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PPR europeu é uma “oportunidade interessante” para a sustentabilidade, diz Associação Portuguesa de Seguradores

José Galamba de Oliveira defendeu ainda que se deveria criar mais condições para investidores com preocupações de sustentabilidade, num ‘webinar’ sobre ESG organizado pela sociedade de advogados Sérvulo, que contou com o JE como media partner.
10 Novembro 2020, 17h53

O presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS) considera que o setor segurador está numa “posição privilegiada” para enfrentar as novas obrigações relacionadas com os fatores ambientais, sociais e de governação (ESG) porque na sua génese está a avaliação do risco.

“O nosso setor entende que isto é uma oportunidade relevante, porque há uma proximidade natural o nosso modelo de negócio, de longo prazo. Há quase um alinhamento natural. Temos a ganhar com a incorporação destes critérios”, disse José Galamba de Oliveira, num webinar organizado pela Sérvulo & Associados, com o Jornal Económico como media partner, para analisar as implicações das novidades legislativas e regulatórias em relação à incorporação dos ESG no setor financeiro.

José Galamba de Oliveira garante que as seguradoras estão conscientes dos desafios ambientais, sociais e de governação e lembra que foram apresentadas à Comissão Europeia propostas para integrar esses critérios de sustentabilidade em dois diplomas cruciais para estas organizações: o regime prudencial das empresas de seguros (Solvência II) e na diretiva da distribuição de seguros.

O presidente da APS defende ainda que se deveria criar mais condições para investidores com preocupações de sustentabilidade.

No mesmo evento, José Galamba de Oliveira assinalou que  produtos de poupança como o chamado ‘PPR europeu’ (PEPP – Pan-European Personal Pension Product) são uma “oportunidade interessante” para criar um mercado europeu alinhado com estes fatores.

Europa abarcará sugestões do Conselho de Estabilidade Financeira, prevê economista

A economista Sofia Santos, especializada em finanças sustentáveis, prevê que a próxima diretiva europeia de informação não financeira irá incluir algumas recomendações da task force sobre divulgações financeiras relacionadas com o clima (TCFD) do Conselho de Estabilidade Financeira (Financial Stability Board), o que aumentará o nível de exigência de reporte – com emissões de dióxido de carbono, por exemplo.

Sofia Santos diz que houve uma evolução do conceito de sustentabilidade de uma ótica de comunicação (elaboração de relatórios de sustentabilidade) para uma ótica de risco, desde que foram dados os primeiros passos por parte das grandes empresas, há cerca de 10-15 anos. Agora, há mais vontade de sistematizar a informação financeira, de identificar riscos climáticos e de envolver os gestores de topo.

“O conselho de administração está presente no tema, existe um responsável sobre o tema e está, gradualmente, cada vez mais ligado ao negócio”, diz, sublinhando que, entre os ESG, o “G” está a ganhar mais relevância porque o “E” depende do “G”. “Só há um E eficiente se o G lá estiver. É essa governance que depois vai garantir que se tem uma política ambiental”, clarificou.

A economista explicou ainda que as recomendações europeias e as da Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), com informações que as empresas deverão reportar, e a diretiva europeia sobre divulgação de informações não financeiras e de informações sobre a diversidade, que está a ser revista, têm impacto inclusive na relação das empresas com os fornecedores.

“Há empresas portuguesas que têm os seus grandes clientes, nomeadamente de calçado, têxtil, metalomecânica, a perguntar-lhes o que fazem em termos de sustentabilidade, porque o próprio cliente tem de responder a esta diretiva e tem outros investidores que procuram o mesmo tema. Há esta alavanca na cadeia de valor”, exemplificou a especialista em finanças sustentáveis.

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