Nos últimos dias, veio a público um caso, ou “casinho” do Governo português, com contornos gravíssimos. João Galamba, depois de demitir o seu adjunto – situação da qual resultaram cenas inarráveis – ele próprio apresentou a demissão ao primeiro-ministro António Costa.
O primeiro-ministro, após reunir com o então Ministro demissionário e com o Presidente da República, sabendo que Marcelo Rebelo de Sousa havia defendido a saída de Galamba do Governo, em modo desafio, recusou a dita demissão. Mais um caso, que põe em causa o regular funcionamento das instituições e a credibilidade do Governo de Portugal.
Fica evidente que António Costa quis enfrentar o Presidente da República e provocar eleições antecipadas. O primeiro-ministro prefere disputar agora eleições e perder por pouco, ou ganhar por uma margem reduzida, do que prolongar o mandato e ser derrotado por uma diferença maior.
Perante o desafio do primeiro-ministro a Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República não deve dissolver a Assembleia da República. Primeiro, porque não há uma alternativa clara, que está a ser ainda construída por Luís Montenegro e pelo PPD/PSD, e por isso o cenário seria de ingovernabilidade. Segundo, porque a dissolução da Assembleia da República e consequente queda do Governo levaria ao fim da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP, sem que se ouvisse Pedro Nuno Santos, João Galamba, Fernando Medina e Hugo Mendes, entre outros, e sem apurar toda a verdade da gestão socialista de uma empresa pública, noutros tempos dita vital pelo Governo, que agora será privatizada.
Por isso, o primeiro-ministro quis jogar com o maquiavélico Marcelo Rebelo de Sousa, em jeito de ultimato. Mas senhor Presidente da República, enquanto come gelados, deixe o Governo em lume brando, e como diz Costa, que se apure a verdade, doa a quem doer e já agora, que o Governo, governe.