[weglot_switcher]

Portuguesa Maven Pet recebe quatro milhões em ronda liderada pela Touro Capital Partners

A sociedade de capital de risco presidida por António Ramalho investiu na startup com tecnologia para a saúde dos animais de companhia, fundada por Guilherme Coelho, David Barroso, Paulo Fonseca e Virgílio Bento, CEO do unicórnio Sword Health.
5 Setembro 2024, 10h00

A startup portuguesa Maven Pet – como o próprio nome indica, uma empresa cujo negócio está relacionado com animais de estimação – anunciou esta quinta-feira que fechou uma ronda de financiamento no valor de 4,42 milhões de dólares (cerca de 3,99 milhões de euros), o que eleva o total angariado para nove milhões de euros.

Esta terceiro investimento foi liderado pela sociedade de capital de risco Touro Capital Partners, cujo presidente é o ex-CEO do Novobanco António Ramalho, e contou ainda com a participação da BlueCrow, Mustard Seed Maze, Iberis Capital e Armilar Venture Partners. A verba será canalizada para o desenvolvimento tecnológico e comercial do produto da Maven Pet (AI-Vet™), o reforço da equipa e a consolidação da operação no mercado norte-americano e presença nacional.

O que é e o que faz o AI-Vet™? É um sensor (hardware) que se coloca na coleia do animal de companhia e que está ligado a um programa (software) no computador do veterinário e a uma aplicação móvel no telemóvel do dono. Este sistema, à base de Inteligência Artificial (IA), faz monitorização de saúde animal – com medições do tempo de sono, atividade física, frequência da urina, entre outros – e compara com a informação clínica previamente registada.

Se encontrar anomalias, a IA alerta de imediato o veterinário do cão ou gato em questão para analisar eventuais problemas cardiovasculares, dermatológicos, gastrointestinais, músculo-esqueléticos, respiratórios ou urológicos. Ademais, apoia no processo pós-cirúrgico.

“Tudo o que fazemos é novo, portanto requer estudos clínicos, provas de conceito, patentes… Já temos centenas de profissionais a utilizarem a nossa solução nos Estados Unidos [EUA]. Agora queremos aumentar a tração comercial e crescer não só nos EUA como para outros países de língua inglesa e em Portugal, enquanto mantemos o desenvolvimento da inovação” disse ao Jornal Económico (JE) o cofundador e CEO da Maven Pet.

Na segunda metade de setembro, este aparelho que analisa a saúde dos animais chega efetivamente a Portugal. “Começámos recentemente a procurar parceiros em Portugal – essencialmente, em centros urbanos maiores, como Braga, Porto, Lisboa ou Cascais – e estamos a preparar-nos para a solução estar, pela primeira vez, disponível para o consumidor em Portugal na segunda quinzena”, avançou Guilherme Coelho ao JE.

“Lideramos esta ronda, pois trata-se de uma oferta diferenciadora com uma solução preventiva e pró-ativa num mercado de grande dimensão e em forte crescimento. É mais um excelente exemplo de uma empresa, de génese portuguesa, que inova e lidera o caminho mesmo nos mercados mais exigentes a nível mundial”, comentou Miguel Vodrazka de Miranda, cofundador e sócio da Touro Capital Partners.

Do Tommy à Maven Pet

A história começa, como a de muitas startups portuguesas e estrangeiras, a partir de um problema do foro pessoal de um dos fundadores. “Em 2019, a doença articular do meu cão Tommy, sénior e de raça grande, só foi identificada quando ele já não se conseguia levantar sozinho. Nessa altura, a solução da Maven não existia”, conta o CEO.

Apenas dois anos depois, nasce no Porto a Maven Pet, pelas mãos de um grupo de empreendedores portugueses composto por Guilherme Coelho, David Barroso, Paulo Fonseca e Virgílio Bento – o cofundador e CEO do unicórnio da saúde Sword Health.

A empresa concluiu que um em cada três animais de estimação precisam de tratamento de emergência todos os anos e a maioria (68%) das mortes poderiam ser evitadas se os respetivos problemas fossem detetados numa fase inicial. “Hoje, os casos como o do Tommy são possíveis de ser identificados precocemente, permitindo intervenções rápidas que prolongam o bem-estar dos animais”, garante Guilherme Coelho.

A Maven Pet realizou vários estudos-piloto em Portugal para recolher dados e “alimentar” os algoritmos da tecnologia que desenvolveu. Em paralelo, liderou também estudos internacionais, inclusive um que ainda decorre e envolve a Ontario Veterinary College e outras universidades norte-americanas. É na América do Norte onde tem estado focada, mas tem parcerias em Portugal – nomeadamente com o Grupo Veterinário Oliveiras ou o Centro de Cardiologia Veterinária Porto – e vai aumentar o número de acordos com clínicas.

Atualmente, a Maven Pet tem 17 colaboradores. O plano é recrutar, embora não haja um “número no horizonte”. “Há algumas contratações que vão acontecer até ao fim do ano, mas a ideia é crescermos aí consoante os resultados”, esclarece Guilherme Coelho, em declarações ao JE.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.