O escritor português Francisco Mota Saraiva, de 36 anos, é o nome escolhido pelo júri da 13ª edição do Prémio Literário José Saramago, que teve lugar hoje, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O romance “Morramos ao menos no porto”, cujo título remete para um verso de Séneca em “Cartas a Lucílio”, conta uma história de amor, narrada na primeira pessoa, que tem por trás um acontecimento relativamente macabro. E mais não revelamos.
O agora premiado romance tem edição prevista em Portugal e no Brasil em 2025, pelo Grupo Porto Editora e Globo Livros, respetivamente, e será distribuído em todos os países da lusofonia. Adicionalmente, será atribuído ao autor da obra um prémio no valor pecuniário de 40.000 euros.
Apesar da ainda curta carreira, Francisco Mota Saraiva já tem obra publicada, mais concretamente o seu primeiro romance “Aqui onde canto e ardo”, pela Gradiva, Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, em 2023. Mas podemos falar num crescendo que ganhou elã em 2021, com a bolsa de criação literária que recebeu da Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, e, não menos importante, uma residência literária pela Fundação Eça de Queiroz, a qual lhe terá dado tempo para tirar ideias e apontamentos da gaveta, acreditamos nós.
É a segunda vez que o autor se candidata ao Prémio Literário José Saramago, a primeira na edição de 2022. “Muito daquilo que tenho feito, e estou a fazer, foi sempre na perspetiva de poder ganhar o prémio Saramago”, declara o jovem autor nesta 13ª edição do prémio, que contou com centenas de candidaturas de todos os países da lusofonia.
A obra vencedora, “Morramos ao menos no porto”, é distinguida no âmbito do modelo implementado na edição de 2022, ou seja, tendo por objetivo premiar inéditos de autores até 40 anos, oriundos de qualquer país da lusofonia, e cujo júri integra autores de referência da literatura contemporânea portuguesa: Adriana Lisboa e Paulo José Miranda, vencedores do galardão, Pilar del Río, em representação da Fundação José Saramago, Guilhermina Gomes, presidente do júri, em representação da Fundação Círculo de Leitores, e Lídia Jorge, membro honorário. Rafael Gallo, escritor nascido em São Paulo em 1981 e atualmente residente em Lisboa, vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2022, também esteve presente para passar o testemunho a Francisco Mota Saraiva.
De referir que, no elogio da obra vencedora, Adriana Lisboa destaca o facto de o livro possuir “uma qualidade quase musical” e “um estilo muito próprio, quase um idioma particular”, que constroem “um romance impiedoso” e “corajoso”.
O autor deste “romance corajoso” agora premiado nasceu em Coimbra, em 1988, é licenciado em Direito pela Universidade Nova de Lisboa, e tem um mestrado em Direito e Gestão pela Nova SBE – School of Business and Economics. Vive em Lisboa e concilia o trabalho como jurista e consultor com a escrita.
O Prémio Literário José Saramago foi instituído para celebrar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura de 1998 a José Saramago e foi pensado como instrumento para a defesa da língua através do estímulo ao surgimento de jovens escritores da lusofonia. Nas edições anteriores, além dos nomes que fizeram parte do júri desta edição, foram distinguidos os escritores Paulo José Miranda, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, Andréa del Fuego, Ondjaki, Julián Fuks, João Tordo, Bruno Vieira Amaral e Afonso Reis Cabral, distinguido em 2019, com o romance “Pão de Açúcar”.
Na edição impressa de sexta-feira 22 de novembro, o Jornal Económico publicará uma entrevista com o vencedor do Prémio Literário José Saramago 2024.
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