também um grande fator de agitação, com os conflitos em andamento na Rússia-Ucrânia e no Médio Oriente, tensões no Mar da China Meridional e com incertezas política sobre Taiwan. Uma guerra comercial completa aumentaria a nossa previsão de insolvência em 2,1 pontos percentuais (p.p.) e 4,8 p.p. adicionais, o que significa que as insolvências empresariais globais aumentariam em 7,8% e 8,3% em 2025 e 2026, respetivamente. Para 2025-2026, isso significaria 6.800 casos adicionais nos EUA e 9.100 na Europa Ocidental”, disse a lead analyst na área da pesquisa virada para as insolvências da Allianz Trade, Maxime Lemerle.
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