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“Portugal já perdeu 108 mil postos de trabalho e há empresas que ainda não receberam apoios”, alerta António Saraiva

António Saraiva, presidente da CIP, considera que “alguma morosidade” do Governo em lançar medidas de apoio à economia ajudou à destruição de mais de cem mil postos de trabalho desde o início do ano.
24 Novembro 2020, 17h22

O patrão dos patrões, António Saraiva, teceu esta terça-feira duras críticas ao Governo pela perda de mais de cem mil postos de trabalho desde o início do ano.

O presidente da CIP — Confederação Empresarial de Portugal, disse que “até agora perdemos 108 mil postos de trabalho” devido a “alguma morosidade de medidas que o Governo lançou” e também por causa da “burocracia” de alguns mecanismos de apoio às empresas, nomeadamente no acesso às linhas de crédito Covid-19.

“Estamos em novembro e há empresas que ainda não receberam financiamento nem qualquer ajuda” do Estado, revelou António Saraiva, que participou no debate sobre o Orçamento do Estado para 2021, no âmbito da webconference “Orçamento do Estado 2021”, promovida pela consultora EY e o Jornal Económico, que se realizou esta tarde.

António Saraiva considerou ainda que 80% dos empresários inquiridos pela CIP considera que as medidas lançadas pelo Governo são insuficientes ou muito insuficientes, o que prejudica o investimento e a exportações, que “são os dois motores de qualquer economia” e que é “aí que as ajudas de Estado se têm revelado insuficientes.

O presidente da CIP teme ainda que, com a retoma económica, possam haver outros países que passem a ter poder concorrencial com Portugal, lembrando a desvalorização da lira turca pelo presidente Recep Tayyip Erdoğan, que poderá a passar a competir com Portugal em diversas áreas de atividade económica, não apenas na transformação de matérias primas, mas também no turismo.

“Não entendemos que seja o orçamento que o país precisa e muito menos aquele que a economia e as empresas necessitariam”, frisou o patrão dos patrões, vincando ainda que existe “um desfazamento” entre a mensagem política do Governo e a realidade da economia e das empresas.

Sobre a quantificação do apoio às empresas de dois mil milhões de euros que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, que falara antes de António Saraiva, o presidente da CIP revelou-se surpreendido com o um número “desta magnitude” porque “não sentimos, no dia-a-dia, que este montante tenha correspondência da resolução dos problemas das empresas”.

“Percebo que a mensagem política tem de ser numa linguagem pela afirmativa e pegando em números que, em termos macro, estarão certos. Mas mais do que os anúncios, para as empresas importam as realidades e a eficácia das medidas”, adiantou António Saraiva.

O presidente dos patrões, tal como Pedro Braz Teixeira, que também participou neste debate, considerou que o Governo tinha pouca margem para fazer mais pela economia com o OE2021, e lançou farpas aos quatro anos de governo da ‘geringonça’, formado pelo Executivo socialista, ladeado pelos comunistas e os bloquistas.

“As opções políticas feitas desde há quatro anos não deixam que Portugal tenha hoje margem para responder à necessidade de responder à pandemia, razão pela qual estamos hoje com dificuldades para acudir à economia e à tipologia empresarial que nos integra, diferente de outros países que, com estratégias orçamentais diferentes e com crescimentos diferentes nos últimos anos têm uma capacidade diferente para responder às necessidades da economia e das empresas”, concluiu António Saraiva.

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