A subida vertiginosa do preço dos combustíveis está a lançar a revolta nas redes sociais e nas páginas de petições públicas.
Um grupo no Facebook chamado “Greve aos combustíveis” foi criado há 24 horas e já soma mais de 175 mil pessoas, um número que aumenta a cada minuto.
“Se estás contra a estes preços dos combustíveis participa neste grupo e nas greves aos combustíveis. Temos que deixar de ser este povo “manso” que admite tudo. Convida os teus amigos aderir e vamos fazer a união para que este governo e todo os outro percebam o mal que nos fazem todos os dias. Vamos “lutar” sejamos ricos, classe média ou classe baixa… Todos nós sofremos com isto “, defendem os administradores deste grupo.
Este grupo defende uma greve inicial já esta sexta-feira, 15 de outubro. Os protestos marcados para esta sexta-feira e para os dias 21, 22, 28 e 29 de outubro pretendem que os portugueses não se dirigem às bombas de combustível para abastecer nesses dias nem nos dias anteriores, evitando dar dinheiro em excesso às gasolineiras.
Neste grupo também está a ser defendido um bloqueio geral às duas pontes sobre o Tejo, à 25 de abril e à Vasco da Gama, para protestar contra o aumento do preço dos combustíveis no país. Muitos relembraram o buzinão que aconteceu a 24 de junho de 1994 quando dezenas de camiões bloquearam o acesso sul da ponte 25 de abril em protesto contra o aumento das portagens de 100 para 150 escudos (entre 50 a 75 cêntimos de euros, numa conversão direta).
Nos comentários também há muitos alertas para os riscos de fazer uma greve destas, pela sua falta de eficácia. “As pessoas podem não abastecer no dia da greve mas vão fazê-lo no dia anterior ou seguinte, logo, seria mais produtivo fazer greve todos os dias a uma gasolineira”, segundo um utilizador, defendendo também “manifestações junto de entidades públicas e gasolineiras”.
Muitos comentários notam que estes grupos “de nada servem”, dado que as pessoas têm de abastecer com antecedência, e que as respostas têm de ser dadas nas urnas aquando das votações, impedindo então as fracas adesões às eleições, como tem acontecido nos últimos anos.
Muitos integrantes deste grupo dizem que estas paralisações têm de ser realizadas com a ajuda dos motoristas, que pararam o país durante a primeira metade de 2019 ao reivindicar melhores condições e mais regalias. “Isto tem de ser feito com ajuda dos motoristas que todos os dias correm o país, levando e trazendo produtos de consumo. Só assim é que, na minha opinião, algo poderia acontecer”, lê-se num comentário à publicação de pedido de paralisação.
“O objetivo primordial do grupo deve ser o combate à subida desenfreada dos preços dos combustíveis. Não vejo qual o interesse em bloquear os acessos a Lisboa”, escreve outro membro do grupo. Outros utilizadores do grupo incitam protestos em frente à Assembleia da República, de forma a que sejam ouvidos.
Muitos utilizadores comentam ainda que a culpa não é das gasolineiras mas sim dos impostos praticados pelo Governo, que ao dia de hoje representam 59% do peso da gasolina e 53% do peso da fatura do gasóleo. No grupo, outros membros do grupo optaram por partilhar imagens do preço dos combustíveis em Espanha, onde os valores são 20 a 30 cêntimos mais baixos.
Também a página Petição Pública soma vários pedidos de assinaturas. A petição “contra os preços absurdos dos combustíveis” é atualmente uma das mais ativas no site, contando com um total de 29.335 assinaturas, que cresce a cada minuto que passa. “Contra os preços dos combustíveis mais altos da Europa. Não podemos aceitar ter os combustíveis mais altos da Europa. Não somos dos países com os vencimentos mais altos nem pertencemos aos países com maiores possibilidades. Contra a liberalização dos preços dos combustíveis. Contra as imensas taxas e impostos nos combustíveis. Os combustíveis mais altos fazem com que tudo fique mais caro pois a logística sai mais cara”, lê-se na descrição da publicação.
Outra petição pede ainda a “redução do imposto sobre combustíveis e produtos petrolíferos – para a sua equivalência com Espanha”. “Pratica-se desde há bastantes anos um desproporcional valor de impostos sobre os produtos petrolíferos em Portugal e veículos automóveis novos privados e comercias. É desproporcional em relação à vizinha Espanha e em relação aos países da generalidade da Europa. Essa diferença é ainda mais notada quando a relação dos rendimentos mínimos de cada país é comparado”, lê-se.
Esta petição, com mais de 12 mil assinaturas, visa legislar “urgentemente” da igualmente de impostos para o sector dos combustíveis para com os impostos espanhóis, de forma a beneficiar de “competitividade a curto prazo”.
Outra petição, com bastante menos assinaturas (cerca de 1.200), pede a “imediata discussão da redução dos impostos no preço dos combustíveis”, notando o valor histórico de dois euros por litro no preço da gasolina atingido esta semana em Beja, “sendo mais de 50% deste valor em impostos”. Esta petição em específico critica a lei do Governo que permite a fixação de margens máximas de comercialização para os combustíveis, que também é fortemente criticada pela Autoridade da Concorrência e pela Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (Anarec).
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