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Poupança das famílias acima de 11%. “Previsão é que nível se mantenha nos próximos anos”, diz Centeno

O Governador do Banco de Portugal defende que é nos momentos de crescimento, e em que os rendimentos aumentam, que devem criar-se aquilo a que na economia se chama de almofada financeira, algo que em Portugal nem sempre tem acontecido.
Centeno
TIAGO PETINGA/LUSA
12 Outubro 2024, 13h02

Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal, revela satisfação pelo facto das famílias portuguesas estarem a aplicar cada vez mais os seus rendimentos em poupança, em relação ao que acontecia antes da pandemia.

Este foi um dos dados analisados pelo Governador do Banco de Portugal (BdP), durante a sua intervenção no congresso da Associação da Hotelaria Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) que decorre na cidade de Aveiro entre os dias 11 e 12 de outubro.

“A melhor notícia, é que os portugueses, as famílias, dedicam uma parte maior hoje desse rendimento à poupança, do que aquilo que faziam antes da pandemia. A taxa de poupança está neste momento acima de 11% e a nossa previsão é que ela se mantenha esse nível nos próximos anos”, referiu.

Para Mário Centeno isto são boas notícias, dado que considera que é nos momentos de crescimento, e em que os rendimentos aumentam, que devem criar-se aquilo a que na economia se chama de almofada financeira, algo que em Portugal nem sempre tem acontecido.

“Não fizemos sempre isto no passado e por isso a dificuldade que tivemos na reação às crises de 2008 e 2009 e naquilo que foi a segunda vaga dessa crise, a crise das dívidas soberanas, que na verdade encontrou o país a endividar-se, a aumentar os níveis de endividamento e não a fazer aquilo que um agente económico deve fazer quando enfrenta uma crise que é aumentar os seus níveis de poupança”, explicou.

Numa intervenção que teve como mote os desafios e perspetivas futuras da economia portuguesa, Mário Centeno assumiu que esta vive uma situação privilegiada. “Devemos ser optimistas, mas devemos exatamente perceber cada momento que vivemos. E aquilo que temos neste momento é uma economia que cresce, que tem ao longo dos últimos anos, quase já, uma década de convergência com a área do euro”, referiu.

De resto, o Governador do BdP realçou que ,pela primeira vez nas últimas décadas, a economia moderna portuguesa saiu de uma crise com nível de dívida inferior, aquele com que entrou nessa crise e que aconteceu na pandemia.

“Foi a primeira vez que aconteceu e foi exatamente o comportamento inverso daquele que nos levou aos problemas que tivemos aquando das definições decorrentes da crise de dívida soberana”, afirmou, acrescentando que Portugal chegou a 2023 com uma situação “absolutamente invejável” no contexto europeu em relação às contas públicas.

“Há muito poucos países na Europa que possam enfrentar este novo ciclo sem ter que impor ajustamentos nas contas públicas. Esse deve ser o nosso foco manter almofadas financeiras nas famílias através da poupança, nas empresas que devem investir de forma equilibrada e seguramente no Estado”, salientou.

De resto, o antigo ministro das Finanças destacou que nos últimos anos a economia nacional tem tido a felicidade de crescer mais do que a europeia. “O nosso investimento tem tido uma dinâmica maior do que o da Europa. Nós chegamos a 2012 com 350% do PIB em dívida. Este número reduziu-se em dez anos, e que é muito fácil de visualizar, 111%. Foi a quantidade enorme de dívida em percentagem do PIB que nós conseguimos reduzir”, realçou.

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