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Português médio leva para casa 72% do salário bruto, após impostos e contribuições (com áudio)

O Estado português fica, em média, com 28% do salário bruto dos trabalhadores, entre impostos e contribuições sociais. É mais do que a média da OCDE. Considerando as contribuições pagas pelos empregadores, essa fatia sobe para 41,8%.
24 Maio 2022, 09h01

O trabalhador médio português leva para casa, todos os meses, 72% do seu salário bruto, o que significa que o Estado fica com 28% em impostos e contribuições para a Segurança Social. Estas estatísticas constam do relatório “Taxing Wages 2022”, que foi divulgado esta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

No último ano, o trabalhador solteiro médio dos países da OCDE recebeu, ao fim do mês, 75,4% do seu salário bruto, isto é, já depois de lhe terem sido descontados os impostos e as contribuições sociais, o que significa que o Estado ficou, regra geral, com uma fatia de 24,6%.

Foi na Bélgica que essa fatia foi mais expressiva (39,8%), sendo que também na Dinamarca, Alemanha e Lituânia foram aplicados descontos superiores a 35% aos salários brutos dos trabalhadores. Em contraste, na Colômbia, o trabalhador solteiro médio não descontou qualquer valor em impostos ou contribuições sociais e no Chile a fatia do salário bruto que foi entregue ao Estado foi de apenas 7%.

Já em Portugal, o trabalhador solteiro médio levou para casa 72% do seu salário bruto, menos do que a média registada no conjunto da OCDE. Tal significa que o Estado luso ficou com 28% do valor pago pelo empregador ao trabalhador, fatia superior à média da OCDE, mas relativamente distante do topo da referida tabela.

Dessa fatia de 28% do salário bruto que foi entregue ao Estado, 11% foi para a Segurança Social (sendo esta uma percentagem que é igual para todos os trabalhadores) e 17% para o IRS (sendo esta uma percentagem que varia em função da remuneração, mas também da situação familiar do trabalhador).

Também em 23 dos 38 países da OCDE, os impostos aplicados ao rendimento ficaram com uma maior fatia dos descontos feitos pelos trabalhadores do que as contribuições sociais. Aliás, na Austrália, por exemplo, frisa o relatório agora conhecido, os trabalhadores não pagam qualquer valor à Segurança Social.

Já se considerarmos um exemplo médio um trabalhador casado com dois filhos, o Estado ficou, regra geral, com 13,1% do salário bruto, no conjunto dos países da OCDE. Em Portugal, essa fatia foi maior: 14,5%. Tal significa que esse trabalhador médio levou para casa, por terras lusitanas, 85,5% do seu salário bruto, mais do que os solteiros, mas menos do que a média registada entre os demais casados e com dois filhos da OCDE.

Contando com 23,75% dos trabalhadores, Estado fica com mais de 40% do rendimento

No relatório divulgado esta terça-feira, a OCDE faz também o exercício de incluir o montante pago diretamente pelos empregadores à Segurança Social para apurar que fatia do despendido pelas empresas com cada trabalhador seja efetivamente às mãos deste último.

Em Portugal, entre IRS, contribuições pagas pelo trabalhador (11% do salário bruto) e contribuições pagas pelo empregador (23,75% do salário bruto), o Estado fica com 41,8% do montante que cada empresa reserva mensalmente para cada trabalhador. Tal valor é superior em 0,3 pontos percentuais ao registado em 2020 e em 7,2 pontos percentuais ao verificado no conjunto da OCDE, sendo que essa média encolheu (ainda que ligeiramente), no último ano.

Em 2021, Portugal foi, assim, o 10.º países da OCDE, entre 38, em que o Estado ficou com uma parcela maior do rendimento dos trabalhadores, avança o relatório “Taxing Wages”. Mais uma vez, a Bélgica (52,6%) e a Colômbia (0%) ocupam os extremos dessa tabela.

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