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Portugal poderá chegar aos 14 mil casos diários em duas semanas, alerta epidemiologista

O especialista Manuel do Carmo Gomes informou que face ao aumento exponencial de novos casos, Portugal poderá vir a registar, nas próximas duas semanas, cerca de 14 mil casos, alertando que para uma redução a metade, “levaremos aproximadamente três semanas”.
  • Manuel de Almeida/Lusa
12 Janeiro 2021, 12h20

Quanto às projeções da pandemia para o futuro, Manuel do Carmo Gomes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, aponta que, se nada for feito “de 11 em 11 dias iremos duplicar o número de casos”. A análise foi revelada, esta terça-feira, durante a reunião com os especialistas do Infarmed e membros do Governo sobre a situação epidemiológica em Portugal.

Olhando para os primeiros dias do ano, a 2 de janeiro assistiu-se a um aumento de 8,4% no número de casos e a 8 de janeiro essa percentagem reduziu-se ligeiramente para 6,5%. Com base nas estimativas, o responsável aponta que, no dia 19 de janeiro, Portugal poderá atingir os 18 mil casos por dia e, a 27 de janeiro, os 37 mil casos, caso não sejam agravadas as medidas restritivas.

Porém, caso haja, partir de agora, uma “desaceleração do número de novos casos semelhante à primeira onda”, em março, este aumento exponencial poderá ser travado. Ainda assim, deveremos atingir os 14 mil casos por dia, algo “que ocorreria daqui a aproximadamente duas semanas” alerta, apontando que “já estamos num nível muito alto”. Quanto às mortes, estas poderão chegar às 140 e 150 por dia.

“Para reduzir esses 14 mil casos a metade, levaremos aproximadamente três semanas, assumindo uma descida semelhante à primeira vaga”, indicou. “Temos pela frente as semanas mais difíceis da pandemia” alertou o especialista.

No Natal houve “5 mil casos que escaparam ao processo normal de testagem”

Aproximadamente, cinco mil casos escaparam ao processo normal de testagem durante o período do Natal. Segundo o epidemiologista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, na sua apresentação durante a reunião com os especialistas do Infarmed, “nas vésperas de Natal muitas pessoas testaram-se porque se iam juntar”, mas não foi com “critério epidemiológico”, ou seja, foram testadas por iniciativa própria e não por suspeita de infeção.

Porém, durante a semana do Natal, assistiu-se a uma “dessincronização, que não é habitual, entre a tendência na curva de testes e o aumento no número de casos”.

O especialista aponta que no período em causa, tal como se esperava, “há um aumento de pessoas com sintomas” mas “há uma diminuição do número de testes”. Ou seja, segundo os dados recolhidos, registou-se um número de pessoas com sintomas, “ou que estavam pelo menos positivas”, mas que “escapam ao processo de testagem” que faz o rastreio do número de casos que vão surgindo.

Segundo o especialista, estes casos são pessoas com sintomas ou pré-sintomaticas ou até mesmo assintomáticas “mas que nunca tiveram sintomas”. Com base nos testes que habitualmente se fizeram nas semanas antes de Natal e o que se fez durante a semana festiva, estimou-se que cinco mil casos “escaparam ao processo normal de testagem”.

“Estas pessoas não foram testadas ou não deram importância à sintomatologia ou tinham sintomas e não foram testadas”, alerta Manuel do Carmo Gomes.

O especialista nota que “muitas delas não estavam sequer no seu agregado familiar normal e depois deslocam-se” para junto das famílias, como por exemplo estudantes deslocados.

“Pensamos que é uma das explicações para aquela subida muito rápida e anormal de novos casos”, concluiu.

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