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“Precisamos de bancos grandes à escala da UE e não apenas à escala nacional”, defende Maria Luís Albuquerque

“Acredito que a consolidação, através de fusões transfronteiriças no setor bancário poderia trazer mais rentabilidade e reduzir o excesso de bancos”, defendeu a comissária. Os bancos têm no entanto que a falta de uma União Bancária completa dificulta essas operações.
14 Março 2025, 12h53

Enquanto Comissária para os Serviços Financeiros e para a União da Poupança e dos Investimentos, Maria Luís Albuquerque discursou na Asociación Española de Banca (AEB) – Conferência Anual 2025, intitulada “Financiar o futuro da Europa: O papel do sector bancário”, em Madrid, onde falou sobre o papel que o sector bancário pode desempenhar para impulsionar a competitividade da Europa.

A Comissária europeia diz que “precisamos de bancos grandes e diversificados – à escala da economia da UE e não apenas à escala nacional”.

“Precisamos de sectores bancários diversificados onde todos os modelos bancários encontrem o seu espaço e possam competir de forma justa e precisamos de bancos que sejam capazes de financiar todos os sectores da nossa economia – nomeadamente a segurança e a defesa, de que a nossa indústria terá uma necessidade premente nos próximos anos”, defendeu Maria Luís Albuquerque.

“Acredito que a consolidação, através de fusões transfronteiriças no setor bancário poderia trazer mais rentabilidade e reduzir o excesso de bancos”, defendeu a comissária.

O tema das fusões bancária tem estado na agenda desde que Mário Draghi elaborou um relatório para a competitividade da União Europeia e apontou a falta de dimensão das empresas europeias quando comparadas com os Estados Unidos ou China. O que inclui os bancos.

“Essa consolidação no setor bancário poderia reduzir o risco através da diversificação geográfica e nós, na UE, temos medidas de controlo das fusões para garantir a proteção da concorrência e dos consumidores”, apontou Maria Luís Albuquerque.

A Comissária Europeia diz que uma maior consolidação no setor “poderia permitir aos bancos repensar os seus modelos de negócio, estratégias e digitalização, o que lhes permitiria competir com os seus pares internacionais”.

Uma maior escala e âmbito de aplicação deverão também aumentar a rentabilidade sustentável e impulsionar a valorização das acções dos bancos, defende.

Maria Luís Albuquerque sublinhou que bancos mais eficientes e diversificados têm mais a capacidade de financiar o seu próprio crescimento, bem como a economia. “Esta eficiência permitir-lhes-ia fazer investimentos digitais substanciais, que são essenciais para reforçar a cibersegurança, melhorar os serviços digitais para os clientes e permanecer na vanguarda da tecnologia”, disse.

A Comissária para os Serviços Financeiros e para a União da Poupança e dos Investimentos, considera fundamental o papel dos bancos na União de Poupança e Investimento e diz que deve ser considerado sob dois ângulos. “Em primeiro lugar, os bancos devem desempenhar um papel ainda mais importante na mobilização das poupanças, incluindo as poupanças a retalho, para a sua melhor e mais produtiva utilização, que deve ser no âmbito do mercado único e em segundo lugar, os bancos devem facilitar o desenvolvimento de mercados de capitais profundos, líquidos e integrados na UE, permitindo o fluxo eficiente de fundos entre emitentes e investidores em todo o mercado único”.

“Ambos os papéis trarão benefícios claros para os cidadãos, os mercados e também para os bancos. Os bancos têm de ser uma parte ativa dos mercados de capitais para que o nosso plano funcione”, acrescenta.

O discurso da Comissária Europeia abre assim a porta a movimentos de fusão bancária cross-border que durante anos foram travados.

As fusões bancárias na Europa foram bloqueadas por obstáculos políticos e regulamentares. Agora, o sistema abre a porta a movimentos de consolidação.

Os banqueiros portugueses têm dito que o terceiro pilar da União Bancária (Fundo de Garantia de Depósitos europeu) que ainda está em falta torna mais difícil as fusões cross-border, devido às diferença de regras entre países da UE.

“Sabemos que a economia europeia está a operar abaixo do seu potencial” reconheceu  Maria Luís que destacou que “ficámos atrás dos nossos pares em termos de poder económico, mas não estamos fora da corrida. Ainda temos muitos pontos fortes que podemos aproveitar. Um setor bancário resiliente e estável é um desses pontos fortes”.

A Comissária anunciou ainda que “na próxima semana descreverei os detalhes da estratégia da Comissão para a União de Poupança e Investimento” e reconheceu que “a procura de um mercado único de capitais na Europa não é nova”.

Ora Maria Luís Albuquerque também defende que “os bancos precisam de ser uma parte ativa dos mercados de capitais para que o nosso plano funcione”.

“O meu objetivo é ligar os pontos na economia da Europa e impulsionar as nossas capacidades estratégicas”.

“A Estratégia da União de Poupança e Investimentos criará um caminho através do sistema financeiro para pegar nestas poupanças e colocá-las em utilização nos nossos mercados de capitais”, defendeu Maria Luís Albuquerque que explica que “isto dará aos aforradores europeus um melhor retorno das suas poupanças arduamente conquistadas, ao mesmo tempo que trará investimentos substanciais para a economia”.

“Basicamente, quero criar mais riqueza familiar para os cidadãos europeus e criar um ecossistema de financiamento mais amplo para as empresas, para que possam continuar a crescer aqui, na Europa”, disse. Mas reconheceu que “existem barreiras que precisamos de ultrapassar para criar este ecossistema, incluindo em termos de fragmentação do mercado, liquidez, capacidades de investimento internacional e muito mais”.

Estas barreiras “trazem também custos significativos para os investidores e reduzem as oportunidades de financiamento para as empresas e  estas empresas são sobretudo pequenas e médias empresas, muitas das quais estão na vanguarda da inovação, com um potencial de crescimento e sucesso muito elevado”, referiu.

“Bancos europeus fortes são uma parte fundamental da União de Poupança e Investimento”, concluiu a Comissária europeia de Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e Mercado de Capitais da União Europeia.

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