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Portuguesa Transinsular promete ligações regulares entre ilhas de Cabo Verde e foco no passageiro: “Carga passa a secundária”

Em entrevista ao Económico Cabo Verde, Joaquim Figueiredo, ‘chairman’ da empresa, revela que mantém “um diálogo muito positivo com os armadores cabo-verdianos. A nova sociedade que gere a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga inter-ilhas chama-se CV Interilhas e é liderada pela Transinsular.
19 Agosto 2019, 16h21

A nova empresa de transportes marítimos de Cabo Verde, CV Interilhas, iniciou atividades no passado dia 15 de agosto e promete realizar ligações regulares e programadas, em que os passageiros estejam em primeiro lugar. A empresa é gerida pela portuguesa Transinsular e começou as atividades com quatro navios fretados a armadores cabo-verdianos. Em entrevista ao Económico Cabo Verde, Luís Figueiredo, presidente do conselho de administração da Transinsular – vencedora do concurso de concessão de transportes marítimos – revela que em outubro comece a funcionar um novo navio.

A Interilhas iniciou as ligações marítimas entre as ilhas no dia 15 agosto. Como estão a decorrer as viagens neste novo modelo, que junta a Transinsular e os armadores cabo-verdianos?

Nós estamos muitos satisfeitos com este projeto. É um projeto realmente dinamizador dos transportes marítimos. A área dos transportes marítimos, que inclui passageiros e mercadorias, é onde nós sentimos muitos confortáveis. Estamos confiantes de que este projeto venha ter muito sucesso. O grande objetivo foi juntar pessoas que trabalhavam no setor dos transportes marítimos, e o mais importante era fazer uma coordenação entre os utentes e clientes dos transportes marítimos e os outros operadores. Conseguimos fazer uma sociedade que vá gerir todo este transporte e que vai otimizar todas as ligações entre as ilhas e acima de tudo vamos conseguir manter uma fiabilidade e uma cadência de transportes marítimos que serve as populações e os agentes económicos de Cabo Verde.

Estão a operar com quatro navios fretados a armadores cabo-verdianos. Porquê?

Nós optamos por fretar navios a operadores cabo-verdianos, porque tínhamos seis meses, desde que nós assinarmos co contrato com o governo para iniciar as atividades, e era um tempo muito apertado e a contenda de todos vamos operar os navios como uma coordenação diferente do que antes existia. Vamos iniciar as atividades com quatro navios e, brevemente, está previsto a entrada de um quinto e durante os próximos dois anos vamos estudar uma nova frota que seja adequada para o transporte entre as ilhas, que esperamos venha a crescer em Cabo Verde.

Os quatro navios são suficientes para atender as necessidades atuais do país e para colocar em prática o vosso plano de negócio?

Acreditamos que são suficientes. Quatro navios são suficientes pelas contas que fizemos e todas simulações que os técnicos fizeram mostraram que quatro navios são suficientes, mantemos um quinto navio como redundância dos transportes marítimos para garantir que tudo vá funcionar de acordo com o previsto.

Este quinto navio vem de onde? Está previsto para quando?

De um armador cabo-verdiano a Polaris. Estamos a estudar a possibilidade e quando estiver concluído o negócio nós iremos anunciar. A previsão é fazer o anúncio em outubro e que comece a funcionar neste período.

https://jornaleconomico.pt/noticias/nova-concessao-dos-transportes-maritimos-em-cabo-verde-comeca-hoje-479628

Tendo em conta a polémica em torno do concurso de concessão de transportes marítimos, com pedidos de suspensão do concurso publico, qual é a vossa relação com os armadores nacionais?

É um diálogo muito positivo. Os armadores cabo-verdianos perceberam perfeitamente que este avanço com a Transinsular é a solução e pode juntar os interesses de todos para o mesmo objetivo.

Os armadores nacionais têm 49% das ações na Interilhas. Já realizaram o seu capital social?

Sim já. No concurso de concessão dos transportes dos marítimos, inicialmente, estavam previsto a participação de 25% dos armadores cabo-verdianos, nós entendemos que seria mais positivo alargar dos 25% aos 49%, para termos uma maior participação dos armadores e da sociedade cabo-verdiana neste projeto que é realmente um projeto dinamizador da atividade económica.

Qual é a participação da Transinsular no Interilhas?

Estamos a falar de montante de mais de meio milhões de euros.

Que garantias a Interilhas dá aos cabo-verdianos no que toca a normalização das ligações marítimas, até agora muito irregulares?

O nosso objetivo é garantir regularidade. Fizemos uma alteração no conceito e transportes marítimos inter-Ilhas que é deixarmos de concentrar na carga e passar a ter o passageiro como prioridade. A carga passa a ser secundária. O que acontecia até agora era os navios estarem a espera de cargas e os passageiros ficavam sentados no cais a espera que as cargas chegassem. Nós invertemos esta situação e achamos que o passageiro é  prioridade e  a carga se tiver em condições de embarcar embarca se não o navio sai, como já aconteceu no primeiro dia de viagens realizada pela Interilhas.

É uma estratégia sustentável?

É sustentável. A única forma de nós garantimos a procura para este tipo de serviços é garantimos a fiabilidade e periodicidade dos transportes marítimos. Só assim as pessoas podem confiar e utilizar este meio de transportes que é essencial para Cabo Verde.

A Fast Ferry, apesar de entrar com três navios, ficou de fora da Interilhas. Porquê?

É uma opção da empresa. Os 49% foram abertos aos armadores, é uma opção dos acionistas de não participar.

A idade dos quatro navios dá garantia, para se manter a ligação entre as ilhas?

Os navios atuais são suficientes para garantir a ligação entre as ilhas para os próximos dois anos da operação. Já começámos a estudar a substituição destes navios por navios mais adequados e mais modernos e que se adeqúem mais a este tipo de mares e de necessidades.

Qual é a possibilidade de rentabilidade do vosso negócio?

Esperamos que dentro de dois anos a empresa possa atingir o break-even.

A empresa vai contar com subsídios de Estado? De que montante?

Sim, claro, uma vez que nós temos uma vertente de serviço público. Nós não podemos contar que todas as rotas sejam sustentáveis, mas contamos que o conjunto seja rentável. A nossa intenção é que, à medida que o transporte vá evoluindo, a empresa se vá tornando mais rentável, e toda a participação do Estado vá diminuindo. O valor será definido no fim de ano depois da apresentação das contas.

É possível começar pensar na ligação entre os transportes marítimos e aéreos nos próximos meses?

Quando estamos a falar de turismo, o turista prefere deslocar-se de navio, o passeio marítimo é preferido se for feito em boas condições. Nós acreditamos que um dos vetores do nosso crescimento será o turismo quando nós conseguirmos que este tipo de transporte seja fiável, cumpra horários e garante que os passageiros cheguem onde querem no tempo que estava previsto.

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