A elevada dívida norte-americana e défices recorrentes e avultados tornam as finanças públicas da maior economia do mundo insustentáveis, voltou a reconhecer o presidente da Reserva Federal, pedindo que este debate se torne uma prioridade nacional. Mantendo a independência e o foco nos preços e emprego, Jerome Powell recusou-se a comentar política orçamental, mas mostrou-se preocupado.
“Os EUA têm um défice muito grande numa altura em que estamos em pleno emprego. Isto não é sustentável”, alertou Powell no Fórum anual realizado pelo Banco Central Europeu (BCE) em Sintra. Num painel dividido com a homóloga europeia, Christine Lagarde, e brasileiro, Roberto Campos Neto, Jerome Powell revisitou o tópico da sustentabilidade das finanças americanas.
O presidente da Fed havia já lançado um apelo no início deste ano para que o tópico da dívida fosse abordado de forma “adulta”, lembrando os impactos e constrangimentos que este fardo cria na maior economia do mundo. Os dados do final do ano passado apontam para um rácio de dívida pública norte-americana de 122,3% do PIB, uma subida em relação a 2022 e próximo do máximo histórico de 126,3% registado em 2020.
Do lado orçamental, 2023 fechou com um défice de 6,3% do governo federal, o valor mais negativo desde 2012 se excluirmos os dois anos mais complicados da crise pandémica, ou seja, 2020 e 2021.
“Deve ser um foco real daqui para a frente voltarmos a um caminho sustentável”, apelou Powell. “No longo prazo, vamos ter de fazer alguma coisa – e mais cedo é melhor do que mais tarde”, rematou.
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