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Portugal tem “condições para liderar” transição verde, defende presidente da ADENE

“Temos recursos naturais, competências técnicas, um sector estável, ambição política e uma sociedade civil que já percebeu que a transição não é um custo, mas sim vital ao nosso desenvolvimento”, sublinhou Nelson Lage no arranque da conferência ‘Revolução Energética em Curso’, organizada pelo JE.
26 Novembro 2025, 15h52

Portugal chega a 2025 numa “posição muito boa em matéria energética e climática” e que deixa o país capacitado para liderar a Europa no esforço de descarbonização e transição verde, dado o trabalho que tem sido feito nos últimos anos, os recursos naturais à disposição e uma consciencialização da sociedade civil para a importância desta agenda. Ainda assim, subsistem desafios, sobretudo ao nível do capital humano e pela incapacidade global em chegar a acordos.

No arranque da conferência “Revolução Energética em Curso”, organizada pelo JE esta quarta-feira em Lisboa, Nelson Lage, presidente da ADENE – Agência para a Energia, começou por relembrar o falhanço dos líderes globais na COP30, realizada recentemente em Belém, no Brasil, em atingirem um acordo que limite as emissões de gases provenientes de combustíveis fósseis. Traçando um paralelo com o incêndio que deflagrou no recinto do encontro, Nelson Lage classificou a questão climática como “uma maratona em que não nos importarmos muito se cruzamos a meta ou não”.

“Enquanto os líderes de mais de 100 países discutiam virgulas e compromissos, a sala estava literalmente a arder”, ilustrou, considerando que este cenário é “um espelho do que está a acontecer no mundo”.

Perante este falhanço global, caberá aos governos nacionais assumirem o ónus desta transição – e é precisamente neste capítulo que Portugal se destaca. O país coloca-se numa posição favorável em inúmeros indicadores europeus, sendo “dos poucos países europeus que já eliminou o carvão”, conseguiu descarbonizar a produção elétrica e “reduzimos a dependência energética para mínimos históricos”, o que contribuiu decisivamente para “estabilizar preços numa altura de grande volatilidade”.

Outro fator positivo é a política energética nacional, que não só tem sido “muito equilibrada”, como tem beneficiado de um “pacto de regime” que tem permitido manter a estabilidade apesar das trocas recorrentes de governo e de força política na liderança.

Por outro lado, “há um claro foco na transposição de diretivas [europeias] on time” e Portugal é dos países “onde a energia renovável tem mais peso”, completou. Apesar de subsistirem desafios, nomeadamente o armazenamento e eficiência, a mensagem do presidente da ADENE é clara.

“Temos condições para liderar, não tenhamos medo de o dizer. Temos recursos naturais, competências técnicas, um sector estável, ambição política e uma sociedade civil que já percebeu que a transição não é um custo, mas sim vital ao nosso desenvolvimento”, atirou, resumindo: “deixámos de ser o bom aluno para passar a ser uma referência que inspira”.

Ainda assim, Nelson Lage aponta a que, na sua opinião, continua a ser a principal lacuna nacional neste desígnio, “um défice de talento verde”.

“Sem estas pessoas, a transição pode ficar comprometida. É muito importante o investimento em formação e certificação. A transição energética só vai vencer se for justa e só será justa se tivermos pessoas capazes de dar resposta”, rematou.


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