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Powell: Fed está “numa boa posição” para responder ao que vier, incluindo impactos de tarifas

“Se a economia permanecer forte e a inflação não continuar a descer para 2%, podemos manter esta política durante mais tempo”, resumiu Powell, admitindo que as tarifas deverão “atrasar” o regresso do indicador de preços ao objetivo de 2% do banco central.
Fed Jerome Powell Juros
19 Março 2025, 19h23

A economia norte-americana está forte, mas começam a surgir sinais de alguma fraqueza, reconheceu o presidente da Reserva Federal, embora transmitindo uma mensagem de confiança. As tarifas decretadas pela Casa Branca não ajudam na luta contra a inflação e os consumidores estão menos confiantes, mas Jerome Powell vê uma economia robusta que permite o banco central manter as taxas elevadas durante mais tempo, se necessário.

Depois da decisão de manter as taxas inalteradas em 4,5%, o presidente da Reserva Federal reconheceu alguns pontos menos positivos da maior economia do mundo nos últimos meses, mas reforçou a ideia de confiança e conforto do banco central. Para Powell, a Fed está “numa boa posição para responder ao que aí vier”, uma margem de manobra importante numa altura de tanta incerteza, e os EUA continuam robustos.

“Se a economia permanecer forte e a inflação não continuar a descer para 2%, podemos manter esta política durante mais tempo”, afirmou, procurando salientar os aspetos positivos da performance económica nos últimos meses.

Ainda assim, há dois focos de alguma fraqueza: o consumo e as tarifas. No caso dos consumidores, os gastos têm vindo a moderar – algo, ainda assim, menos preocupante após “o grande disparo” registado no segundo semestre do ano passado – e a confiança está em decréscimo.

Por outro lado, e numa dinâmica algo correlacionada, as tarifas estão a agravar as expectativas de inflação das famílias, o que acaba por impactar o consumo já no imediato. Isso mesmo foi reconhecido pelo presidente da Fed, que fala num processo “normal” de chegada de uma nova administração.

“As expectativas de curto-prazo da inflação subiram recentemente […] e tanto consumidores, como empresas apontam para a inflação como um dos principais motores”, afirmou. Ao mesmo tempo, as tarifas irão “atrasar” o regresso do indicador de preços ao objetivo de 2%, admitiu, dado que “boa parte” da subida nas previsões macro se deve a esta mudança de política.

No que respeita à revisão em baixa do crescimento e em alta da inflação, Powell considerou que “não houve uma grande alteração nas previsões”, dado que estes movimentos contrários “acabam por se equilibrar”.

A Fed reviu em baixa as projeções para o crescimento este ano e nos dois seguintes, enquanto a inflação, tanto a nominal, como a subjacente, foram atualizadas em alta. O banco central aponta agora a um crescimento de 1,7% este ano, significativamente abaixo dos 2,1% previstos em dezembro, e de 1,8% nos dois anos seguintes (a anterior expectativa passava por 2% em 2026 e 1,9% em 2027).

Já a inflação nominal (medida pelo índice de gastos pessoais de consumo, o indicador de referência da Fed para esta dinâmica) foi revista em alta para 2,7% este ano, uma subida de 0,2 pontos percentuais (p.p.) em relação ao anterior exercício de projeções, enquanto 2026 deverá fechar com um valor 0,1 p.p. acima do esperado em dezembro, ou seja, 2,2%.

Também ignorando as categorias mais voláteis dos preços, a energia e a alimentação, o indicador fechará acima do anteriormente esperado. Para este ano, a Fed antecipa agora 2,8% de inflação core, uma subida significativa de 0,3 p.p. em relação à projeção de dezembro.

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