A energia verde, pegada de carbono e outros desafios que fazem parte do nosso quotidiano para um planeta mais saudável são, de facto, desafios incontornáveis nos nossos dias. A mobilidade, e mais concretamente o sector dos transportes, tem sido alvo de constantes desafios neste campo e em questões como a norma de emissões Euro VII. Quem ganha e quem perde a batalha dos desafios no limiar de 2035 é, por ora, um ponto de interrogação.

Para cumprir com as metas propostas, a tecnologia de baterias eletroquímicas recarregáveis pode desempenhar um papel fundamental, promovendo uma das tecnologias mais versáteis de armazenamento de energia, desempenhando por esta via um papel chave na transição contínua dos combustíveis fósseis para energias renováveis, a fim de alcançarmos um planeta mais verde, bem como a neutralidade carbónica.

Se a tecnologia de baterias de iões de lítio faz parte deste “ecossistema”, também não deixa de ser verdade que o ano de 2022 ficará marcado por uma reflexão que pode vir a inverter este paradigma. O custo do lítio disparou de cerca de 8800 dólares/Tonelada (Ton) para cerca de 78.000 dólares /Ton. A isto soma-se a escassez do lítio e o facto de as respetivas reservas se situarem, geograficamente, em três regiões do globo – China, Austrália e América de Sul. Contudo, a médio e longo prazo as reservas poderão comprometer a existência desta componente das baterias.

No caso de Portugal, o país deu um sinal de pioneirismo este ano ao apostar na célula de ião de sódio, num consórcio desenvolvido entre a  Faculdade de Engenharia do Porto, o Laboratório Vasco da Gama e a Simoldes no contexto do PRR. O princípio desta tecnologia tem por base um elemento que, sozinho ou num sistema híbrido de lítio, poderá produzir o melhor que cada uma destas tecnologias consegue oferecer em performance, em termos de densidade de energia e potência, ao mesmo tempo que reduz os custos, uma vez que o ião de sódio tem um preço médio atual de 300/800 dólares/Ton e o seu processo de extração é bastante mais simples que o lítio.

Com a dinamização desta tecnologia, Portugal integra o pelotão da frente na Europa para se posicionar como um fornecedor desta fonte de energia, quer na vertente da produção e fornecimento, quer no licenciamento. No entanto, as nossas entidades governamentais devem contribuir muito mais para o apoio a estas iniciativas de inovação para que possamos continuar a acompanhar o estado da arte e capitalizar todo o conhecimento gerado, evitando  comprar la fora o que se pode produzir em Portugal, alavancando o forte valor acrescentado do que é “Made in Portugal”.

Isto sem descurar o hidrogénio, que jogará sem dúvida um papel de relevo neste novo mapa das energias alternativas. E não devemos esquecer, também, que esta energia tem as suas limitações de armazenamento, embora a maioria dos construtores automóveis já estejam a apostar nela para os seus veículos comerciais, entre os quais a Índia, hoje mais focalizada no hidrogénio do que em veículos a baterias de lítio. Acresce que este país tem vindo a alertar para os entraves/obstáculos que o recurso a esta energia pode vir a acarretar.

O futuro será não uma única tecnologia (lítio, sódio, hidrogénio ou outra), mas sim uma partilha de tecnologias (baterias híbridas) dependendo das características de cada aplicação ou utilização.