Portugal está no bom caminho no que diz respeito ao cumprimento das metas europeias ao nível das áreas marinhas protegidas. Quem o diz é Tiago Pitta e Cunha, CEO da Fundação Oceano Azul, em entrevista ao Jornal Económico (JE), assinalando que o país é líder na agenda do oceano para além de estar a ganhar respeito e liderança internacional nesta área.
O objetivo europeu passa por ter 30% do oceano protegido até 2030. Atualmente Portugal possui 25% de áreas marinhas protegidas ficando bem posicionado para cumprir com o objetivo das instâncias europeias.
Para isto contribuiu a área marinha protegida dos Açores que já atingiu a quota dos 30%. Com este contributo açoriano Portugal passou de 7% para os 19% ao nível das áreas marinhas protegidas, assinala Tiago Pitta e Cunha.
Para aprofundar o seu compromisso a este nível o país deu mais outro passo de relevo, referiu o CEO da Fundação Oceano Azul. Aconteceu em Nice, na Conferência dos Oceanos, realizado em junho, quando a ministra da Energia e Ambiente, Maria da Graça Carvalho, anunciou uma nova área marinha protegida, numa cadeia de montes submarinos (GoRRINGE) que fica a 250 quilómetros (kms) a sudoeste do Algarve, que envolve uma área de 100 mil quilómetros quadrados. “É pouco mais do que o território imerso do território português, que tem sensivelmente 93 mil quilómetros)”, assinala Tiago Pitta e Cunha.
Com esta nova área marinha protegida a quota portuguesa passa dos 19% para os 25%. Tiago Pitta e Cunha salienta que gostaria de aumentar 1%, por ano, até 2030, de modo a que Portugal atingisse o objetivo europeu.
Tiago Pitta e Cunha lembra, que em Nice, apesar de vários países terem assumido a sua pretensão de reforçar o peso das suas áreas marinhas protegidas, Portugal foi dos poucos países que apresentou trabalhou feito nesta área, ou seja, apresentou um plano concreto que efetiva no terreno o aumento percentual ao nível das suas áreas marinhas protegidas.
“Ganhámos respeito e liderança internacional nessa área”, afirma o CEO da Fundação Oceano Azul, que assinala que Portugal é um “país líder” na agenda do oceano.
Tiago Pitta e Cunha considera que Portugal está “bastante bem” ao nível da proteção e valorização do oceano, e reforça que o país tem dado vários passos no sentido de afirmar o seu compromisso com o mar.
O CEO da Fundação Oceano Azul refere que o país está também integrado no “pelotão da frente” na ratificação do Tratado de Alto Mar.
Este acordo internacional visa proteger as áreas marinhas fora da jurisdição nacional dos países.
“Chegámos a Nice com esse tratado ratificado. Isso vai permitir começar a criar áreas marinhas protegidas no alto mar”, esclarece Tiago Pitta e Cunha.
Este tratado de alto mar, como explica o CEO da Fundação Oceano, assume particular relevo, porque vem “ampliar os meios jurídicos ao nível da governação do oceano”, num alto mar que atualmente “não pertence a ninguém”, ou seja que não tem ‘dono’.
Mas para que o Tratado de Alto Mar entre em vigor necessita de ser ratificado por 60 países. Com Portugal já ratificaram este documento 51 países, até a conferência, realizada em Nice, sublinha o CEO da Fundação Oceano Azul.
Em Nice, 15 países demonstraram intenção em ratificar o tratado até 23 de setembro, tornando possível que o tratado entre em vigor ainda em setembro, assinala Tiago Pitta e Cunha, que refere que isto vai também abrir portas a que se crie a COP para o mar.
Outro passo dado por Portugal na proteção dos oceanos residiu na legislação que coloca uma moratória na exploração de minerais no mar profundo, até 2050, assinala Tiago Pitta e Cunha.
“Em Nice, 37 países que fazem parte desta coligação [sobre exploração de minerais no mar profundo] mas Portugal é o único que tem lei”, adianta o CEO da Fundação Oceano Azul.
Tiago Pitta e Cunha aborda também o Pacto Europeu para o Oceano, que foi redigido pela Comissão Europeia, e apresentado em Nice, outro passo de relevo na proteção do oceano.
“O pacto estabelece princípios e valores com que nos comprometemos na proteção do oceano”, diz Tiago Pitta e Cunha. “Um dos impactos desse Pacto prevê a criação de uma lei para o oceano na Europa”, diz o CEO da Fundação Oceano Azul.
Tiago Pitta e Cunha assinala também o trabalho feito pelo atual presidente do Conselho Europeu, António Costa, que através deste organismo recomendou à Comissão Europeia que ela adotasse um pacto que fosse “robusto e visionário”.
O Pacto deve ser transformado em lei, refere Tiago Pitta e Cunha, com a perspetiva de ser adotada em 2027.
Portugal é um dos países que está representado na Expo Osaka, que se realiza no Japão, entre 13 de abril e 13 de outubro, num evento onde está também representada a Fundação Oceano Azul. Entre 20 e 22 de julho, a Fundação Oceano Azul e o Oceanário de Lisboa assumiu a curadoria da Sala Ocean Made e a programação do Pavilhão de Portugal na Expo Osaka 2025.
Tiago Pitta e Cunha assinala que a presença do país e da Fundação Oceano Azul na Expo Osaka é relevante por dois grandes motivos. Pela importância que o oceano assume no Japão e também por o pavilhão português ser todo dedicado ao tema dos oceanos.
“Queremos projetar a liderança de Portugal nesta agenda do oceano. Viemos informar os japoneses que Portugal é tem cumprido com os objetivos internacionais na agenda do oceano. O Japão é um país que está ligado ao oceano. É como Portugal [ao nível dos países] que mais peixe consome per capita por ano. Para as pessoas terem noção importância do mar para o Japão. O dia nacional do mar, que no Japão se assinala a 21 de julho, é feriado. É um dos países que dá mais importância à sua ligação com o mar”, assinala Tiago Pitta e Cunha.
Tiago Pitta e Cunha considera como “significativo” que Portugal dedique todo o seu pavilhão ao tema do oceano, e adianta mesmo que deve ser o único pavilhão que no evento se dedica ao oceano, e reforça que a Fundação Oceano Azul considera como “crítico” projetar o mar.
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