A fase de instrução do megaprocesso nascido da “Operação Marquês” ainda está a decorrer, cabendo ao juiz Ivo Rosa decidir até ao fim de 2020 se a acusação do Ministério Público é suficientemente sólida para levar a julgamento os 28 arguidos, suspeitos de 188 crimes económico-financeiros, mas os entrevistados numa sondagem feita pela Aximage para o Jornal Económico tanto convergem na convicção de que José Sócrates acabará por responder em tribunal como revelam estar profundamente divididos entre os que acreditam na condenação e os que apontam para a absolvição do ex-primeiro-ministro.
Enquanto existe forte convicção de que o ex-governante será julgado no âmbito do processo em que lhe são imputados 31 crimes pelo Ministério Público, incluindo corrupção passiva de titular de cargo público, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada, pois 66,9% dos inquiridos acreditam que tal venha a acontecer e apenas 28,7% consideram que o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal não o levará a julgamento, as perspectivas dos portugueses quanto ao desfecho do eventual julgamento não são inequívocas.
Ainda que 48,5% digam que José Sócrates será condenado, outros 46,6% apontam para a absolvição, sendo apenas 4,9% os que não sabem ou não respondem. Curiosamente, é nos entrevistados que votaram no PS nas últimas legislativas que a convicção na condenação do antigo secretário-geral socialista alcança a percentagem mais elevada: 52,9%, acima dos 49,9% de eleitores do PSD e do Bloco de Esquerda com igual opinião. Pelo contrário, a absolvição é o cenário esperado pela maioria daqueles que votaram na CDU (49,8%, contra 42,6% que esperam a condenação) e ainda mais por quem votou nos outros partidos (incluindo CDS-PP, PAN, Chega, Iniciativa Liberal e Livre), branco ou nulo. Entre estes, 61,0% apontam para a absolvição e apenas 38,5% pensam que o ex-primeiro-ministro será condenado.
Na segmentação dos resultados sobressai a maior compreensão do sexo feminino para com o ex-governante, que o Ministério Público acredita ter recebido perto de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015 – tendo sido primeiro-ministro de março de 2005 a junho de 2011 – a troco de favorecimentos ao banqueiro RicardoSalgado, de garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao resort de luxo algarvio Vale do Lobo e de auxiliar negócios doGrupo Lena. Enquanto 73,4% dos homens acreditam que Sócrates irá responder em tribunal, contra 61,3% das mulheres, a convicção na sua condenação também difere consoante o género: 51,9% dos homens acreditam que ouvirá tal veredicto (45,1% dizem o contrário), mas a percentagem de mulheres que preveeem a absolvição (47,9%) supera a das que esperam a condenação (45,5%).
Os portugueses com mais do que a escolaridade obrigatória (71,8%) e residentes em zonas urbanas (71,4%) destacam-se entre os que acreditam na ida do ex-primeiro-ministro a tribunal – contra apenas 60,0% dos que só têm a escolaridade obrigatória e 60,1% dos que habitam em zonas semi-urbanas -, mas nas opiniões acerca da condenação de José Sócrates são os residentes nas zonas rurais a sobressair, com 52,7% dos entrevistados pela Aximage a prevê-la.
Já a absolvição é maioriatária entre os mais jovens (dos 18 aos 49 anos), as mulheres, os semi-urbanos e os que só têm a escolaridade obrigatória.
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