A volatilidade regressou aos mercados financeiros com a propagação do coronavírus e uma das faces mais visíveis tem sido a queda vertiginosa das yields. Numa altura em que os juros das obrigações soberanas caem a nível global e os investidores fogem do risco, o Tesouro português regressa ao mercado esta quarta-feira para um leilão de dívida a longo prazo.
“O IGCP, E.P.E. vai realizar no próximo dia 11 de março pelas 10:30 horas dois leilões das OT [Obrigações do Tesouro] com maturidade em 15 de outubro de 2025 e 18 de outubro de 2030”, anunciou a entidade liderada por Cristina Casalinho, em comunicado divulgado esta sexta-feira.
O leilão tem um montante indicativo global entre mil milhões de euros e 1.250 milhões de euros.
No mercado secundário, os juros da dívida portuguesa a 10 anos sobem hoje para os 0,255%, enquanto os juros da dívida alemã a 10 anos negoceia nos -0,729%, um mínimo de seis meses. Nos Estados Unidos, os juros da dívida a 10 anos também negoceiam abaixo dos 1%, em -0,737%.
“O movimento mais acentuado que temos assistido nas taxas de juro nas últimas semanas, têm sido muito afetados pelo coronavírus. As taxas alemãs registaram mínimos, justificados pela procura por ativos isentos de risco por parte dos investidores e também por considerarem que iremos ter um abrandamento económico, senão recessão, devido ao pânico que está instalado no mercado”, explica Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa.
O analista antecipa que o leilão “deverá decorrer sem problemas” e que “é possível que as taxas sejam ligeiramente mais baixas ao do último leilão por força das condições atuais de mercado”.
“Estamos num ambiente de incerteza e isso explica o sentimento geral de risco, de modo que os investidores estão a apostar em ativos refúgio, sejam os títulos alemães de curto prazo ou a inflação na zona euro”, disse Rainer Guntermann, analista do Commerzbank, num comentário, citado pela Reuters.
No último leilão de dívida a longo prazo, a 12 de fevereiro, o IGCP emitiu um total de 1.227 milhões de euros num leilão de Obrigações do Tesouro a seis e 14 anos. No primeiro leilão duplo deste ano, o IGCP pagou uma taxa negativa (-0,057%) para emitir 564 milhões em dívida com prazo em julho de 2026, enquanto na dívida a 14 anos anos, o Tesouro pagou uma taxa de 0,555% para colocar 663 milhões de euros, face à yield de 0,49% num leilão em outubro de 2019.
No programa de financiamento para este ano, o Tesouro prevê angariar até 16,7 mil milhões de euros através da emissão de dívida a longo prazo, estimando que o montante das necessidades de financiamento líquidas do Estado no ano de 2020 deverá situar-se em cerca de 9,5 mil milhões de euros.
[Atualizado às 16h21]
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