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“Portugal provavelmente está mais dependente dos EUA face ao país europeu médio”

“Nunca imaginei que o epicentro do caos global fosse o meu país”, disse hoje o prémio Nobel da Economia Paul Krugman em Lisboa.
21 Abril 2025, 17h32

O prémio Nobel da Economia Paul Krugman disse hoje que Portugal está mais exposto às guerras comerciais de Donald Trump face a outras economias europeias.

“Nunca imaginei em 1976 que o epicentro do caos global fosse o meu país, mas é. E temos de pensar nisto: enquanto a guerra comercial e toda a loucura se desenvolve, o quão exposto está Portugal?”, começou por dizer hoje o norte-americano num discurso em Lisboa.

“Sei que não está totalmente dependente dos turistas e das empresas norte-americanas, mas a sua importância significa que provavelmente está mais exposto do que o país europeu médio”, disse Paul Krugman na conferência Falar em Liberdade organizada pelo Banco de Portugal para celebrar os 50 anos do 25 de abril.

Por outro lado, o economista também destacou que dado o “percurso de Portugal, provavelmente, não devemos estar muito preocupados”, acrescentou dado o facto de Portugal já ter ultrapassado outras crises como a da zona euro em 2011.

Paul Krugman conhece Portugal desde 1976, ano em que integrou um grupo de estudantes do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que estiveram nesse ano a fazer um estágio no Banco de Portugal (BdP) onde teve a oportunidade de conhecer o então Governador José da Silva Lopes, mas também Miguel Beleza, ambos acabaram por ser ministros das Finanças mais tardes.

Com 23 anos, descobriu um “país muito atrasado” e hoje fez vários elogios ao percurso feito pelo país nas últimas 5 décadas.

“Uma das coisas notáveis era que a transição teve lugar com pouca violência, mas em 1976 era tudo bastante caótico”, recordou.

Deu o exemplo dos problemas económicos com que se deparou na ocasião: “a situação e os números que tínhamos, tudo indicava que eram precisas medidas de estabilização, mas isso era uma linguagem proibida. Tudo apontava para medidas para equilibrar a balança de pagamentos, o que significava desvalorização [da moeda], mas não podíamos dizer esta palavra”.

Noutra ocasião, recorda que o então governador do BdP José Silva Lopes (“muito inteligente e muito charmoso, engraçado”) disse que as reservas de moeda estrangeira estavam a recuar muito depressa.

“Na altura, havia controlos extensivos, não era possível tirar dinheiro de Portugal. Estariam as pessoas a contrabandear dinheiro? Como? Um grande mistério. Até que um dia dizem que resolveram o problema. Descobriram que os bancos comerciais estavam a arrebatar as moedas estrangeiras, ficavam com os dólares e os marcos e não os entregavam como deviam. O engraçado era que os bancos comerciais tinham sido nacionalizados e a crise de moeda estrangeira foi causada pelo Governo a esconder moeda estrangeira do resto do país”, revelou.

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